O tempo fechou em Brasília e as incertezas que já eram grandes ficaram maiores ainda. O furo no teto de gastos e a ampliação das despesas do governo estão próximos de se tornar uma realidade agora que a PEC dos precatórios tem um texto fechado e será encaminhado para votação no plenário da Câmara.
O texto altera o indexador utilizado para reajuste da quantia e adianta a revisão dos valores em cinco anos. No total, são quase R$ 100 bilhões liberados para que o governo federal honre suas promessas para as famílias mais necessitadas (com um auxílio de no mínimo R$ 400 até o fim de 2022) e também para os caminhoneiros (com um auxílio de R$ 400 para compensar a alta do valor dos combustíveis).
O indigesto desenho encontrado para elevar os gastos públicos não desagradou apenas ao mercado financeiro. Na noite de ontem, a equipe econômica de Paulo Guedes sofreu novas baixas, com a saída de seus principais secretários.
Hoje os olhos do mercado se voltam para o próprio Guedes, com temores de que o ministro seja o próximo a pular fora do barco. O presidente Jair Bolsonaro já garantiu que o chefe da economia fica e deve ir até o ministério como forma de mostrar apoio ao homem que garantiu o apoio do mercado ao mandato de Bolsonaro.
Inflação, elevação dos gastos públicos e crise política não é um combo desejado por ninguém. Com a deterioração do cenário fiscal, os investidores já começam a projetar que o Banco Central terá que acelerar o ritmo de elevação da taxa Selic, em uma tentativa de manter o país mais atrativo para investimentos, mas que também deve repercutir em uma desaceleração da atividade econômica.
Se antes os investidores estavam confiantes de que o BC elevará a taxa básica de juros em 1 ponto percentual na próxima reunião, essa não é mais realidade. As opções de Copom negociadas na B3, que mostram a aposta do mercado para a próxima decisão, mostram que o ajuste esperado é de no mínimo 1,25 ponto percentual.
Indo ao limite
Sempre um bom termômetro para o humor do mercado, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) de curto prazo chegaram a atingir o limite de oscilação permitida, como:
- Janeiro de 2024: de 11,13% para 12,45%
- Janeiro de 2023: de 10,495% para 11,45%
- Julho de 2022: de 9,77% para 10,57%
- Abril de 2022: de 8,99% para 9,67%
Confira também como anda o desempenho dos contratos de DIs mais líquidos:
- Janeiro de 2022: de 7,89% para 8,31%
- Janeiro de 2023: de 10,58% para 11,42%
- Janeiro de 2025: de 11,50% para 12,41%
- Janeiro de 2027: de 11,78% para 12,65%