Entenda como o governo quer reduzir o preço dos combustíveis baixando impostos — e por que pode dar tudo errado
Mesmo se os subsídios anunciados anteontem forem aplicados integralmente, o preço dos combustíveis na bomba pode ficar acima dos valores atuais

A alta constante dos preços dos combustíveis pesa no bolso dos brasileiros, alimenta o dragão da inflação e encurrala o presidente Jair Bolsonaro.
A pouco mais de três meses das eleições, pesquisas de intenção de voto sinalizam a possibilidade de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já no primeiro turno.
Um dos principais motivos citados pelos entrevistados que não desejam a reeleição de Bolsonaro é a situação econômica atual, principalmente a alta dos preços, que tem nos combustíveis um de seus principais propulsores.
Depois de não conseguir baixar os preços no grito — e sob pressão dos aliados —, Bolsonaro decidiu cortar impostos na tentativa de estancar a perda de popularidade às vésperas da eleição.
A medida, contudo, traz consigo uma série de efeitos colaterais, e ainda pode não alcançar o resultado desejado. Ou seja, mesmo se os subsídios anunciados anteontem forem aplicados integralmente, o preço dos combustíveis na bomba pode ficar acima dos valores atuais. Entenda a seguir o que está em jogo:
O que o governo propõe para baixar preço dos combustíveis
A mais recente cartada do governo é uma proposta para zerar os impostos federais sobre a gasolina e o gás de cozinha. Lembrando que a alíquota dos tributos como a PIS/Cofins para o diesel já foi zerada no ano passado.
Leia Também
Horário de verão em 2025? Governo Lula toma decisão inapelável
Paralelamente, corre no Congresso um projeto de lei complementar (PLP 18) para estabelecer um teto de 17% para o ICMS cobrado pelos Estados sobre os preços de gasolina, diesel, energia, telecomunicações, gás e transporte urbano.
Os Estados negociam com os senadores para que a redução das alíquotas seja temporária.
Adicionalmente, o governo federal propõe compensar os Estados por qualquer porcentual abaixo dos 17% previstos pelo PLP 18.
Ao mesmo tempo, o governo pressiona os Estados a reduzirem a zero, até dezembro, a alíquota sobre o diesel e o gás de cozinha, garantindo a compensação de até R$ 25,7 bilhões. Em contrapartida, o governo reduziria a zero os tributos federais da gasolina e do etanol.
Entretanto, embora o governo afirme ser possível baixar consideravelmente o preço dos combustíveis por meio do corte de impostos, há mais fatores entre o petróleo extraído pela Petrobras e o preço pago nas bombas de combustível do que imaginam os políticos.
A conta não fecha
A tentativa de interferência na prerrogativa dos Estados de estabelecerem a alíquota de ICMS indispõe o Palácio do Planalto com os governadores.
Pelo pacto federativo em vigor, a arrecadação dos Estados depende demasiadamente do ICMS.
As alíquotas variam de um Estado para outro, mas em alguns casos o ICMS sobre combustíveis supera 20%.
Sem uma compensação da perda das receitas, os governadores dividem-se entre arcar com o custo financeiro ou com o custo político da situação. Quando não com ambos.
Mas não são apenas os governadores que reclamam. Os prefeitos também temem as perdas derivadas da imposição de um teto para o ICMS, uma vez que parte da arrecadação é repassada aos municípios.
Segundo eles, a compensação de até R$ 25,7 bilhões seria insuficiente, uma vez que as perdas totais com o pacote — incluindo o que está em discussão no Congresso — são calculadas em R$ 115 bilhões.
Rombo fiscal para subsidiar combustíveis preocupa o mercado
A ausência de estimativas claras para o subsídio azedou o humor dos participantes dos mercados financeiros.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, lançou uma estimativa vaga do custo do subsídio. Segundo ele, poderia variar de R$ 25 bilhões a R$ 50 milhões. Também não está claro de onde virá o dinheiro.
Diante disso, o dólar subiu com força ontem e as taxas de juros futuros dispararam diante da incerteza provocada pela proposta.
No momento, boa parte do mercado considera a proposta do governo um blefe para desviar a atenção das mudanças realizadas na Petrobras e tentar ganhar simpatia do eleitorado. Caso as pesquisas não mostrem reação, entretanto, o risco de o governo insistir na proposta alimenta preocupação.
Para Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, ainda que os Estados cedam à proposta do governo, a medida está longe de resolver os problemas inflacionários dos combustíveis.
Preços praticados pela Petrobras estão defasados
Isso porque há uma defasagem considerável entre o preço do petróleo no mercado internacional e os reajustes promovidos pela Petrobras.
De acordo com estimativas do banco BTG Pactual, a Petrobras cobra hoje pela gasolina um valor 31% menor do que o das cotações internacionais do petróleo. No caso do diesel, a defasagem está em 14%.
Com isso, mesmo que os subsídios anunciados anteontem em algum momento levem a uma queda nos preços nas bombas, é possível que o impacto seja anulado se a Petrobras resolver cobrir a desafasagem na paridade internacional.
Décio Padilha, presidente do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados (Comsefaz), descarta que a queda dos tributos seja suficiente para baixar os preços.
"Se zerar o ICMS, não resolve em nada o problema da escalada do preço", disse. "Qualquer aumento que tenha do diesel, como a defasagem está em 10%, já consome todo o peso do ICMS."
Em suma, o governo segue dependendo da Petrobras para a medida ter de fato algum efeito.
Problemas futuros
O fato de o corte de impostos parecer inócuo é preocupante, principalmente por comprometer ainda mais a saúde das contas públicas.
Na análise de Carla Argenta, a arrecadação mais alta dos Estados nos últimos meses deriva em grande parte de uma inflação mais elevada.
Além disso, ela observa que o Estado abrir mão da receita com objetivos políticos e um método de compensação questionável pode trazer problemas ainda maiores para Bolsonaro caso ele seja reeleito.
- GOSTOU DESTE CONTEÚDO? Tenha acesso a ideias de investimento para sair do lugar comum, multiplicar e proteger o patrimônio.
Grupo SBF (SBFG3) está ‘subavaliado e ignorado’? Bradesco BBI vê potencial de 45% para a ação da dona da Centauro
Os analistas acreditam que os preços atuais não refletem a maior visibilidade do crescimento do lucro da empresa
Não é cidade nem campo: o lugar com maior taxa de ocupação de trabalhadores do Brasil é um paraíso litorâneo
Entre os 5.570 municípios do país, apenas um superou a taxa de ocupação 80% da população no Censo 2022. Veja onde fica esse paraíso.
CNH sem autoescola: Governo divulga o passo a passo para obter a habilitação
Governo detalha o novo passo a passo para tirar a CNH sem autoescola obrigatória: EAD liberado, instrutor credenciado e promessa de custo até 80% menor
Pix Automático: está no ar a funcionalidade que pretende tornar mais simples o pagamento das contas do mês
Nova funcionalidade do Pix, desenvolvido pelo Banco Central, torna o pagamento de contas recorrentes automático entre bancos diferentes
Ele foi internado em clínicas psiquiátricas e recebeu até eletrochoques, mas nada disso o impediu de chegar ao Nobel de Economia
Diagnosticado com esquizofrenia paranoide, o criador do “equilíbrio de Nash” superou o isolamento e voltou à razão para, enfim, receber o Nobel.
Agenda da semana tem reunião do FMI, IBC-Br no Brasil, Livro Bege e temporada de balanços nos EUA; confira os destaques dos próximos dias
Em meio à segunda semana de shutdown nos EUA, a agenda econômica também conta com o relatório mensal da Opep, balança comercial do Reino Unido, da Zona do Euro e da China, enquanto o Japão curte um feriado nacional
Ressaca pós-prêmio: loterias da Caixa voltam à cena hoje — e o maior prêmio da noite não está na Lotofácil nem na Quina
Quase todas as loterias da Caixa tiveram ganhadores em sorteios recentes. Com isso, o maior prêmio em jogo nesta segunda-feira está em uma modalidade que não costuma ganhar os holofotes.
Como as brigas de Trump fizeram o Brasil virar uma superpotência da soja, segundo a Economist
Enquanto os produtores de soja nos Estados Unidos estão “miseráveis”, com a China se recusando a comprar deles devido às tarifas de Trump, os agricultores brasileiros estão eufóricos
‘Marota’, contraditória e catastrófica: o que o ex-BC Arminio Fraga acha da política de isenção de IR para alguns investimentos
Em artigo publicado no jornal “O Globo” deste domingo (12), o economista defende o fim do benefício fiscal para títulos como LCI, LCA e debêntures
Município com mais ricos, BlueBank à venda e FII do mês: o que bombou no Seu Dinheiro na semana
Veja quais foram as matérias de maior audiência na última semana
Mega-Sena acumula, mas Espírito Santo ganha novos milionários com a +Milionária e a Lotofácil; confira os resultados
Duas apostas iguais feitas na pequena Santa Maria de Jetiba, cidade de pouco mais de 40 mil habitantes no interior do Espírito Santo, levaram mais de R$ 86 milhões cada uma
Será que é hoje? Mega-Sena tem prêmio estimado em R$ 27 milhões neste sábado (11), mas outros sorteios podem pagar ainda mais
Apostadores também têm outras chances de ficarem milionários com os sorteios de hoje; apostas estão abertas até as 19h nas lotéricas, no site e também no aplicativo Loterias Caixa
Felizardo do Rio de Janeiro acerta cinco dezenas da Quina e leva R$ 33 milhões para casa; veja outros resultados dos últimos sorteios
Também tem milionário novo no pedação em São José dos Pinhais, no Paraná, onde um apostador acertou as dezenas da Dupla Sena
Esse paraíso dos ricos e bilionários já pertenceu ao Brasil e está mais próximo do que você pensa
O país vizinho ao Brasil combina incentivos fiscais e qualidade de vida, atraindo cada vez mais bilionários.
Hora de comprar uma casa própria? Caixa voltará a financiar 80% do valor dos imóveis
Antes do anúncio do novo modelo de crédito imobiliário, limite de financiamento era 70%
Mais crédito imobiliário à vista: Governo lança novo modelo de financiamento para famílias com renda acima de R$ 12 mil
Projeto muda regras da poupança que “travavam” parte dos depósitos no Banco Central e deve liberar mais recursos para o financiamento imobiliário
Como um dos maiores pacifistas de todos os tempos tornou-se a grande omissão da história do Nobel da Paz
O líder da não-violência e da resistência pacífica foi indicado cinco vezes ao Nobel da Paz, mas o comitê hesitou
Loterias acumuladas: Mega-Sena, Lotofácil e Quina deixam apostadores a ver navios, mas inflam prêmios
Acumulada há 14 concursos, a Quina ainda está pagando mais do que a Mega-Sena; Lotofácil não paga prêmio principal pela primeira vez em outubro; veja também as loterias programadas para hoje
Brasil x Coreia do Sul: Onde assistir e horário
Confira onde e quando assistir ao amistoso entre Brasil x Coreia do Sul, que faz parte da preparação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2026
Não está em SP nem no Rio: Município com maior concentração de ricos do Brasil tem renda superior a R$ 6 mil
Cidade mineira conta com a maior concentração de ricos do país e lidera o ranking de municípios com as maiores rendas do Brasil; veja o que impulsiona a economia da cidade