A cautela predomina nos mercados na manhã do último pregão de julho, e a bolsa brasileira precisará de um empurrãozinho para encerrar o mês pelo menos no zero a zero. Os balanços da semana chegaram a animar os índices, mas não conseguiram superar outros cenários.
O grande evento da semana, a divulgação da política monetária do Federal Reserve, que manteve a taxa de juros entre 0% e 0,25%, foi bem recebida pelo mercado. O presidente da instituição, Jerome Powell, afirmou estar preocupado com o momento inflacionário, mas descarta o tapering, a retirada de estímulos da economia, antes do esperado.
Ontem, a inflação medida pelo índice de preços ao consumidor (PCE, na sigla em inglês), foi revisada para cima no segundo trimestre deste ano. Hoje devem ser divulgados o PCE e o Núcleo do PCE do mês de junho.
A expectativa é de alta de 0,4% na base mensal e de 3,9% na passagem anual. Já para o Núcleo do PCE, a previsão é de alta de 0,5% e 3,4%, respectivamente.
Além disso, os balanços do segundo semestre superaram os dados negativos de PIB e pedidos de auxílio-desemprego dos Estados Unidos. Mesmo assim, o Ibovespa descolou do exterior e acumulou dois pregões seguidos de queda.
O índice brasileiro segue com cautela, com os ruídos de Brasília pesando na bolsa. A retomada dos trabalhos no Congresso Nacional na semana que vem já mostram seus efeitos e deve respingar no Ibovespa a partir desta sexta-feira (30).
E para a sessão de hoje, os dados de emprego da Pnad Contínua devem movimentar os negócios. De acordo com as projeções dos especialistas ouvidos pelo Broadcast, a taxa de desemprego brasileira deve ficar em 14,5%, na mediana das expectativas.
Confira o que mais pode influenciar os mercados hoje:
Bolsonaro X TSE
O presidente da República Jair Bolsonaro fez uma live na noite de ontem (29), com a presença de jornalistas, para reportar possíveis falhas na urna eletrônica. Durante a apresentação, Bolsonaro afirmou que “não tinha provas, mas indícios” de que o atual sistema eleitoral brasileiro poderia ter fraudes.
Os argumentos utilizados pelo presidente foram rebatidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que respondeu, ponto a ponto, as críticas à urna eletrônica. Na próxima semana, deve ser votada uma PEC que restabelece o voto impresso, método do qual Bolsonaro é defensor.
O Congresso, na volta do recesso, deve rejeitar a proposta. O avanço da CPI da Covid, a baixa popularidade do presidente e a pequena reforma ministerial que entregou cargos ao Centrão devem pesar na eleição de 2022.
O medo dos investidores permanece, tendo em vista que o Congresso deve gastar mais tempo debatendo outros assuntos do que na análise de reformas estruturais.
Confira ainda quais ativos podem turbinar a sua carteira:
Bolsas pelo mundo
As bolsas da Ásia encerraram o pregão de hoje majoritariamente em queda. O avanço da ofensiva regulatória da China contra o setor de tecnologia e educação privada deixou os mercados em estado de atenção, mesmo após os órgãos reguladores do Gigante Asiático tentarem acalmar os ânimos.
O mau humor contamina as bolsas da Europa, que amanheceram em baixa no último pregão da semana. Além da preocupação com a China, o avanço da variante delta segue pressionando os índices pelo mundo. Os indicadores de PIB, desemprego e inflação, divulgados mais cedo, seguram a queda, mas a cautela predomina.
Por último, os futuros de Nova York também seguem no vermelho
Agenda do dia
- IBGE: Pnad Contínua divulga taxa de desemprego do trimestre até maio (9h)
- Banco Central: Resultado do setor público de junho (9h30)
- Estados Unidos: Índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) e núcleo do PCE (9h30)
- FGV: Indicador de Incerteza da Economia Brasileira (IEE-Br) de julho (10h15)
Balanços
No Brasil:
- Usiminas (antes da abertura)
Nos Estados Unidos:
- Chevron (antes da abertura)
- Procter & Gamble (antes da abertura)
- Caterpillar (antes da abertura)
- ExxonMobil (sem horário específico)