O mercado financeiro doméstico volta da pausa de dois dias por causa do Natal já se preparando para as comemorações de ano-novo, o que tende a reduzir a oscilação dos negócios em meio à baixa liquidez. Mas nem isso tem impedido um rali de fim de ano entre os ativos de risco, em meio aos sinais de reação da atividade global.
A sessão mais curta em Nova York na terça-feira foi arrastada. Mesmo assim, o Nasdaq cravou mais um recorde de fechamento, pela nona sessão consecutiva. Já o S&P 500 e o Dow Jones fecharam com leves baixas, próximos às máximas históricas, limitando os ajustes a serem feitos nos ativos locais hoje.
Ainda mais diante de uma agenda econômica novamente esvaziada. O fato é que os investidores estão mesmo aguardando a chegada de 2020, atentos ao rebalanceamento de carteiras em nível global, após os “gringos” ficarem de fora do rali da Bolsa brasileira neste ano, com a retirada de mais de R$ 40 bilhões da renda variável (mercado secundário).
Mas a ausência do investidor estrangeiro não impediu o Ibovespa de cravar um novo recorde no pregão da última segunda-feira, espremido entre o fim de semana e o feriado. Aparentemente, os protagonistas do mercado neste ano (fundos institucionais e pessoa física) que ainda não estavam posicionados resolveram entrar na atual tendência de alta.
Por isso, a expectativa é grande pela virada do ano, com a expectativa de mais recursos externos aportando no Brasil e acessando o mercado doméstico de ações. Se confirmado, esse movimento tende a aliviar o dólar, que começou a semana ainda próximo de R$ 4,10, enquanto os juros futuros já antecipam a discussão sobre um ciclo de alta da Selic.
Chega logo 2020
De qualquer forma, faltando três pregões em 2019, esses temas ficam adiados para 2020. No exterior, o próximo ano começa com a guerra comercial ainda dominando a cena. Desta vez, porém, é a assinatura do acordo de primeira fase entre Estados Unidos e China que concentra as atenções. A cerimônia deve acontecer em breve, quando detalhes do termo podem ser conhecidos.
Os investidores também estão atentos ao progresso das negociações comerciais sino-americanas em direção às próximas etapas, de modo a estabilizar os pontos acertados da fase inicial e a capacidade de resolver questões sensíveis e conflitantes entre as duas maiores economias do mundo. Por ora, o alcance maior do acordo envolve apenas a compra de produtos agrícolas dos EUA pela China.
Ainda assim, o assunto não teve forças para impulsionar as bolsas da Ásia, em meio a uma sessão esvaziada por causa do Natal, com muitos mercados da região fechados. Tóquio subiu 0,6%, enquanto Seul avançou 0,4% e Xangai teve alta de 0,9%. Já os índices futuros em Nova York amanheceram em alta, mostrando que Wall Street ainda não saiu de férias.
No velho continente, várias praças europeias permanecem fechadas hoje, por causa do Boxing Day. A data de compras com megadescontos e grandes liquidações celebrada no dia seguinte ao Natal também mantém a Bolsa da Austrália fechada. Na Ásia, não teve pregão em Hong Kong nem na Malásia.
Nos demais mercados, o barril do petróleo é negociado em alta, com o dólar perdendo terreno para a principais moedas rivais. O iene cai, enquanto o euro e a libra avançam. O ouro também se valoriza e volta à marca de US$ 1,5 mil por onça-troy. Já o rendimento (yield) do título norte-americano de 10 anos está de lado, rondando a faixa de 1,9%.
Agenda sem destaque
O calendário econômico doméstico traz as sondagens da FGV sobre os índices de confiança dos setores de comércio e de serviços em dezembro, às 8h, além dos dados sobre a entrada e saída de dólares do país (fluxo cambial) até a última sexta-feira e no acumulado do ano, às 14h30.
Já a agenda norte-americana traz dados semanais sobre os pedidos de auxílio-desemprego (10h30) e os estoques de petróleo (13h). No fim do dia, sai uma série de indicadores de atividade e inflação no Japão, além da ata da reunião do Banco Central japonês (BoJ). Na China, sai o lucro industrial em novembro.