Quem esperava que a quinta-feira (12) trouxesse uma definição para as novas regras do Imposto de Renda precisará aguardar mais alguns dias. Após a movimentação de líderes de centro e da oposição, a Câmara dos Deputados adiou para a próxima terça-feira (17) a votação do projeto de lei da segunda etapa da Reforma Tributária.
A proposta — que inclui tributos sobre lucros e dividendos distribuídos pelas empresas a acionistas — vem gerando manifestações de repúdio de diversos setores desde que foi anunciada e nem mesmo as diversas mudanças feitas pelo relator, deputado Celso Sabino (PSDB-PA), esfriaram a polêmica.
Mas, mesmo com os protestos de deputados, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), insistia votar a reforma ainda hoje. Os parlamentares argumentavam que não havia "ambiente", ou seja, votos suficientes para se aprovar o texto.
Antes mesmo da votação de um requerimento de retirada de pauta da oposição, o líder do DEM, deputado Efraim Filho (PB), anunciou que várias lideranças da maioria pediram mais tempo para chegar a um acordo sobre o texto do relator.
"Temos acompanhado de perto a feitura desse relatório e alguns pontos precisam de mais discussão. Propomos então que votemos a matéria na próxima terça-feira", afirmou. "Colocar para semana que vem é sem dúvida nenhuma o caminho mais prudente", completou o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL).
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Está difícil agradar
Já o deputado Afonso Florence (PT-BA) concordou com o adiamento, mas não se comprometeu a desistir de obstruir o tema. "Não tenho poder de fazer isso nem posso", esclareceu.
A matéria conta com um substitutivo preliminar do relator, que fez várias mudanças no texto, como uma diminuição maior no Imposto de Renda das empresas e redução na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
Quanto à tributação de lucros e dividendos distribuídos pelas empresas a pessoas físicas ou jurídicas, o projeto propõe a tributação na fonte em 20%, inclusive para os domiciliados no exterior e em relação a qualquer tipo de ação.
Reajuste na tabela do Imposto de Renda
Os valores da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) são reajustados em 31,3%, e a faixa de isenção passa de R$ 1.903,98 para R$ 2.500 mensais. Atualmente, há 10,7 milhões de isentos, de um total de 31 milhões.
Por outro lado, o Executivo propõe um limite para o desconto simplificado pelo qual o contribuinte pode optar na hora de fazer a declaração anual do IR. Atualmente, o desconto é de 20% dos rendimentos tributáveis, limitado a R$ 16.754,34, e substitui todas as deduções permitidas, como gastos com saúde, educação e dependentes.
Pela proposta, esse desconto somente será possível para aqueles que ganham até R$ 40 mil por ano, sendo limitado a R$ 8 mil (20%). Com o fim do desconto simplificado, o Ministério da Economia projeta um aumento de arrecadação de R$ 9,98 bilhões somente em 2022, chegando a R$ 11,48 bilhões em 2024.
As regras começam a valer a partir de 1º de janeiro de 2022.
*Com informações da Agência Câmara de Notícias e Estadão Conteúdo