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CCR (CCRO3) ou EcoRodovias (ECOR3)? O Credit Suisse aponta qual a via mais rápida para o lucro na bolsa

Montagem mostrando dois exércitos se chocando no horizonte. De um lado, aparece o logo da CCR (CCRO3); do outro, o logo da EcoRodovias (ECOR3)

O setor de infraestrutura tem duas rotas bastante tradicionais na bolsa: alguns preferem a CCR (CCRO3) e seu amplo portfólio de estradas, aeroportos e concessões de mobilidade urbana; outros gostam mais da EcoRodovias (ECOR3) e sua carteira de concessões mais enxuta, mas com alguns ativos bastante rentáveis. Para o Credit Suisse, ambas garantem uma viagem tranquila ao investidor, mas uma delas promete um deslocamento mais rápido para cima.

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A avaliação do banco suíço é clara: as duas ações têm condições para pisar no acelerador ao longo de 2022. Tanto CCRO3 quanto ECOR3 possuem recomendação overweight (semelhante à compra) e preços-alvo que implicam um potencial de alta de mais de 40% em relação às cotações atuais; a EcoRodovias, inclusive, teve sua classificação elevada — anteriormente, o Credit Suisse tinha uma postura neutra para os papéis.

Dito isso, a instituição financeira aponta a CCR como sua favorita no setor: a carteira mais diversificada, as vitórias recentes em diversos leilões de infraestrutura e a duração mais longa de seus projetos dão à empresa uma ligeira vantagem em relação à EcoRodovias.

E mesmo no mercado de ações, o desempenho da CCR tem sido superior. Em meio à forte turbulência vista na bolsa ao longo do segundo semestre de 2021, os papéis CCRO3 apresentaram um comportamento relativamente sólido, com um retorno menos negativo que o do Ibovespa; os ativos ECOR3, por outro lado, amargaram uma queda intensa:

Vale lembrar que 2021 foi um ano bastante intenso para o setor de infraestrutura, com inúmeros leilões de estradas e aeroportos. Além disso, a reabertura gradual da economia e a reativação do turismo trouxeram consigo um aumento no fluxo de veículos nas estradas e de passageiros nos aeroportos, elevando a geração de receita dessas empresas.

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Esse pano de fundo tende a continuar em 2022, com uma série de leilões federais e estaduais de ativos de infraestrutura já previstos para os próximos meses. Além disso, a renovação de contratos e prorrogação dos prazos de concessão de estradas também foi motivo de comemoração entre investidores e analistas.

Considerando todos esses pontos e as mudanças promovidas pelo Credit Suisse em sua análise setorial, qual a reação do mercado nesta quarta-feira (5)? Bem, no início do pregão, o comportamento das duas ações foi tímido, com ambas operando perto da estabilidade. Depois, com a piora generalizada do mercado, CCRO3 fechou em baixa de 1,49%, a R$ 11,26, e ECOR3 encerrou em queda de 1,00%, a R$ 6,94.

CCR (CCRO3): a preferida do Credit Suisse

A CCR teve um 2021 bastante movimentado: arrematou dois blocos de aeroportos no leilão de abril, colocando mais 15 terminais em sua carteira; arrematou a concessão linhas 8 - Diamante e 9 - Esmeralda da CPTM, em São Paulo; e saiu vitoriosa do leilão para relicitação da NovaDutra, mantendo um dos principais ativos de seu portfólio por mais 30 anos.

Além disso, a companhia também assegurou a prorrogação do prazo do contrato do sistema Anhanguera-Bandeirantes — um evento que, além de garantir a continuidade da concessão, também afastou os riscos jurídicos relacionados ao possível rompimento contratual por parte do governo de São Paulo.

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O saldo disso tudo, para o Credit Suisse, é uma dinâmica mais saudável para o portfólio da CCR. Os novos projetos aumentam a duração da carteira da empresa e diluem a depreciação dos ativos ao longo do tempo. Tanto é que, ao levar esse novo perfil em conta, o banco reduziu em R$ 1,1 bilhão suas projeções de impacto de depreciação e amortização em 2022 — o que, naturalmente, traz um efeito positivo para as estimativas de lucro líquido.

"Mantemos nossa preferência pela CCR em relação à EcoRodovias, considerando a diversificação da companhia e a liquidez mais elevada das ações", escrevem Regis Cardoso, Henrique Simões e Alejandro Zamacona, analistas do Credit Suisse.

EcoRodovias (ECOR3): valuation atrativo

A EcoRodovias teve um ano bem menos atribulado: saiu derrotada na disputa pela NovaDutra e não conquistou novas concessões. No entanto, conseguiu a prorrogação do contrato do sistema Anchieta-Imigrantes junto ao governo de São Paulo, o principal ativo de sua carteira.

O próprio Credit Suisse tinha rebaixado a recomendação de EcoRodovias para neutro em dezembro, dado o pouco progresso em termos de ampliação de portfólio em comparação com a CCR. No entanto, de lá para cá, as ações ECOR3 tiveram uma queda forte — e o atual nível de preço é um bom ponto de entrada.

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Vale ressaltar, no entanto, que o banco suíço cortou o preço-alvo de ECOR3. Os analistas lembram que as concessões da Ecovias Caminho do Mar e da Ecocataratas chegaram ao fim, o que traz um efeito duplo à EcoRodovias: por um lado, há uma queda de receita líquida; por outro, há um menor impacto de depreciação no curto prazo.

Numa análise semelhante à da CCR, o Credit Suisse pondera que os gastos da EcoRodovias com depreciação e amortização em 2022 devem ser R$ 236 milhões menores que o previsto, o que dará impulso ao lucro líquido no ano.

Riscos e oportunidades para CCR e EcoRodovias

Esse retorno implícito de mais de 40% para CCRO3 e ECOR3 possui alguns riscos, sobretudo quando levamos em conta o ambiente econômico do país. Juros altos e baixo crescimento do PIB tendem a afetar a atividade industrial, o que, por sua vez, pode reduzir o fluxo de caminhões e veículos pesados nas estradas — justamente os que pagam maiores tarifas de pedágio.

Além disso, eventuais novas ondas da Covid-19 podem afetar a movimentação de veículos leves, com menos pessoas viajando a lazer ou a trabalho. Por fim, a sombra dos riscos regulatórios nunca está descartada, com eventuais discussões sobre revisões contratuais e anulações de aditivos sempre rondando o setor.

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Há, ainda, a questão dos novos leilões de infraestrutura previstos para 2022. E se é verdade que ativos inéditos injetam sangue novo na CCR e na EcoRodovias, também é verdade que uma competição acirrada demais — seja entre as duas companhias ou com players estrangeiros — pode culminar em ofertas excessivamente agressivas nas disputas, o que reduz a rentabilidade dos projetos.

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