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Fundos perdem a preferência do investidor pessoa física na crise

Uma carteira de investimentos para qualquer cenário - de euforia ou tristeza nos mercados

No ano em que a bolsa registra a marca recorde de 3 milhões de pessoas físicas e até mesmo a velha caderneta de poupança alcançou R$ 1 trilhão em patrimônio líquido, os fundos de investimento parecem ter perdido parte da atratividade para o investidor.

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No acumulado de 2020 até agosto, os fundos registraram resgates líquidos de R$ 27,5 bilhões do público formado por pessoas físicas. Os dados são da Anbima, associação que representa as instituições que atuam no mercado de capitais.

Os investidores de varejo sacaram R$ 39,6 bilhões dos fundos em 2020 e os endinheirados, do segmento private, resgataram R$ 2,3 bilhões nos oito primeiros meses do ano. O resultado só não foi pior porque houve uma captação de R$ 14,4 bilhões nos fundos por "conta e ordem", que engloba recursos de pessoas físicas.

Para efeito de comparação, no mesmo período de 2019, os fundos captaram um total de R$ 79,2 bilhões de investidores individuais, ainda segundo os dados da Anbima e considerando as três classes — varejo, private e conta e ordem.

O que aconteceu?

Eu perguntei a Carlos André, vice-presidente da Anbima, qual a explicação para a perda da preferência dos investidores pessoas físicas pelos fundos na comparação com outras modalidades de aplicação, como a poupança e o investimento direto em bolsa.

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Para ele, é difícil ter uma percepção acurada do que houve. Mas a razão mais provável foi a necessidade das pessoas de resgatarem os recursos que estavam nos fundos no auge da crise do coronavírus.

“Com a pandemia, muitas pessoas precisaram de recursos para o dia a dia e tiveram de fazer uso das economias”, disse o vice-presidente da Anbima, durante uma entrevista coletiva por videoconferência realizada na manhã de hoje.

Para ele, essa realocação de recursos, seja para poupança ou mesmo para a conta corrente, representa uma parcela maior dos recursos que saíram dos fundos do que aqueles que foram diretamente para a bolsa nesse período de crise. André aponta ainda que os números mais recentes já mostram uma melhora na captação dos fundos em alguns segmentos.

Captação total

No geral, a indústria de fundos de investimento registrou uma entrada líquida de R$ 196,4 bilhões no acumulado do ano até setembro, queda de 15,7% em relação ao mesmo período de 2019.

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O destaque do ano são os fundos multimercados, que acumulam uma captação líquida de R$ 81,1 bilhões, seguidos pelos de ações, com R$ 66,5 bilhões.

O principal responsável pelo resultado positivo é o poder público, que investiu R$ 88,7 bilhões em fundos no acumulado do ano — nesse caso os dados vão até agosto.

O vice-presidente da Anbima credita esse movimento ao repasse de recursos a Estados e municípios que são depositados em fundos enquanto o dinheiro não é efetivamente usado.

Mais investimento no exterior

A Anbima trabalha para ampliar a atuação dos fundos. E uma das frentes é flexibilizar o investimento dos gestores em ativos no exterior nas regras determinadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

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Atualmente, os fundos destinados ao público de varejo podem investir até 20% do patrimônio fora do país e os voltados a investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão em aplicações) têm limite de 40%. A associação quer o aumento desses limites para 40% e 60%, respectivamente.

A Anbima também defende que os fundos possam aplicar até 100% no mercado internacional, desde que os ativos da carteira sejam elegíveis para a emissão de BDRs — recibos de ações negociados na bolsa brasileira.

A ideia é obter isonomia dos fundos com a regra editada recentemente pela CVM que permite a qualquer investidor aplicar em BDRs.

A associação quer ainda que os fundos locais que aplicam em gestores no exterior também estejam disponíveis ao varejo — hoje eles estão restritos aos qualificados.

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Essa norma impede, por exemplo, que o pequeno investidor tenha acesso a fundos de gestoras renomadas lá fora e que já estão disponíveis em plataformas e bancos no país, como a Bridgewater, de Ray Dalio, e a Oaktree, de Howard Marks.

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