O avanço regulatório dos Estados Unidos sobre o mercado de ativos digitais continua pressionando o mercado de criptomoedas. Na última terça-feira (12), o CEO da Binance.US — divisão da Binance, a maior corretora de cripto (exchange) do planeta, nos EUA —, Brian Shroder, abriu mão do cargo, de acordo com reportagem da Bloomberg do mesmo dia.
Quem assumirá a posição será o diretor jurídico Norman Reed. A Binance.US foi lançada em 2019 para os clientes dos Estados Unidos com o nome oficial de BAM Trading Services. A corretora foi proibida de atuar no país em junho daquele mesmo ano, lançando a BAM como uma divisão de negociação para os clientes.
Além da saída de Shroder, a Binance.US lançou um comunicado interno informando o corte de cerca de 100 funcionários, o equivalente a um terço da sua força de trabalho.
Em suas redes sociais, o CEO da Binance, Changpeng Zhao, conhecido como CZ, vem tentando reforçar o discurso de que a corretora continua solvente.
Isso porque rumores quase permanentes nas redes sociais, em especial no X, antigo Twitter, afirmam que a corretora está mal das pernas.
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“Há muitas notícias/rumores negativos, corridas bancárias, ações judiciais, fechamento de canais fiduciários, encerramento de produtos, rotatividade de funcionários, saída de mercados, etc”, escreveu CZ na semana passada.
E continuou: “Adivinha o que não temos? Problemas de liquidez. Todas as retiradas (e depósitos) são tratadas adequadamente. Todos os fundos dos clientes são #SAFU [“seguros”, no jargão do mercado] e 100% reservados.”
Nós entramos em contato com a assessoria da Binance no Brasil para saber se as demissões afetam as operações locais, mas não recebemos resposta até a conclusão desta reportagem.
Binance e o limbo regulatório dos EUA
Verdade seja dita, os Estados Unidos não têm uma lei específica que regule o mercado de criptomoedas. Mesmo assim, a SEC, a CVM dos EUA, e a Commodity Futures Trading Commission (CFTC) mantêm em andamento processos envolvendo a Binance e CZ.
Em linhas gerais, os EUA não têm uma classificação exata do que são as criptomoedas, ou seja, se são valores mobiliários ou commodities — como atualmente são classificadas na maioria dos casos.
Ou seja, não caberia à SEC regular o setor de criptoativos e criptomoedas, e sim à CFTC. Entretanto, ambas as agências acabam legislando em cima — por vezes, com conflito — desse segmento da economia.
É diferente do que acontece no Brasil, por exemplo, que tem uma lei específica para ativos digitais e inclusive um parecer da própria CVM que trata sobre ativos mobiliários virtuais.