As incertezas sobre a economia da China colocam mais uma vez os investidores internacionais na defensiva. Aqui na B3, o principal termômetro desse sentimento são as ações da Vale (VALE3), que tem o gigante asiático como principal destino de seu minério de ferro.
O motivo da aversão ao risco vem de um novo desdobramento da crise imobiliária na China
Ontem (24), a problemática Evergrande informou que está impossibilitada de emitir novos títulos, em mais um desdobramento da crise de liquidez enfrentada pelo grupo chinês.
Anteriormente, a empresa já havia anunciado o cancelamento de um programa de reestruturação da dívida.
Além disso, os ex-CEO e CFO da Evergrande, que renunciaram aos cargos em julho de 2022, viraram alvo de investigação por envolvimento em um escândalo de depósitos bancários, segundo a agência Caixin Global.
As preocupações com a incorporadora refletiram no desempenho do minério de ferro. A commodity fechou em queda de 2,03% em Dalian, com a tonelada a US$ 115,70.
A queda do minério pressionou as ações da Vale (VALE3), que encerraram o dia em queda de 2,06%, a R$ 66,60. No ano, os papéis da mineradora recuam quase de 22%. Acompanhe a cobertura de mercados.
Vale ressaltar que o recuo das ações da Vale (VALE3) reflete diretamente no desempenho do Ibovespa, já que a mineradora representa 14,84% da carteira do índice.
O que a Vale (VALE3) tem a ver com Evergrande?
O mercado imobiliário na China é um dos principais impulsionadores da economia local, ou seja, uma desaceleração do setor impacta diretamente no crescimento do gigante asiático.
Em uma simples comparação, o setor de construção na China tem uma relevância semelhante ao setor agropecuário na economia brasileira. Sendo assim, é um dos principais consumidores de aço no mundo.
O Brasil, por sua vez, é um dos maiores exportadores mundiais de minério de ferro para as siderúrgicas chinesas: cerca de 30% das exportações do país têm a China como destino final.
Ou seja, com a desaceleração do setor imobiliário chinês, a demanda por minério de ferro cai e as exportações do Brasil ao gigante asiático, em consequência, diminuem – afetando as companhias ligadas a commodities metálicas, como a Vale (VALE3).
Crise na Evergrande
A Evergrande está no centro de uma crise no mercado imobiliário que ameaça a segunda maior economia do mundo.
Os problemas começaram em 2020, quando o governo chinês implementou novas regras para controlar a quantidade de dinheiro que as grandes empresas imobiliárias poderiam tomar emprestado.
A Evergrande, que já foi a maior incorporadora da China em vendas, acumulou dívidas de mais de US$ 300 bilhões ao se expandir agressivamente para se tornar uma das maiores empresas do país.
A empresa perdeu um prazo crucial em 2021, pois não conseguiu pagar os juros de cerca de US$ 1,2 bilhão em empréstimos internacionais.
Em agosto deste ano, a incorporadora apresentou um pedido de proteção contra falência, o Chapter 15, em um tribunal de Nova York.
O chamado Capítulo 15 protege os ativos norte-americanos de uma empresa estrangeira enquanto essa companhia trabalha na reestruturação das suas dívidas.