BTG vê com bons olhos transformação do Banco Inter em ‘super app’ e eleva preço-alvo das Units
o relatório assinado por Eduardo Rosman e Thomas Peredo, o BTG reafirma a sua sugestão de compra e se diz impressionado com os números e desempenho do banco, principalmente no que diz respeito ao marketplace oferecido aos clientes do Inter.

Você já parou para pensar em como teria sido a sua vida sem os super apps durante a quarentena?
Não é de hoje que os aplicativos que entregam uma série de soluções com poucos cliques ganham adeptos. No entanto, sem sair de casa, poder pagar contas, pedir delivery e fazer compras no shopping em um único aplicativo se tornou ainda mais sedutor.
O Banco Inter tem investido pesado em sua meta de se tornar mais um super app disponível ao público, oferecendo uma série de produtos e serviços dentro da sua plataforma. Com a aceleração digital vivida por diversos setores da companhia e o crescimento constante dos seus números de clientes, o banco parece estar pronto para surfar essa nova era da tecnologia.
Essa é a principal razão para que o BTG Pactual veja espaço na casa dos 16% para a valorização das Units (BIDI11) do Banco Inter. Após videoconferência com o chefe do marketplace do Inter, Rodrigo Gouveia, e a diretora de relações com investidores, Helena Gouveia, o BTG elevou o preço-alvo das ações de R$ 36 para R$ 57 até meados de 2021. No fechamento desta segunda-feira (14), os papéis do banco digital estavam cotados a R$ 49.
No relatório assinado por Eduardo Rosman e Thomas Peredo, o BTG reafirma a sua sugestão de compra e se diz impressionado com os números e o desempenho do banco, principalmente no que diz respeito ao marketplace oferecido aos clientes do Inter.
Vale lembrar que as Units do Inter já acumulam um bom desempenho durante 2020. No ápice da crise, os papéis chegaram a desabar mais de 40% e se recuperaram rapidamente. Hoje, o banco já acumula uma alta de 4% no ano.
Digitalização acelerada
Que o coronavírus acelerou tendências de transformação digital você provavelmente já sabe. Acontece que essa está longe de ser uma característica somente do setor varejista. O Banco Inter segue passando por uma forte onda de digitalização, em ritmo ainda mais acelerado do que o esperado no passado, o que aumenta a confiança do BTG na tese de investimentos da companhia.
Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro em setembro do ano passado, João Vitor Menin, presidente do Banco Inter, falou sobre os planos de transformar o Inter em um super app. Ou seja, uma plataforma onde é possível encontrar inúmeras opções de produtos e serviços sem sair do aplicativo.
Na época, Menin adiantou os planos de se criar um marketplace e dispensar a palavra 'banco' do nome da companhia, indicando uma mudança significativa na atuação e variedade dos produtos oferecidos
Segundo o chefe do marketplace do banco, a plataforma se baseia em quatro pilares: recorrência de clientes, uso dos dados para aperfeiçoamento, concessão de crédito e realização de pagamentos dentro da própria plataforma.
O marketplace oferecido pelo Inter começou com o oferecimento de produtos de tíquete baixo, como recargas de celular e cartão-presente. Agora, a plataforma já oferece os serviços dos principais apps de serviços do momento - como Rappi, Uber e iFood -, e grandes empresas do varejo - como Amazon, Magazine Luiza, Via Varejo etc. Hoje, o banco digital conta com 130 parceiros.
O Inter ganha de 5% a 10% de taxa em cada venda realizada no seu marketplace e parte dessa taxa é devolvida aos clientes em forma de 'cashback' - quando o consumidor recebe de volta uma parte do valor gasto e um dos incentivos para ampliar o uso da plataforma - um dos maiores desafios do banco tem sido mostrar ao cliente o mundo de possibilidades existentes dentro de um único aplicativo. "A meta é que os clientes vejam o Inter como mais de que somente um banco", explica o relatório.
Cashback como arma
Para aumentar a recorrência, o banco vem trabalhando para oferecer cada vez mais opções de produtos aos seus clientes. O maior uso do marketplace leva a um conhecimento muito maior sobre os padrões de consumo dos usuários, o que favorece o oferecimento de crédito e produtos. A possibilidade de que todos os pagamentos sejam relizados dentro da própria plataforma também proporciona uma melhor experiência para o usuário, mais um estímulo para o uso do marketplace do Inter.
No segundo trimestre do ano, o valor negociado dentro da plataforma (GMV) foi de R$ 123 milhões, um crescimento de 10% no ano. No Dia do Marketplace, uma iniciativa em parceria com diversas empresas de e-commerce, o banco registrou um GMV de R$ 30 milhões em um único dia, com 4 milhões de acessos diários (duas vezes mais do que o normal).
"Avaliar este banco específico é uma tarefa difícil já que o ROE (Retorno sobre patrimônio líquido) deve continuar pressionado nos próximos trimestres e não sabemos quais iniciativas realmente funcionarão. Mas com o setor digital em bom momento, acreditamos que BIDI11 (Units do Banco Inter) continua sendo uma das melhores alternativas no mercado."
Em um futuro próximo, o banco já trabalha com opções para oferecer 'cashback' na compra de gasolina e a compra de pacotes de viagem dentro do seu marketplace.
Mais clientes e engajamento
No começo deste mês, o banco Inter bateu a marca de 6 milhões de clientes da sua conta digital, menos de dois meses depois de ter atingido a marca dos 5 milhões de clientes. A meta do banco é terminar 2020 com cerca de 8 milhões de clientes. Para o BTG, a companhia não deve encontrar dificuldades em atingir o número.
O relatório destaca que ao contrário do que acontecia anteriormente, agora os clientes do banco Inter levam cerca de dois meses para começar a realizar transações dentro do marketplace, contra os 5-6 meses que levava anteriormente. Esse avanço dos usos das ferramentas disponíveis e engajamento indicam que o Inter consegue educar os seus clientes em como utilizar a plataforma.
Na videoconferência acompanhada pelos analistas do BTG, a diretora do RI da companhia afirmou que a crise do coronavírus mostrou que o modelo de negócios do Inter é 'forte e resiliente'. Com uma mudança nos hábitos de consumo e uma forte digitalização da própria população, a relação dos clientes com a plataforma do Inter tende a se fortalecer. Além disso, o potencial de mercado aberto se tornou muito maior.