Mesmo em meio ao novo ciclo de alta da taxa Selic, os saques superaram os depósitos na poupança pelo quarto mês seguido, com uma retirada líquida de R$ 12,4 bilhões em novembro, informou nesta segunda-feira (6) o Banco Central.
Esse também foi o terceiro recorde negativo seguido para um mês na série histórica, iniciada em 1995. Os volumes de saídas em setembro (R$ 7,7 bilhões) e outubro (R$ 7,4 bilhões) também haviam sido inéditos para os respectivos meses.
A diferença entre entradas e retiradas por trás do recorde ficou negativa graças aos R$ 294 bilhões em saques em novembro, contra R$ 281,7 bilhões de aportes na caderneta. Considerando o rendimento de R$ 3,648 bilhões da caderneta, o saldo total das contas ficou em R$ 1,018 trilhão.
No acumulado deste ano, a população retirou R$ 43,15 bilhões líquidos da caderneta. Em 2020, em meio à pandemia do novo coronavírus, a poupança chegou a registrar dez meses consecutivos de depósitos líquidos (de março a dezembro).
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Apenas entre abril e julho houve depósitos líquidos nas cadernetas, influenciados pela volta do pagamento do auxílio emergencial para uma parcela da população. Os pagamentos começaram a ser feitos em 6 de abril. Desde agosto, porém, em meio à alta da inflação, a poupança voltou a registrar mais retiradas que aportes.
A poupança é remunerada atualmente pela taxa referencial (TR), que está em zero, mais 70% da Selic (a taxa básica de juros), hoje em 7,75% ao ano.
Na prática, a remuneração atual da poupança é de 5,425% ao ano. O porcentual não cobre necessariamente a inflação. Os economistas preveem que a alta dos preços chegue a 10,18% no final de 2021.
Esta regra de remuneração da poupança vale sempre que a Selic estiver abaixo dos 8,50% ao ano. Quando estiver acima disso - o que deve ocorrer a partir desta semana - a poupança passa a ser atualizada pela TR mais uma taxa fixa de 0,5% ao mês (6,17% ao ano).
Tempos de glória ficaram para trás?
Novembro foi o sétimo mês de 2021 em que os saques superaram os depósitos na poupança. Nos meses de janeiro, fevereiro, março e agosto, setembro e outubro os brasileiros também retiraram recursos da caderneta.
No ano passado, a aplicação havia sido favorecida pelo pagamento do auxílio emergencial e chegou a registrar dez meses seguidos de depósitos líquidos. Mas, com a interrupção do benefício, o primeiro trimestre de 2021 foi marcado pela retirada de recursos.
Pesaram também as tradicionais despesas de início de ano — IPTU, IPVA, matrículas de filhos e gastos com material escolar —, e o brasileiro recorreu à poupança para fechar as contas.
De abril a agosto, porém, o resultado positivo foi influenciado pela volta do pagamento do auxílio emergencial para uma parcela da população. Os depósitos começaram a ser feitos em 6 de abril.
Inflação provoca baixas entre os "poupanceiros"
Agora, em meio à alta da inflação, a poupança voltou a registrar mais retiradas que aportes. Mesmo com a remuneração subindo, a aplicação não consegue acompanhar a alta dos preços.
Vale lembrar que o rendimento dos depósitos é definido pela taxa básica de juros brasileira. Em sua última reunião, o Banco Central elevou a Selic pela sexta vez consecutiva, para 7,75% ao ano, indicando um novo aumento da mesma magnitude no próximo encontro.
*Com informações do Estadão Conteúdo