Ibovespa cai mais de 1%, atento aos novos fatores de risco no radar
Cautela com os dados econômicos da China, da Europa e dos EUA mexeu com o humor dos investidores e pressionou o Ibovespa; por aqui, a cautela com o cenário político também pesou

No fechamento da sessão anterior, as bolsas globais encontravam-se sob efeito de um encantamento: as esperanças de que uma vacina contra o coronavírus estaria cada vez mais próxima deram força ao Ibovespa e aos mercados acionário. Pois nesta quinta-feira (16), os investidores tiveram um rude despertar.
Não, não é que as notícias referentes aos possíveis tratamentos contra a Covid-19 eram falsas. As vacinas e outras medicações continuam em desenvolvimento, mas não é razoável achar que uma pílula mágica estará disponível no curtíssimo prazo. O problema é que esse curtíssimo prazo tem se mostrado cada vez mais turbulento.
Assim, por mais que a visão do futuro seja promissora, o presente exige cautela. E, nesse sentido, tivemos hoje um dia de correção nas bolsas: por aqui, o Ibovespa fechou em baixa de 1,22%, aos 100.553,27 pontos; nos EUA, o Dow Jones (-0,50%), o S&P 500 (-0,34%) e o Nasdaq (-0,73%) recuaram em bloco.
Curiosamente, o mercado de câmbio, que costuma ser mais sensível que as bolsas à percepção de risco, hoje teve um dia de alívio: o dólar à vista caiu 1,10%, a R$ 5,3261 — analistas com quem eu conversei citaram o enfraquecimento global da divisa americana e a entrada de fluxo no país como razões que explicam o comportamento da moeda.
Ainda assim, há um detalhe que chama a atenção: o dólar tem se mantido numa faixa relativamente estreita, entre R$ 5,30 e R$ 5,40, desde o começo do mês — os juros baixos impedem um alívio adicional, ao mesmo tempo que a esperança de recuperação econômica impede uma deterioração maior no câmbio.
Mas, deixando as particularidades do dólar de lado e voltando para a bolsa: por mais que o Ibovespa tenha sustentado os 100 mil pontos, ele dá indícios de que uma valorização adicional não será tarefa fácil. A partir de agora, os investidores mostram uma sensibilidade maior ao noticiário, hesitando em assumir posições mais expostas ao risco.
Leia Também
E, nesta quinta-feira, tivemos notícias que inspiraram cautela, tanto no Brasil quanto no exterior.
Um dia agitado (e negativo)
Lá fora, a China divulgou um crescimento de 3,2% no PIB do segundo trimestre, dado que superou as expectativas dos analistas. Contudo, a recuperação econômica do gigante asiático ainda não convence o mercado.
E isso porque as vendas no varejo recuaram 1,8% em junho, contrariando as projeções de crescimento do indicador no mês passado. Assim, a leitura é a de que, por mais que o PIB chinês tenha se recuperado, a demanda e a confiança dos consumidores do país ainda estão abaladas pelo coronavírus — um sinal pouco animador.
A Europa também trouxe um noticiário misto nesta quinta-feira: o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juros da região inalteradas, mas novamente indicou disposição em "usar instrumentos" para dar suporte à economia.
Por outro lado, a presidente da instituição, Christine Lagarde, disse que as perspectivas para a recuperação econômica da zona do euro ainda são incertas — ela vê um cenário de queda na inflação adiante, o que, de certa maneira, converge com o dado mostrado pela China mais cedo.
Por fim, nos EUA, os novos pedidos de seguro-desemprego na semana totalizaram 1,3 milhão, ficando ligeiramente acima das estimativas dos analistas, de 1,25 milhão — um resultado que ofusca a alta de 7,5% nas vendas no varejo do país em maio.
Vale lembrar que todos esses focos de incerteza surgiram num contexto de avanço da Covid-19 no mundo, especialmente nos EUA — o que eleva a preocupação quanto a um eventual retrocesso nos esforços para a reabertura da economia americana. Assim, os investidores optaram por assumir uma postura mais cautelosa hoje nas bolsas.
Tensões domésticas
Por aqui, tivemos um importante fator de instabilidade política: o presidente Jair Bolsonaro assinou o novo marco do saneamento, mas vetou o trecho que garantia a renovação dos contratos das empresas estaduais do setor por mais 30 anos — um item que foi negociado diretamente com as lideranças da Câmara e do Senado e que viabilizou a aprovação do texto no Congresso.
Ou seja: abriu-se um novo ponto de atrito entre o governo e os parlamentares — e, para os investidores, isso é sinônimo de risco ao avanço nas pautas econômicas e nos esforços para o ajuste fiscal.
Juros instáveis
As curvas de juros futuros abriram em alta nesta quinta-feira, viraram para queda e, durante a tarde, operaram sem uma tendência definida. O mercado, apesar de tudo, continua apostando em mais um corte na Selic na próxima reunião do Copom, em agosto:
- Janeiro/2021: de 2,05% para 2,04%;
- Janeiro/2022: de 3,05% para 2,99%;
- Janeiro/2023: de 4,13% para 4,12%;
- Janeiro/2025: de 5,61% para 5,60%.
Top 5
Veja abaixo os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa nesta quinta-feira:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
COGN3 | Cogna ON | 9,19 | +5,03% |
VVAR3 | Via Varejo ON | 19,00 | +2,98% |
VIVT4 | Telefônica Brasil ON | 49,75 | +2,75% |
TIMP3 | Tim ON | 15,55 | +2,57% |
BPAC11 | BTG Pactual units | 86,03 | +2,44% |
Confira também as cinco maiores baixas do índice:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
EMBR3 | Embraer ON | 8,26 | -6,14% |
GOLL4 | Gol PN | 21,03 | -4,19% |
BEEF3 | Minerva ON | 13,65 | -4,01% |
JBSS3 | JBS ON | 21,42 | -3,30% |
AZUL4 | Azul PN | 22,05 | -2,99% |
Fundos multimercados aumentam compras de ações brasileiras, e otimismo de gestores com economia local atinge máxima no ano
Pesquisa da XP mostra alocação na máxima do ano, com virada no sentimento sobre a economia local, que chegou a 40% de otimismo
Ibovespa bate novo recorde de fechamento com corte de juros nos EUA; mais cedo, índice chegou a romper os 146 mil pontos
Principal índice da bolsa brasileira fechou em alta de 0,93%, a 145.404,61 pontos; dólar teve leve alta de de 0,06%, a R$ 5,3012
BB Seguridade (BBSE3) lidera ranking de melhores pagadoras de dividendos, mas ação cai no ano; demais campeãs se valorizaram até 90%
Com exceção da seguradora do Banco do Brasil, todas as demais ações do top 10 se valorizaram no ano; duas construtoras de baixa renda figuram na lista
Ouro renova (de novo) as máximas históricas na véspera da decisão do Fed sobre juros dos EUA
A queda dos juros dos Treasurys e do dólar no exterior, assim como o clima de cautela em mercados acionários, contribuem para os ganhos do ouro hoje
Confiança em xeque: mercado de capitais brasileiro recebe nota medíocre em pesquisa da CVM e especialistas acendem alerta
Percepção de impunidade, conflitos de interesse e falhas de supervisão reforçam a desconfiança de investidores e profissionais no mercado financeiro brasileiro
Prio (PRIO3) sobe no Ibovespa após receber licença final para a instalação dos poços de Wahoo
A petroleira projeta que o início da produção na Bacia do Espírito Santo será entre março e abril de 2026
Dólar vai abaixo dos R$ 5,30 e Ibovespa renova máximas (de novo) na expectativa pela ‘tesoura mágica’ de Jerome Powell
Com um corte de juros nos EUA amplamente esperado para amanhã, o dólar fechou o dia na menor cotação desde junho de 2024, a R$ 5,2981. Já o Ibovespa teve o terceiro recorde dos últimos quatro pregões, a 144.061,64 pontos
FII BRCO11 aluga imóvel para M. Dias Branco (MDIA3) e reduz vacância
O valor da nova locação representa um aumento de 12% em relação ao contrato anterior; veja quanto vai pingar na conta dos cotistas do BRCO11
TRXF11 vai às compras mais uma vez e adiciona à carteira imóvel locado ao Assaí; confira os detalhes
Esse não é o primeiro ativo alugado à empresa que o FII adiciona à carteira; em junho, o fundo já havia abocanhado um galpão ocupado pelo Assaí
Ouro vs. bitcoin: afinal, qual dos dois ativos é a melhor reserva de valor em momentos de turbulência econômica?
Ambos vêm renovando recordes nos últimos dois anos à medida que as incertezas no cenário econômico internacional crescem e o mercado busca uma maneira de se proteger
Do Japão às small caps dos EUA: BlackRock lança 29 novos ETFs globais para investir em reais
Novos fundos dão acesso a setores, países e estratégias internacionais sem a necessidade de investir diretamente no exterior
Até onde vai o fundo do poço da Braskem (BRKM5), e o que esperar dos mercados nesta semana
Semana começa com prévia do PIB e tem Super Quarta, além de expectativa de reação dos EUA após condenação de Bolsonaro
Rio Bravo: “Momento é de entrada em fundos imobiliários de tijolo, não de saída”
Anita Scal, sócia e diretora de Investimentos Imobiliários da empresa, afirma que a perspectiva de um ciclo de queda da taxa de juros no Brasil deve levar as cotas dos fundos a se valorizarem
TRXF11 abocanha galpão locado pelo Mercado Livre (MELI34) — e quem vai ver o dinheiro cair na conta são os cotistas de um outro FII
Apesar da transação, a estimativa de distribuição de dividendos do TRXF11 até o fim do ano permanece no mesmo patamar
Ação da Cosan (CSAN3) ainda não conseguiu conquistar os tubarões da Faria Lima. O que impede os gestores de apostarem na holding de Rubens Ometto?
Levantamento da Empiricus Research revela que boa parte do mercado ainda permanece cautelosa em relação ao futuro da Cosan; entenda a visão
LinkedIn em polvorosa com Itaú, e o que esperar dos mercados nesta sexta-feira (12)
Após STF decidir condenar Bolsonaro, aumentam os temores de que Donald Trump volte a aplicar sanções contra o país
Ibovespa para uns, Tesouro IPCA+ para outros: por que a Previ vendeu R$ 7 bilhões em ações em ano de rali na bolsa
Fundo de pensão do BB trocou ações de empresas por títulos públicos em nova estratégia para reforço de caixa
TRBL11 recebe R$ 6 milhões em acordo por imóvel que é alvo de impasse com os Correios — agora o FII está de olho na disputa judicial contra a estatal
Segundo o gestor da Rio Bravo, o acordo “é apenas o começo” e, agora, o fundo imobiliário busca cobrar os Correios e voltar a ocupar o galpão com um novo inquilino
Banco do Brasil (BBAS3) supera a Vale (VALE3) em um quesito na bolsa; saiba qual
Os dados são de um levantamento mensal do DataWise+, parceria entre a B3 e a Neoway
Fundo imobiliário MFII11 mira novo projeto residencial na zona leste de São Paulo; veja os detalhes
O FII vem chamando atenção por sua estratégia focada em empreendimentos residenciais ligados ao Minha Casa, Minha Vida (MCMV)