Shen Xue, patinador chinês aposentado e campeão olímpico de 2010, apareceu na televisão local em dezembro de 2020 como a primeira pessoa a usar o yuan digital, a criptomoeda do Banco Central da China, para comprar um bilhete de metrô em Pequim.
Quase dois anos se passaram daquela campanha da China para promover sua moeda digital oficial durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim 2022 e o yuan digital já está sendo usado para fazer 2 milhões de yuans (US$ 316.000) ou mais em pagamentos por dia, segundo o diretor-geral do PBoC Digital Currency Research Institute, Mu Changchun.
O valor relatado é uma contribuição significativa para o lançamento da moeda digital do banco central (CBDC, na sigla em inglês) na China. A CBDC chinesa foi lançada em abril de 2020 e até novembro de 2021, os volumes totais de transações em yuan digital atingiram US$ 13 bilhões.
“Tenho uma ideia aproximada de que existem vários ou alguns milhões de yuans digitais de pagamentos todos os dias, mas ainda não tenho números exatos”, disse Mu, acrescentando que ainda não houve detalhamento do número de transações feitas por cidadãos chineses e participantes estrangeiros.
Caixas eletrônicos por todo lado
Relatórios recentes do Banco Popular da China (PBoC) - o banco central do país -, mostram que os participantes, visitantes e organizadores dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 podem gastar mais de US$ 300.000 em yuan digital todos os dias.
Para ampliar o uso de sua moeda digital, o PBoC autorizou que o Banco da China, controlado pelo governo, instalasse vários caixas eletrônicos especiais em alguns locais centrais dos jogos. Com isso, os estrangeiros podem converter seu dinheiro em e-CNY ou cédulas normais de yuans.
Segundo Mu, os usuários estrangeiros tendem a usar mais as carteiras de hardware, referindo-se aos cartões de pagamento e-CNY, que parecem cartões de crédito sem o chip e a tarja magnética normais.
Yuan digital e as preocupações de segurança
A disponibilidade do yuan digital desencadeou algumas preocupações sobre segurança cibernética e privacidade da comunidade global, com alguns senadores dos Estados Unidos supostamente vendo o yuan digital como uma “ameaça à segurança para usuários individuais”.
No final do ano passado, o chefe de espionagem britânico Jeremy Fleming argumentou que o uso da CBDC poderia permitir a Pequim monitorar usuários e controlar transações globais, apesar de apresentar uma grande oportunidade para democratizar os sistemas de pagamento.
Yuan digital livre, mas criptomoedas presas
Pioneiro no desenvolvimento de CBDC, o banco central da China apresentou pela primeira vez o yuan digital em 2014, enquanto seus pares ainda estavam avaliando os benefícios das moedas virtuais.
Já para as outras criptomoedas, a China não é tão desbravadora assim. O país adotou uma postura extremamente anticriptomoeda, com o governo banindo todas as transações em setembro de 2021 sob o alegação de preocupação com a estabilidade financeiras e crimes.
De acordo com os relatórios mais recentes, até 2 milhões de dispositivos de mineração de criptomoedas estão presos no antigo centro de mineração da China, localizado na província de Sichuan.
*Com informações da Cointelegraph e da Reuters