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NY desanda após fala de Powell, mas Ibovespa ainda consegue fechar em alta de quase 1%; dólar sobe na reta final

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O bom humor nos mercados era tanto nesta quarta-feira (26) que nem parecia dia de decisão de juros pelo Federal Reserve, o banco central americano.

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As bolsas americanas e europeias operavam em alta, ainda em clima de recuperação das perdas do início da semana, e o Ibovespa subia mais de 1,5%, ainda puxado pela entrada de capital estrangeiro na bolsa brasileira.

Logo após a divulgação da decisão de política monetária do Fed, os índices americanos e o Ibovespa aceleraram os ganhos. Em Wall Street, o Nasdaq chegou a subir mais de 3% no melhor momento do dia; por aqui, o principal índice da B3 subiu 2,26%, na máxima.

No entanto, o tradicional discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, após a decisão azedou o clima lá fora e fez a bolsa brasileira reduzir bastante os ganhos.

Inicialmente, a decisão do banco central americano foi considerada até menos dura que o esperado. O Fed manteve os juros básicos (taxa dos Fed Funds) inalterados entre 0% e 0,25% em decisão unânime, conforme as expectativas do mercado.

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Num primeiro momento, a autoridade monetária não se comprometeu com uma alta das taxas já na próxima reunião, em março, como esperava o mercado, indicando apenas que os juros deveriam começar a subir "em breve".

Também sinalizou que o encerramento da compra de ativos (tapering) deverá ocorrer no início de março, conforme o previsto pelo mercado.

Já em relação ao início da redução do balanço, com a venda dos títulos de volta ao mercado, a instituição também não se comprometeu com data, dizendo apenas que deveria ser feita "ao longo do tempo e de forma previsível", indicando que só deveria começar após o início do aumento dos juros.

Durante sua coletiva de imprensa, porém, Jerome Powell manifestou grande preocupação quanto à inflação e disse que "foco está sobre a alta de juros em março, se as condições forem apropriadas", indicando que o aumento nas taxas deve mesmo começar na próxima reunião.

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O presidente do Fed também disse que "há muito espaço para elevar os juros sem afetar o mercado de trabalho", mas que não é possível destacar agora o ritmo de alta nas taxas.

Essas falas já foram interpretadas pelo mercado como hawkish, isto é, duras contra a inflação, indicando um aperto monetário duro. Isso levou as bolsas americanas a virarem o sinal e passarem a cair. O Dow Jones fechou em baixa de 0,38%, o S&P 500 teve queda de 0,15%, e o Nasdaq conseguiu se manter próximo do zero a zero, subindo 0,02%.

Já o Ibovespa desacelerou os ganhos, perdeu os 112 mil pontos conquistados mais cedo, e fechou com uma alta de 0,98%, aos 111.289 pontos.

O dólar à vista, que caía ante o real e aprofundou as perdas logo após a divulgação da decisão do Fed, virou para alta e fechou com valorização de 0,11%, a R$ 5,4411. A moeda americana se fortaleceu globalmente, mesmo em relação a outras moedas fortes, acompanhando a alta dos juros dos Treasuries, os títulos do Tesouro americano.

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Por aqui, os juros futuros fecharam com sinais mistos antes da coletiva de Powell. As taxas mais curtas subiram hoje, com a divulgação de um IPCA-15 acima do esperado, mas as mais longas terminaram a sessão regular em queda.

Na sessão estendida, porém, os contratos de DI se ajustaram ao avanço dos juros americanos e fecharam com altas mais robustas em todos os prazos. Veja o fechamento dos principais vencimentos:

Preocupação com a inflação

Os investidores ficaram em alerta diante das declarações de Jerome Powell na sua entrevista coletiva após o anúncio das decisões de política monetária, indicado que o Fed anda bastante preocupado com a inflação, notadamente com os problemas nas cadeias de produção e abastecimento.

Powell disse que a inflação está com um desempenho pior que o esperado no momento e que há risco de que ela seja mais persistente que o esperado. Ele também disse estar inclinado a subir sua previsão para o núcleo da inflação medida pelo PCE em 2022, índice de inflação ao consumidor utilizado como referência para a política monetária do Fed.

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O presidente do banco central americano manifestou preocupação quanto aos riscos das cadeias de abastecimento internacionais e às tensões entre Ucrânia e Rússia, que também podem pesar sobre a oferta de bens essenciais, como combustíveis e alimentos.

Powell não deu detalhes quanto à redução de balanço do Fed, mas disse que a autoridade monetária se moverá mais rápido nesse sentido do que na última vez, e que deve haver ao menos mais duas reuniões para discuti-la.

Rússia vs. Ucrânia

Hoje as bolsas europeias, que fecharam antes da divulgação da decisão do Fed, tiveram um dia bastante positivo, ainda numa toada de recuperação do tombo de segunda-feira. O índice Stoxx-600, que reúne as principais empresas do continente, fechou em alta de 1,68%.

No entanto, as tensões na fronteira da Ucrânia com a Rússia permanecem no radar dos investidores.

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A Rússia afirmou que tomará “medidas de retaliação” caso os EUA e aliados continuem com a política de sanções “agressivas”. Há uma preocupação do Ocidente com a possibilidade de Moscou ordenar uma invasão russa à Ucrânia, principal rota de fornecimento de gás natural para a Europa. 

Os integrantes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) estão preocupados porque o Kremlin reuniu cerca de 100 mil soldados perto da fronteira com o território ucraniano e realizou uma série de exercícios militares na região. 

IPCA-15: acima do esperado

Mais cedo, o IBGE divulgou o IPCA-15 de janeiro. De acordo com o instituto, a prévia da inflação oficial desacelerou para 0,58% no primeiro mês do ano, depois de ter fechado dezembro em alta de 0,78%.

O indicador veio acima da mediana de 0,45% das projeções do mercado colhidas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Estadão. Ainda assim, veio dentro do intervalo das projeções, que iam de 0,35% a 0,73%.

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"O resultado parece dificultar um discurso mais dovish [menos agressivo] do Copom, que se reunirá na próxima semana. O consenso aponta para alta de 1,50 ponto percentual na Selic", comenta o economista Alexsandro Nishimura, head de conteúdo e sócio da BRA Investimentos.

O mercado espera uma alta de 1,5 ponto percentual na Selic na reunião de fevereiro do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), mas com uma alta menor, de 1,0 ponto, na reunião de março.

A inflação um pouco mais forte que o esperado, porém, coloca dúvida quanto à redução do ritmo de altas na segunda reunião do ano.

Sobe e desce do Ibovespa

Das empresas com maior peso no Ibovespa, a Petrobras foi responsável por puxar as altas nesta quarta-feira, com o avanço dos preços do petróleo no exterior.

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Com as tensões entre Ucrânia e Rússia, o barril do tipo Brent, que serve de referência para os preços da estatal, fechou beirando os US$ 90 hoje. Os papéis preferenciais (PETR4) avançaram 2,67%, a R$ 33,87, e os ordinários (PETR3) subiram 2,93%, a R$ 36,85.

Os altos preços das commodities seguem sustentando a bolsa brasileira neste momento de aperto monetário internacional, fazendo com que o capital de risco global migre para bolsas de países emergentes baratas, como é o caso da B3.

Entre as ações com maior peso no Ibovespa, as da Vale e das siderúrgicas, que se beneficiam da alta do minério de ferro, e as dos bancos, beneficiadas pela alta de juros no país, também fecharam em alta hoje.

Das maiores altas do Ibovespa, destaque para as ações da Petz (PETZ3), que refletiram a aquisição da Petix, empresa de tapetes higiênicos para pets.

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Confira as maiores altas do Ibovespa nesta quarta-feira:

CÓDIGOAÇÃOVALORVARIAÇÃO
SOMA3Grupo Soma ONR$ 13,61+9,76%
PETZ3Petz ONR$ 18,01+7,33%
CASH3Méliuz ONR$ 2,94+6,91%
JHSF3JSHF ONR$ 6,14+5,50%
DXCO3Dexco ONR$ 14,40+5,11%

Veja também as maiores quedas:

CÓDIGOAÇÃOVALORVARIAÇÃO
BRKM5Braskem PNAR$ 47,80-4,17%
AMER3Americanas S.A. ONR$ 34,14-3,29%
JBSS3JBS ONR$ 35,01-3,13%
MRFG3Marfrig ONR$ 23,08-2,33%
TIMS3TIM ONR$ 12,68-2,24%
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