O bilionário e fundador do maior fundo de investimentos do mundo, Ray Dalio, é aquele tipo de pessoa que vale a pena acompanhar, especialmente quando o assunto é crise.
Em sua última entrevista feita nesta semana para a Bloomberg TV, o gestor da Bridgewater Associates vê uma chance de 25% de que ocorra uma recessão nos Estados Unidos neste ano e no próximo.
Em sua defesa, ele disse que espera algo próximo de duas contrações consecutivas do PIB americano.
Mas não é só a retração que aflige. O gestor destacou ainda que os bancos centrais vão ficar cada vez mais sem capacidade de estimular a economia e os mercados.
Isso ocorre especialmente pelo fato de que muitos já reduziram bastante as taxas de juros e em alguns países ela está até mesmo negativa.
Em sua fala, ele citou alguns exemplos. Disse que tanto o Banco Central norte-americano (FED), como o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco do Japão terão que aprender a lidar com os novos instrumentos de política monetária.
"Tais bancos terão que enfrentar o fato de que quando a próxima recessão vier não haverá poder suficiente para reverter esse quadro da mesma forma que existia antes."
Mais cortes nos EUA
Em sua fala, ele recomendou que o FED faça mais cortes de forma lenta e sugeriu uma queda de 25 pontos-base.
Mesmo sem especificar se a tesourada já deve ser dada na próxima reunião que ocorre nos dias 17 e 18 deste mês, o investidor disse que o ideal é que ela não seja feita entre grandes janelas de tempo.
Segundo ele, a razão para o corte está ligada a uma confluência de fatores.
Entre eles, há a falta de eficiência das políticas monetárias dos bancos centrais, o aumento do "buraco" existente entre ricos e pobres, a aproximação das eleições norte-americanas e as difíceis relações comerciais existentes entre Estados Unidos e China.
Política do FED
Apesar de ter adotado uma postura de cautela, o FED cortou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual para o intervalo de 2% a 2,25% ao ano na última reunião de julho.
Antes, o range era de 2,25% a 2,5%. Tal faixa perdurou desde o fim do ano passado. A decisão não foi unânime, com dois diretores votando pela manutenção.
Agora, o mercado volta a falar em novos cortes, especialmente após a divulgação dos dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos.
Um dos argumentos para a manutenção das taxas era o de que esse mercado estava forte e, assim, não seriam necessários mais estímulos à economia.
Ao todo, foram criados 130 mil novos postos de trabalho nos EUA no mês passado, resultado abaixo do previso pelos analistas, que projetavam uma criação de 150 mil novas vagas no período. A taxa de desemprego no país ficou inalterada, em 3,7%.
Com a palavra, Powell
Ao participar hoje (6) de um debate na Suíça, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, manteve a mensagem de que a autoridade monetária vai atuar de forma apropriada para sustentar o crescimento da economia americana.
Ele reafirmou que o cenário base do Fed é de crescimento moderado da economia, mercado de trabalho forte e inflação em direção à meta de 2% ao ano.
Ao ser questionado se espera uma recessão no país, ele disse que esse não é o cenário mais provável para os EUA e para a economia mundial.
Para ele, as perspectivas são positivas com relação à economia porque o Fed conseguiu reduzir a expectativa com relação ao futuro das taxas de juros.