Mesmo após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter surpreendido a todos e elevado a taxa básica de juros (Selic) mais que o esperado na semana passada, os economistas continuaram revisando para cima as projeções para a inflação ao final do ano.
O tom duro adotado pela autoridade monetária em relação aos preços não foi suficiente para evitar uma nova alta das projeções, segundo mostra o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (22). A expectativa agora é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche o ano em 4,71%, acima dos 4,60% divulgados na semana passada e dos 3,82% projetados há um mês.
O que influenciou a alta das estimativas para a inflação foi a revisão positiva do grupo “preços administrados”, como serviços telefônicos, energia elétrica, gasolina, plano de saúde, ônibus urbano e interestadual e metrô. Segundo o Relatório Focus, os preços administrados subiram de 6,15% para 7,26%, a sexta alta consecutiva.
Já a previsão para a taxa de câmbio, outro ponto que influencia a inflação, ficou estável após ser elevada quatro vezes seguidas. A mediana permaneceu em R$ 5,30.
Nesta quinta-feira (25) teremos uma nova indicação do rumo dos preços no país, com a divulgação do IPCA-15 referente a março. O Focus mostrou que os economistas do mercado financeiro alteraram a previsão para o IPCA em março de 2021, de alta de 0,85% para 0,90%. Um mês antes, o porcentual projetado era de 0,38%.
Por conta do aumento de 0,75 ponto percentual (p.p.) da Selic, que foi para 2,75% ao ano, os economistas passaram a aguardar que a taxa básica de juros encerre o ano em 5,00% ao ano, e não mais 4,50% ao ano.
PIB, resultado primário e balança comercial
Além das projeções para inflação, o Boletim Focus trouxe novidades a respeito das expectativas para a atividade econômica em 2021.
Os economistas alteraram levemente suas projeções para o PIB, de alta de 3,23% para 3,22%. Há quatro semanas, a estimativa era de 3,29%.
Eles mantiveram a projeção para a balança comercial em 2021 na pesquisa Focus, de superávit comercial de US$ 55,00 bilhões, enquanto a projeção para a produção industrial de 2021 passou de alta de 4,69% para 5,10%.
No caso do resultado primário, a relação entre o déficit primário e o PIB este ano passou de 2,90% para 3,00%, enquanto a relação entre déficit nominal e PIB em 2021 seguiu em 7,10%.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
* Com informações da Estadão Conteúdo