Papéis do BTG Pactual desabam 18% com possível ligação do banco com esquema de lavagem de dinheiro
Os ativos do BTG Pactual voltam a cair forte na B3, em meio à possível ligação do banco com um esquema de lavagem de dinheiro
A possibilidade de envolvimento do BTG Pactual num esquema de lavagem de dinheiro faz com que os papéis do banco tenham uma nova sessão de perdas expressivas — um movimento que acabou afetando o desempenho das ações do setor bancário como um todo nesta segunda-feira (26).
As units do banco (BPAC11) terminaram o dia em forte queda de 18,48%, negociadas a R$ 46,46. Na última sexta-feira (23), os ativos desabaram 15,19%, em meio à deflagração de uma nova fase da Operação Lava Jato que tinha como alvos o BTG e a Petrobras.
A nova derrocada nos papéis ocorre após o site O Antagonista publicar que a Polícia Federal estaria investigando "esquemas extremamente sofisticados" de lavagem de dinheiro dentro do BTG Pactual — a denúncia, cuja íntegra foi disponibilizada pelo site, foi feita em 2016, por uma fonte anônima ligada ao banco.
De acordo com as informações do documento, o BTG Pactual teria um "departamento de operações estruturadas", semelhante ao visto na construtora Odebrecht. Um dos mecanismos citados pelo informante envolveria o uso de swaps de balcão não registrados na Cetip.
A nova turbulência ligada ao BTG acabou mexendo com as demais ações do setor bancário: os papéis do segmento já vinham apresentando desempenho negativo no pregão de hoje, mas aprofundaram levemente as perdas após a divulgação da notícia.
Mexeu com um, mexeu com todos
Após a divulgação da notícia, os papéis do Banco do Brasil ON (BBAS3) fecharam o pregão desta segunda-feira com queda leve de 0,47%, Bradesco PN (BBDC4) terminou em baixa de 1,03%, Bradesco ON (BBDC3) fechou com contração de 0,43% e Itaú Unibanco PN (ITUB4) terminou com perda de 0,03%, enquanto as ações ordinárias do banco fecharam em queda de 0,42%.
O Ibovespa, por sua vez, terminou o pregão desta segunda-feira também em queda de 1,27%, cotado em 96.429,60 pontos — confira aqui a cobertura completa dos mercados hoje.
Manifestação do presidente
Após toda a repercussão do caso, o banco convocou uma teleconferência no fim da tarde. O presidente do banco, Roberto Sallouti, disse que a matéria era "sensacionalista" e que estava "fora de contexto".
Ele destacou que "não há ainda processo, denúncia ou indiciamento". O presidente falou também que "essa é a terceira busca e apreensão que passamos no banco e que com o passar do tempo tudo será esclarecido".
E completou dizendo que "vazou um relato apócrifo de julho de 2016, de operações financeiras. Qualquer análise técnica dessas operações mencionadas são inexequíveis".
Sallouti relembrou que a instituição financeira passou por uma série de auditorias e por investigação independente. "Se caso alguma dessas operações existissem, não passaríamos por todas essas inspeções", afirmou o presidente.
Posicionamento do BTG Pactual
Questionado pelo Seu Dinheiro, o BTG enviou a seguinte nota:
Em relação a absurda notícia que faz menção a relatos apócrifos feitos em junho de 2016 sobre operações financeiras, o BTG Pactual nega veementemente qualquer irregularidade. Esclarece ainda que as operações mencionadas são fantasiosas e jamais poderiam ter sido sequer registradas nos sistemas de negociação existentes no Brasil e nunca teriam passado despercebidas pelas diversas auditorias e reguladores a que o BTG Pactual se submete.
O banco também enviou um "comunicado ao mercado", reforçando o posicionamento e anunciando uma teleconferência.
*Com Estadão Conteúdo
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