Inflação alta, elevação dos preços, aumento dos juros e perda do poder de compra. Esse é o cenário que os trabalhadores enfrentam no Brasil e também no mundo inteiro.
As grandes empresas também estão sentindo a piora do cenário macroeconômico com a redução dos lucros e a necessidade de uma reestruturação financeira e organizacional, que afeta a folha de pagamento, resultando muitas vezes em cortes do quadro de funcionários.
Mas, nisso tudo, existem pessoas que não foram afetadas: os CEOs, ou seja, o executivo com cargo mais alto no escalão das companhias.
Considerando as empresas mais valiosas do mundo listadas no S&P 500 — principal índice da bolsa de valores americana —, a remuneração dos CEOs equivale a 324 vezes o salário médio de seus colaboradores.
Enquanto os salários dos trabalhadores caíram 2,4% em 2021, após o ajuste da inflação, as remunerações dos executivos aumentaram 18,2%, em comparação com o ano anterior, segundo o relatório anual Executive Paywatch Report, divulgado nesta segunda-feira (18) pela AFL-CIO.
A lista de empresas que fazem parte do estudo inclui gigantes como Amazon, Meta (Facebook), Apple e Netflix.
Em geral, os executivos das empresas que fazem parte do S&P 500 ganharam US$ 540 mil a mais por ano na última década. Já os trabalhadores tiveram um aumento salarial de US$ 1,3 mil ano a ano.
CEOs mais bem pagos do mundo
Os executivos mais bem pagos do mundo têm salários anuais superiores a US$ 57 milhões. Confira a seguir:
CEO | Salário (por ano em dólares) | Empresa |
Peter Kern | $ 296.247.749 | Grupo Expedia, Inc. |
Andy Jassy | $ 212.701.169 | Amazon, Inc. |
Patrick Gelsinger | $ 178.590.400 | Intel Corporation |
William McDermott | $ 165.802.037 | ServiceNow, Inc. |
Timothy Cook | $ 98.734.394 | Apple Inc. |
Jamie Dimon | $ 84.428.145 | JPMorgan Chase & Co. |
Fabrizio Freda | $ 65.996.985 | Estée Lauder Companies, Inc. |
Jay Snowden | $ 65.887.214 | Penn National Gaming, Inc. |
Hock Tan | $60,703,627 | Broadcom Inc. |
Ronald Clarke | $57,923,473 | FLEETCOR Technologies, Inc. |
Em maio, o bônus do CEO do JP Morgan, Jamie Dimon, foi pauta de votação dos acionistas. Na ocasião, a ideia era premiar o executivo, que está no comando há 17 anos, com o valor de US$ 52 milhões, em ações, a fim de que ele permanecesse no cargo até 2026 — a proposta foi reprovada.
Além disso, entre as 10 empresas que pagam mais para os executivos, duas chamam atenção por um motivo: a disparidade dos salários entre CEOs e trabalhadores.
A Amazon é a empresa com a maior diferença. A remuneração do executivo é 6.474 vezes maior que o valor médio pago aos funcionários, de US$ 32.855 por ano.
Em segundo lugar está o grupo de tecnologia Expedia, em que o CEO ganha 2.897 vezes mais, seguido pela rede de restaurantes McDonald’s, que paga cerca de 2.251 vezes o salário de um trabalhador, que tem média salarial de US$ 8.897 por ano, para o executivo.
Executivos mais bem pagos do Brasil
No Brasil, o principal índice da bolsa de valores é o Ibovespa, que reúne pouco mais de 90 empresas.
A partir de dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que foram compilados pelo especialista em governança executiva Renato Chaves, as remunerações das 10 empresas que possuem os CEOs mais bem pagos superam R$ 24 milhões por ano, com base em dados de 2021 divulgados pelas companhias.
O CEO mais bem pago da lista é Sergio Rial, do banco Santander Brasil. Em seguida vem o executivo da Vale, Eduardo Bartolomeo, e do banco Itaú, Milton Maluhy.
Confira a seguir as 10 primeiras colocações:
CEO | Salário (por ano) | Empresa |
Sergio Rial | R$ 59 milhões | Santander |
Eduardo Bartolomeo | R$ 55,1 milhões | Vale |
Milton Maluhy Filho | R$ 52,9 milhões | Itaú Unibanco |
Pedro Zinner | R$ 52,7 milhões | Eneva |
Gilberto Tomazoni | R$ 52,6 milhões | JBS |
Bruno Lasansky | R$ 29,7 milhões | Localiza |
Octavio de Lazari Júnior | R$ 29,3 milhões | Bradesco |
Luis Henrique Guimarães | R$ 27,6 milhões | Cosan |
Paulo Moll | R$ 27,2 milhões | Rede D’Or |
Roberto Simões | R$ 24 milhões | Braskem |
O destaque vai para a empresa de energia Eneva, que aumentou a remuneração do CEO em 195% em comparação com o ano anterior, 2020. No mesmo período, as ações da empresa de energia tiveram queda de 12,5%.
*Com informações de Fast Company e Forbes Brasil