Enquanto boa parte do mercado se prepara para um corte na Selic, a taxa básica de juros, em meados de 2023, o escritor Roberto Dumas Damas faz um alerta. Dependendo da política econômica do próximo governo, a Selic pode subir para além dos 13,75% onde se encontra hoje.
O alerta foi dado durante o episódio #15 do Market Makers, gravado na segunda-feira (3) pós-primeiro turno das eleições. Ao lado de Damas, também participou da entrevista o sócio fundador e CIO da RPS Capital, Paolo Di Sora.
Sem mencionar os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro pelo nome, Dumas afirmou que um dos principais riscos seria “abrir as portas da esperança” da Caixa, do Banco do Brasil e do BNDES, ou seja, a concessão desenfreada de crédito à população.
O efeito seria sentido, principalmente, nos índices de desemprego, que poderiam cair rápido demais.
“Precisa tomar cuidado porque a taxa de desemprego está em 8,9%. E o desemprego ‘natural’ do Brasil é entre 8,2 e 8,5%”, afirmou.
Caso o desemprego caia em ritmo acelerado, existe risco de superaquecimento da economia e da inflação, que teria de ser contida com ainda mais juros.
Você pode conferir o episódio na íntegra logo abaixo:
E o fiscal?
Dumas também se preocupa com a falta de um arcabouço fiscal de um eventual governo Lula, uma vez que a principal promessa do petista nesse campo é acabar com o teto de gastos.
Ao mesmo tempo, segundo Dumas, a proposta do ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes, de uma banda de flutuação de dívida/PIB deixa um buraco grande no orçamento.
Já a análise de Di Sora leva em consideração o fato de que o Congresso que se elegeu agora, uma centro-direita, pode limitar uma agenda esquerdista do ex-presidente Lula.
“A gente tem um Congresso claramente de centro-direita bastante hostil para políticas muito populistas. Se Lula for eleito, vai ter que andar num corredor muito mais estreito”, afirmou.
Também dá para assistir ao podcast no YouTube:
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