O que a maior parte dos gestores tem falado nos últimos tempos é que a bolsa está barata. Mas será que agora é o momento de se arriscar no investimento em ações? Para dois gestores de fundos long biased, a resposta é sim.
No episódio #13 do Market Makers, os convidados Cassio Bruno, da Moat Capital, e Gustavo Salomão, da Norte Asset, conversaram com os apresentadores, Thiago Salomão e Renato Santiago sobre como os cenários macroeconômicos influenciam na hora de escolher as ações para se investir.
O gancho para esse tema foi, por acaso, uma camiseta usada por Salomão (o apresentador) com a estampa do Lehman Brothers, um banco cuja falência marcou a crise global de 2008.
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Depois de compartilharem suas movimentações e impressões na época da quebra do banco americano, os convidados partiram para uma análise do cenário atual e o que pode vir por aí.
Do macro ao micro, o estágio atual do ciclo de juros no Brasil, comparado com os Estados Unidos e a Europa, favorece o investimento na bolsa local.
Isto acontece porque o Brasil parece ter chegado ao pico da taxa de juros, o que significa que só haverá espaço, num futuro próximo, para um corte das taxas. E, ao mesmo tempo, nos EUA e na Europa o ciclo de apertos monetários ainda está no começo.
Dessa forma, os gestores defendem uma posição vendida nas bolsas americanas e comprada na bolsa brasileira.
“Se esperar para investir em abril ou maio [de 2023], quando os juros estiverem baixando, você estará investindo num nível de bolsa muito acima do que está agora. Está num momento propício para se investir em bolsa no Brasil”, afirmou Salomão, da Norte.
Risco político na bolsa?
A avaliação positiva do mercado de capitais brasileiro se dá sem muito juízo de valor quanto a quem será o próximo presidente do Brasil.
Apesar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderar com alguma folga as pesquisas de intenção de voto, os gestores avaliam também a possibilidade do presidente Jair Bolsonaro (PL) se reeleger.
Na visão de Cássio, da Moat, o mercado tem expectativas de que Lula tenha uma postura pragmática, uma vez que assuma o comando do País.
“Um Lula racional é uma porrada para o Brasil”, disse o gestor.
Ao mesmo tempo, a continuidade da política econômica do atual governo é vista com bons olhos pelos gestores.
“Bolsonaro é a continuidade do que está, do ponto de vista econômico, funcionando muito bem”, ressaltou Salomão.