🔴 SELECIONAMOS AS MELHORES RECOMENDAÇÕES DO BTG PACTUAL PARA VOCÊ – ACESSE GRATUITAMENTE

Estadão Conteúdo

Luz no fim do túnel?

‘O que funciona é isolamento e vacina’, diz Trajano

“O erro na questão sanitária foi grave”, afirma o executivo, que considera o Brasil um dos piores no combate ao novo coronavírus.

Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza
Frederico Trajano, CEO do Magazine Luiza - Imagem: Wikipedia

Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza, uma das principais redes de varejo do País e que conseguiu se destacar em meio à crise sanitária por conta das vendas online, diz que o Brasil não decola por incompetência no controle da pandemia. Ele não vê uma saída para a retomada consistente da atividade sem uma vacinação em massa.

Leia também:

"O erro na questão sanitária foi grave", afirma o executivo, que considera o Brasil um dos piores no combate ao novo coronavírus. Não fosse a pandemia, Trajano acredita que 2020 e 2021 seriam espetaculares para a economia, em razão dos juros baixos e de várias mudanças feitas nos últimos quatro anos em pilares importantes, como a Previdência, a questão trabalhista e o teto de gastos, por exemplo.

Apesar das dificuldades do momento e da falta de horizonte para a saída da crise, o empresário prefere enxergar o copo como "meio cheio" e ressalta que existem bolsões de oportunidades a serem exploradas na economia, como a digitalização do varejo e de outros setores, tendência que, na sua opinião, deve continuar no pós-pandemia. A conversa com Trajano abre a série de entrevistas com presidentes de grandes empresas que vão tentar apontar caminhos para o Brasil retomar o crescimento econômico.

O que precisa ser feito para que a economia brasileira volte a crescer?

Hoje o Brasil não decola por uma incompetência no controle da pandemia. O País não é o único com dificuldade de controlar a crise sanitária, mas, na minha opinião, está sendo um dos piores. A gente se planejou muito mal para a vacina, o nosso sistema de saúde está sobrecarregado. Poderíamos estar numa posição muito melhor. O erro na questão sanitária foi grave. Sem o controle da pandemia é impossível recuperar a economia. Também houve casos, como a troca do presidente da Petrobrás, que minaram a confiança dos investidores. No mercado financeiro, seja no mercado de capitais, seja no mercado mais abrangente, transmitir confiança numa agenda é superimportante. Acredito que nós teríamos todas as condições, no ano passado e neste ano, para estarmos numa situação econômica espetacular.

Leia Também

Que condições são essas?

Se voltássemos quatro anos e disséssemos para um brasileiro que a reforma trabalhista e previdenciária seriam feitas, que o Banco Central teria autonomia, que teríamos o marco do saneamento, teto de gastos, marco civil da internet, open banking, Pix e os juros mais baixos da história, ele duvidaria. As pessoas iriam achar uma agenda impossível. Evoluímos significativamente nesses quatro anos. Do ponto de vista de reformas estruturais, o grosso já foi feito. Na prática, o que está faltando fazer são duas reformas importantes, a administrativa e a tributária. Acho que a reforma tributária vai reorganizar e simplificar, mas ela não terá como reduzir a carga tributária. Ela é importante, mas relativamente menos do que as outras. Não acho que esteja faltando uma grande agenda de reforma no Congresso, fora essas que estou falando.

O juro baixo é apontado pelo sr. como um ponto positivo, mas ele deve voltar a subir para conter a alta da inflação. Como fica essa questão?

Mesmo que o juro suba, ainda vai continuar baixo em relação aos últimos anos. E juro tão baixo como o atual é uma realidade muito nova que, quando estávamos começando a colher os frutos dela, entramos na pandemia. Quando se faz política econômica com juros baixos, o crescimento demora um pouco para aparecer, mas quando vem, vem com consistência. E depende-se menos do governo. As captações estão batendo recorde este ano e em algum momento isso vai se refletir na economia como um todo. Já uma política econômica que usa dinheiro do governo, o crescimento vem muito rápido, mas é voo de galinha. Em algum momento tem de se pagar a conta com a dívida.

E como se resolve a pandemia?

A vacina é a única solução. Estou pessimista com o cronograma de vacinação. A gente deveria ter se preparado, entrado na fila e apostado no maior número de vacinas, não apenas em duas. Isso gera um risco muito grande: se alguém não entrega, vai ter ruptura. É muito difícil reverter essa situação no curtíssimo prazo. As medidas de restrição, os lockdowns, devem perdurar por muito mais tempo do que a gente imaginava no início do ano. Ao longo do ano todo, imagino que vamos ter situações de abre/fecha da economia até se ter uma parcela significativa da população imunizada.

Como a iniciativa privada está atuando na crise sanitária?

Acho que há movimentos civis organizados, como, por exemplo, o "Todos pela Saúde", que o Itaú começou o ano passado, o "Unidos pela Vacina", lançado pelo Mulheres do Brasil, Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) e outros empresários, que são bons movimentos no sentido de a sociedade mostrar que está apoiando, fazendo o seu papel de maneira organizada. Não é uma empresa só, específica, mas é a união de empresários, executivos, de líderes da sociedade civil no sentido de apoiar, de se colocar à disposição e criar soluções construtivas para tentar ajudar o governo. São iniciativas muito bem-vindas e fico feliz de ver que elas estejam acontecendo. Mas acho que o controle da pandemia, sobretudo, é uma função dos governos, federal, estadual, municipal. Esse controle depende das autoridades e não tem nada a ver com a iniciativa privada.

Como o sr. vê o fato de a sua mãe, Luiza Trajano, que é presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, estar sendo cortejada para ingressar na política?

Prefiro não comentar.

Quantas lojas físicas do Magalu estão fechadas por causa da quarentena?

Hoje estou com 600 lojas fechadas (a empresa tem 1,3 mil lojas), mas a minha previsão é que esse número aumente. Essa discussão é política até o sistema de saúde colapsar. Quando colapsa, como aconteceu em Manaus (AM), todo mundo percebe que está no mesmo barco. Por mais que as pessoas protestem contra as medidas de isolamento social, ela é a única coisa que funciona, além da vacina. Mas joga contra a economia.

Como contornar esse ponto?

As empresas que não tiverem uma agenda digital muito forte vão sofrer, porque a digitalização é uma forma de atenuar os impactos das restrições (lockdown). Mas vejo uma enorme oportunidade de digitalização do varejo em vários segmentos, moda, beleza, alimentos, restaurantes, setor financeiro, por exemplo.

Como assim?

A pandemia catalisou o processo de digitalização e esse processo vai continuar por muitos anos. Há vários bolsões de oportunidades dentro da economia brasileira. O Brasil é um país continental com uma economia multidimensional. É difícil fazer uma única análise para todos os segmentos. Mas, dando uma visão geral, há setores da indústria que estão indo bem, a agricultura tem alcançado safras recordes e o comércio, que sofre com as lojas físicas, está no melhor momento da história no mundo online. No entanto, há setores muito relevantes, como o de serviços, que inclui turismo, bares, restaurantes, que estão muito ruins. Na média, sabemos que não estamos num momento positivo por conta da pandemia. Nesse contexto, é possível encontrar bolsões de prosperidade. A minha forma de raciocinar é enxergar as oportunidades, enxergar o copo meio cheio. Não consigo extrair muito valor lamentando as coisas que não funcionam no País. A empresa tem 63 anos. Passamos por hiperinflação, sequestro da poupança, moratória, várias crises internacionais, situação de juro real mais alto do mundo e estamos aqui. Por quê? Porque nos concentramos naquilo que poderíamos fazer e nas oportunidades que existem mesmo em situações de turbulência da economia brasileira.

Quais seriam essas oportunidades?

Vemos oportunidade na digitalização do varejo brasileiro. Queremos ser um fator de inclusão digital, tanto de pequenos e médios varejistas, que são analógicos, quanto de clientes que ainda não fizeram a primeira compra digital.

A fatia do comércio online no varejo total do País ainda é pequena. Como virar esse jogo?

A participação do e-commerce no varejo da China era de 1% dez anos atrás e hoje está em 30%. Essa participação não está escrita em pedra. Depende dos empresários fazerem investimentos para mudar isso. Hoje, a participação do online no varejo brasileiro é de 10% e um ano atrás estava em 5%. Aumentou muito com investimentos de empresas como Magalu e outros players do comércio eletrônico que apostaram em logística, meios de pagamentos, em canais digitais para tentar atender a demanda da população que está em casa. Isso depende também da capacidade do empresário de investir e inovar. Começamos 60 anos atrás como uma empresa analógica. Toda a nossa capacidade digital foi construída com muito suor, trabalho e dedicação. Não foi uma coisa que caiu do céu. Talvez o varejo teria sentido menos se mais investimentos de maneira consistente tivessem no passado sido implementados no setor. O empresário brasileiro tem de fazer essa situação caminhar: a fatia do e-commerce continuar aumentando.

Como será o varejo pós-pandemia?

Vai sair fortalecido, se conseguirmos manter a expectativa de conter gastos e, consequentemente, prolongar os juros baixos. Se os governos forem bem-sucedidos no controle da pandemia, vejo um potencial enorme que está para ser destravado.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
BOLSO CHEIO

Dividendos e JCP: saiba quanto a Multiplan (MULT3) vai pagar dessa vez aos acionistas e quem pode receber

13 de junho de 2025 - 19:40

A administradora de shopping center vai pagar proventos aos acionistas na forma de juros sobre capital próprio; confira os detalhes

AGORA VAI?

Compra do Banco Master: BRB entrega documentação ao BC e exclui R$ 33 bi em ativos para diminuir risco da operação

13 de junho de 2025 - 16:43

O Banco Central tem um prazo de 360 dias para analisar a proposta e deliberar pela aprovação ou recusa

TÁ VALENDO, MAS COM CAUTELA

Prio (PRIO3): Santander eleva o preço-alvo e vê potencial de valorização de quase 30%, mas recomendação não é tão otimista assim

13 de junho de 2025 - 14:08

Analistas incorporaram às ações da petroleira a compra da totalidade do campo Peregrino, mas problemas em outro campo de perfuração acende alerta

COMEÇOU COM PÉ DIREITO

Estreia na Nyse pode transformar a JBS (JBSS32) de peso-pesado brasileiro a líder mundial

13 de junho de 2025 - 12:24

Os papéis começaram a ser negociados nesta sexta-feira (13); Citi avalia catalisadores para os ativos e diz se é hora de comprar ou de esperar

PARE ESTA FUSÃO

Minerva (BEEF3) entra como terceira interessada na incorporação da BRF (BRFS3) pela Marfrig (MRFG3); saiba quais são os argumentos contrários

13 de junho de 2025 - 12:08

Empresa conseguiu autorização do Cade para contribuir com dados e pareceres técnicos

IMPACTO E RENTABILIDADE

“Com Trump de volta, o greenwashing perde força”, diz o gestor Fabio Alperowitch sobre nova era climática

13 de junho de 2025 - 8:54

Para o gestor da fama re.capital, retorno do republicano à Casa Branca acelera reação dos ativistas legítimos e expõe as empresas oportunistas

ALÔ, ACIONISTAS

Dividendos e JCP: Telefônica (VIVT3), Copasa (CSMG3) e Neoenergia (NEOE3) pagam R$ 1 bilhão em proventos; veja quem tem direito a receber

12 de junho de 2025 - 19:12

A maior fatia é da B3, a operadora da bolsa brasileira, que anunciou na noite desta quinta-feira (11) R$ 378,5 milhões em juros sobre capital próprio

VOO COM HORA MARCADA

Radar ligado: Embraer (EMBR3) prevê demanda global de 10,5 mil aviões em 20 anos; saiba qual região é a líder

12 de junho de 2025 - 16:50

A fabricante brasileira de aviões projeta o valor de mercado de todas as novas aeronaves em US$ 680 bilhões, avanço de 6,25% em relação ao ano anterior

MAIS IMPOSTOS

Até o Nubank (ROXO34) vai pagar a conta: as empresas financeiras mais afetadas pelas mudanças tributárias do governo

12 de junho de 2025 - 16:24

Segundo analistas, os players não bancários, como Nubank, XP e B3, devem ser os principais afetados pelos novos impostos; entenda os efeitos para os balanços dos gigantes do setor

BOM OU RUIM

Dividendo de R$ 1,5 bilhão da Rumo (RAIL3) é motivo para ficar com o pé atrás? Os bancos respondem

12 de junho de 2025 - 16:03

O provento representa 70% do lucro líquido do último ano e é bem maior do que os R$ 350 milhões distribuídos na última década. Mas como fica a alavancagem?

OS ACIONISTAS ESTÃO DE OLHO

O sinal de Brasília que faz as ações da Petrobras (PETR4) operarem na contramão do petróleo e subirem mais de 1%

12 de junho de 2025 - 14:29

A Prio e a PetroReconcavo operam em queda nesta quinta-feira (12), acompanhando os preços mais baixos do Brent no mercado internacional

DESFEZ O MATCH?

Dia dos Namorados: por que nem a solteirice salva apps de relacionamento como Tinder e Bumble da crise de engajamento

12 de junho de 2025 - 7:32

Após a pandemia, dating apps tiveram uma queda grande no número de “pretendentes”, que voltaram antigo método de conhecer pessoas no mundo real

REPORTAGEM ESPECIAL

Bradesco (BBDC4) surpreende, mas o pior ficou para trás na Cidade de Deus? Mercado aumenta apostas nas ações e diretor revela o que esperar

12 de junho de 2025 - 6:07

Ações disparam após balanço e, dentro da recuperação “step by step”, banco mira retomar níveis de rentabilidade (ROE) acima do custo de capital

FECHANDO CAPITAL

Despedida da Wilson Sons (PORT3) da bolsa: controladora registra OPA; veja valor por ação

11 de junho de 2025 - 19:44

Os acionistas que detém pelo menos 10% das ações em circulação têm 15 dias para requerer a realização de nova avaliação sobre o preço da OPA

TEM POTENCIAL

A Vamos (VAMO3) está barata demais? Por que Itaú BBA ignora o pessimismo do mercado e prevê 50% de valorização nas ações

11 de junho de 2025 - 18:01

Após um evento com os executivos, os analistas do banco reviram suas premissas e projetam crescimento de lucro para 2025 e 2026

NA BOCA DO POVO

A notícia que derruba a Braskem (BRKM5) hoje e coloca as ações da petroquímica entre as maiores baixas do Ibovespa

11 de junho de 2025 - 16:21

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e o empresário Nelson Tanure falaram sobre o futuro da companhia e preocuparam os investidores

“ACUSAÇÕES SÉRIAS DEMAIS”

T4F (SHOW3) propõe pagar R$ 1,5 milhão para encerrar processo sobre trabalho análogo à escravidão no Lollapalooza, mas CVM rejeita

11 de junho de 2025 - 10:47

Em 2023, uma fiscalização identificou que cinco funcionários da Yellow Stripe, contratada da T4F para o festival, estavam dormindo no local em colchonetes de papelão

ENTREVISTA EXCLUSIVA

Em meio ao ânimo com o Minha Casa Minha Vida, CEO da Direcional (DIRR3) fala o que falta para apostar mais pesado na Faixa 4

11 de junho de 2025 - 6:01

O Seu Dinheiro conversou com o CEO Ricardo Gontijo sobre a Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, expectativas para a empresa, a Riva, os principais desafios para a companhia e o cenário macro

UM DIA APÓS O REBAIXAMENTO

Petrobras (PETR4) respira: ações resistem à queda do petróleo e seguem entre as maiores altas do Ibovespa hoje

10 de junho de 2025 - 16:30

No dia anterior, a estatal foi rebaixada por grandes bancos, que estão de olho das perspectivas para os preços das commodity

MAIS OU MENOS

AgroGalaxy (AGXY3) reduz prejuízo no 1T25, mas receita despenca 80% em meio à recuperação judicial

10 de junho de 2025 - 16:02

Tombo no faturamento decorre do cancelamento da carteira de pedidos da safrinha de milho, tradicionalmente o principal negócio do período para distribuidoras de insumos agrícolas

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar