Com menos de 100 cotistas e um patrimônio líquido de cerca de R$ 71 milhões, o fundo imobiliário Serra Verde (SRVD11) está longe de ser um dos maiores da indústria. Mas ele tem ganhado notoriedade nas últimas semanas por estar no centro da recuperação judicial de três holdings da Gramado Parks (GPK).
O processo tem atraído a atenção do mercado pois o grupo e parte dos seus credores estão interligados por meio da holding RTSC. E o fundo SRVD11, acionista da Gramado Parks, era o elo por trás de uma dessas conexões.
O portfólio da RTSC é formado por diversas empresas do mercado financeiro, incluindo três gestoras — Devant Asset, Hectare e RCAP Asset — responsáveis por fundos imobiliários que investem em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) da Gramado Parks e a Forte Securitizadora, emissora dos títulos.
A RCAP Asset também fazia a gestão do SRVD11. Mas essa ligação entre o fundo e a holding RTSC foi cortada nesta quarta-feira (3), com a substituição da RCAP Asset pela Catalunya Gestão de Recursos na função.
A troca foi aprovada em assembleia geral extraordinária e a identidade dos investidores que propuseram a mudança não foi divulgada. Mas vale destacar que a família Caliari, fundadora da Gramado Parks, é uma das acionistas do FII e travou uma batalha com a ForteSec nos tribunais pelo controle da companhia antes da oficialização da recuperação judicial.
Além deles, outros dois fundos ligados à holding RTSC — Hectare CE (HCTR11) e Tordesilhas EI (TORD11) — detém cotas do Serra Verde.
Procuradas, RCAP Asset confirmou a saída da gestão do SRVD11. Já a Gramado Parks não retornou o contato até a publicação deste texto, que será atualizado caso a companhia envie um posicionamento.
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Fundo imobiliário revela que remarcação derrubou valor contábil da Gramado Parks em mais de 98%
No primeiro dia sob nova direção, o fundo imobiliário SRVD11 trouxe atualizações sobre a situação de seu portfólio, todo formado por projetos desenvolvidos pelo grupo GPK.
Segundo o comunicado enviado ao mercado hoje, a Gramado Parks Investimentos e Intermediações foi remarcada de acordo com as demonstrações financeiras de 2022. Com isso, o único ativo do fundo sofreu uma variação negativa de 98,65% em seu valor contábil.
Vale relembrar que o processo de recuperação judicial da companhia foi temporariamente suspenso na semana passada para que as recuperandas tentassem uma autocomposição com a Fortesec.
Segundo o Seu Dinheiro apurou, havia tratativas avançadas para que os credores chegassem a um acordo com ao menos uma das empresas do grupo incluídas na RJ. Mas o prazo limite para a interrupção terminou ontem e, por enquanto, não há a divulgação de uma nova resolução.
A decisão da Vara Regional Empresarial da Comarca de Caxias do Sul que suspendeu a recuperação previa que credores e empresa apresentassem ao administrador judicial e Ministério Público a minuta de qualquer acordo realizado na janela de negociações. Eventuais propostas só poderão ser homologadas após essa análise.
Com isso, o processo deve voltar a correr normalmente, incluindo a suspensão do pagamento a credores.