Faltando pouco mais de três meses para o ano acabar, a XP recomenda uma dose extra de risco para quem investe em ações — ainda que não haja muito espaço para a queda do juro e com as questões fiscais e políticas no radar, a corretora enxerga boas oportunidades.
Em agosto, o rali da bolsa não foi sustentado por ações de valor, mas sim papéis de crescimento, com a inflação começando a mostrar sinais de desaceleração e expectativas de uma política monetária mais branda.
Como resultado, as taxas de juros de longo prazo no Brasil e nos EUA sofreram uma correção, o que beneficiou diretamente as ações com maior parte de seu valor no futuro, que são sensíveis a mudanças na curva de juros, segundo a XP.
As ações queridinhas da XP
Nesse momento de bastante incerteza, a XP opta por companhias mais resilientes, que tenham dinâmicas de crescimento menos correlacionadas com o ambiente macroeconômico, como Vamos (VAMO3) e Weg (WEGE3).
No quesito qualidade a preços razoáveis, a corretora enxerga várias ações negociadas a múltiplos atrativos, com perspectivas positivas de crescimento. Nesse grupo, destacam-se varejistas como Assaí (ASAI3), Grupo Mateus (GMAT3) e Grupo Soma (SOMA3).
A XP também continua otimista com empresas de energia, principalmente no segmento de petróleo e gás. As principais escolhas para investir nesse setor são Petrobras (PETR4) e 3R (RRRP3).
A corretora recomenda ainda a redução da exposição a estatais seguindo a possibilidade de um aumento de riscos políticos, como Banco do Brasil (BBAS3), embora essa continue sendo uma ação favorita do setor financeiro.
As recomendações da XP por setor
A XP elegeu as ações queridinhas para o final de 2022, com base em empresas com qualidade, baixo risco e valor. Confira abaixo as eleitas da corretora por setor.
- Agronegócio: apesar das estimativas de margens menores para a safra 2022/2023, a corretora projeta um forte crescimento nos próximos anos para os players de tecnologia e varejistas agrícolas. No setor de açúcar e álcool, a escolhida é a Jalles Machado (JALL3); entre os grãos, a ação favorita é BrasilAgro (AGRO3).
- Alimentos: para as empresas de bens de consumo básicos, a XP espera um bom momento para os resultados devido ao alívio nos preços das commodities, que se traduzirá em margens mais altas. Nesse cenário, beneficiam-se JBS (JBSS3) e Camil (CAML3).
- Bebidas: o alívio nos preços das commodities, os preços abaixo da inflação nos últimos dois anos e a Copa do Mundo devem impulsionar o setor, com destaque para as ações da AmBev (ABEV3).
- Bens de capital: as empresas de bens de capital continuam impactadas por gargalos relacionados à cadeia de suprimentos e escassez de componentes, embora os sinais de normalização comecem a aparecer. Entre as preferidas da XP nesse cenário estão WEG (WEGE3), Tupy (TUPY3) e Embraer (EMBR3).
- Construtoras: do lado das construtoras de baixa renda, uma combinação positiva das atualizações do programa Casa Verde Amarela (CVA) e a demanda ainda sólida beneficiam o segmento. Para as empresas de média e alta renda, a visão da XP é neutra. As principais escolhas são Cury (CURY3) e Direcional (DIRR3).
- Educação: a XP tem uma visão cautelosa em relação ao setor, considerando os cenários micro e macro mais difíceis. A preferida é a Cruzeiro do Sul (CSED3).
- Energia elétrica: apesar do desempenho acima da média de grande parte das companhias em 2022, a corretora continua otimista com as empresas do setor elétrico. Nesse momento, as empresas com baixos riscos operacionais, balanços saudáveis, perspectivas de crescimento claras e risco-retorno assimétrico são as preferidas. Omega Energia (MEGA3), Auren (AURE3) e Equatorial (EQTL3) estão nesse grupo.
- Mineração e siderurgia: O setor vive um momento de desorganização da cadeia mundial de metais, preços elevados de combustíveis e energia e dúvidas quanto às expectativas da demanda por causa da China. Apesar destes fatores, a XP recomenda Vale (VALE3) e CBA (CBAV3).
- Papel e celulose: o setor tem surfado uma tendência mais positiva de preços de celulose nos últimos trimestres, principalmente devido às crescentes restrições de oferta e gargalos logísticos. Nesse contexto, a Klabin (KLBN11) é a escolhida pela resiliência do modelo de negócios diversificado e assimetria do valor nos preços atuais.
- Saneamento: o cenário eleitoral deve provocar volatilidade no curto prazo, especialmente para os players públicos. Do lado de resíduos sólidos, o semestre deve ser mais forte, impactado pela venda de créditos de carbono do ano. A escolhida é a Orizon (ORVR3).
- Saúde: os prestadores de serviços de saúde passaram por um período com desempenho operacional historicamente fraco, causado principalmente pela pandemia de covid-19. A expectativa da XP para o médio prazo é positiva, com as companhias fortalecendo portfólios de produtos e extraindo crescimento dos atuais. Blau (BLAU3) é a favorita do segmento.
- Shoppings e propriedades comerciais: o setor de shoppings deve seguir em recuperação, baseada na combinação de desempenho resiliente de vendas e a progressiva redução de descontos, mantendo níveis saudáveis de inadimplência. Multiplan (MULT3) e Iguatemi (IGTI11) são as queridinhas da XP.
- Tecnologia: a XP recomenda exposição às companhias de tech brasileira na bolsa, apesar da volatilidade de alguns papeis no curto prazo. Bemobi (BMOB3) e TOTVS (TOTS3) são as principais escolhas.
- Telecomunicações: a visão positiva para o segmento é suportada por uma forte dinâmica de crescimento, além de execução operacional e sólida rentabilidade. Unifique (FIQE3) e TIM (TIMS3) são as favoritas da corretora.
- Transportes: a XP recomenda nomes com uma microdinâmica positiva, que deve ajudar a evitar potencial volatilidade em um cenário macro ainda desafiador. Nesse grupo, Vamos (VAMO3) e Rumo (RAIL3) são as preferidas.