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Por que a bolsa brasileira opera em alta após os atos terroristas na Praça dos Três Poderes?

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Ao menor sinal de deterioração do cenário político, o mercado financeiro costuma seguir um roteiro clássico: diante do risco, há desvalorização dos ativos na bolsa, abertura da curva de juros e alta do dólar. 

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Mas não é isso que se vê hoje no Brasil, mesmo após as imagens que chocaram o mundo no último domingo (09), com a destruição das sedes do Legislativo, Executivo e Judiciário por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Por volta das 14h40, o Ibovespa operava em alta de 0,60%, aos 109.599 pontos, o dólar à vista se afastava das máximas e os principais contratos de DI passaram a operar nas mínimas do dia — uma reação longe do que a maior parte da população poderia esperar. 

A verdade é que o mercado financeiro já apontava ontem mesmo que a recepção aos atos terroristas poderia ser mais branda do que a expectativa do público, principalmente pela forte queda recente da bolsa e inclinação da curva de juros nas últimas semanas — frutos da desconfiança com o futuro da política fiscal do governo Lula. 

Ainda assim, os agentes esperavam  uma abertura dos negócios muito mais negativa do que a vista hoje. 

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No início da sessão, o Ibovespa chegou a operar no vermelho, mas com perdas limitadas. Não foi preciso esperar muito para que o gráfico invertesse e o principal índice da bolsa engatasse uma melhora generalizada. 

Embora alguns possam ver a reação positiva dos ativos como uma “minimização” dos atos de depredação, não parece ser essa a postura geral dos analistas. O “x” da questão parece ter sido a atuação rápida da União e do Supremo Tribunal Federal (STF) — decretando a intervenção na segurança pública do Distrito Federal e o afastamento dos responsáveis por garantir a paz na região, incluindo o próprio governador Ibaneis Rocha. 

O movimento orquestrado dos Poderes

Um gestor ouvido pela reportagem aponta que o mercado estaria muito mais preocupado com o que ocorreu se houvesse riscos de uma ruptura institucional organizada, com escalada de conflitos, mas o que se tem até aqui é “mais um choro de perdedores e um ato de desespero”, sem uma organização que imponha qualquer tipo de medo.

“Colocando em termos práticos: o Congresso, o Planalto e o STF são apenas símbolos. O mercado ficaria preocupado se tivesse havido um constrangimento às pessoas que exercem o poder e não aos prédios onde trabalham”, finaliza. 

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Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, o mercado já comprou a ideia de que "o pior já passou" e que a resposta do governo foi suficiente para estabilizar o cenário político local. 

Apesar das ações do Judiciário terem sido bem recebidas até o momento — com os Três Poderes chegando a emitir nota conjunta de repúdio aos atentados do último domingo — há quem acredite que é preciso esperar mais um pouco para eliminar as chances de que as medidas adotadas pela Suprema Corte não encontre resistência dentro do Legislativo. 

Essa, no entanto, não parece ser a leitura da maioria dos agentes do mercado. 

Com os temores de uma insurreição maior contidos, economistas e analistas devem seguir analisando os próximos passos do governo no que diz respeito à condução da política fiscal para o próximo ano — e as projeções pouco tendem a acompanhar as destruições vistas nos Palácios da República. 

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Fator China

A alta da bolsa brasileira não está sendo impulsionada apenas pela percepção menor de risco após a atuação contundente do governo federal. 

Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, aponta que se não fossem as limitações de aspecto político, o Ibovespa deveria ter forças para acompanhar a forte alta do mercado internacional. Isso porque a China iniciou o seu cronograma de reabertura da economia, derrubando limitações de fronteiras e tráfego de pessoas. 

Com a perspectiva de um aquecimento da segunda maior economia do mundo, o mercado de commodities volta a se aquecer, favorecendo amplamente o Ibovespa — uma vez que a carteira teórica do índice é cerca de 30% composta por empresas produtoras. 

O barril de petróleo do tipo brent, utilizado como referência global na aplicação de política de preços de combustíveis opera em alta de mais de 1,5%, a US$ 79,72. As bolsas na Ásia fecharam a sessão em alta, assim como os seus pares europeus. 

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*Colaboração: Victor Aguiar

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