As posições no mercado futuro mostram uma firme mudança de postura dos investidores estrangeiros no mercado de índice futuro do Ibovespa. Em apenas nove pregões a “aposta” de alta, que somava quase 175 mil contratos, virou uma leve posição vendida, ou de queda, de 402 contratos.
Já tínhamos alertados para mudança de posição na semana passada. O que chama atenção é a velocidade de reversão, pois desde o começo de junho o não residente vinha carregando firme posição comprada, próxima a 150 mil contratos. Agora, a posição vendida volta a patamares não vistos desde o fim de maio.
A contraparte do estrangeiro nesse mercado é o investidor institucional (fundos de investimentos), que saiu de uma posição vendida de pouco mais de 180 mil contratos, para apenas 1.670 contratos vendidos. Assim, o mercado de Ibovespa futuro abre a semana “mais leve”, ou seja, sem grandes apostas para nenhum dos lados.
Segundo o sócio e fundador da Novus Capital, Luiz Eduardo Portella, o estrangeiro opera Brasil como um mercado emergente padrão. Quando o local estava pessimista, eles compraram índice, pois a perspectiva para emergentes estava melhorando.
Agora, diz Portella, com o cenário eleitoral mais positivo eles venderam a posição, pois há uma piora de cenário para emergentes em função da forte queda recente da bolsa americana.
Outra forma de ler a movimentação é que o estrangeiro realizou lucros quando o mercado melhorou e os fundos reduziram sua posição defensiva. Agora ambos estão à espera de melhores definições, tanto locais quanto externas, antes de montarem posições mais expressivas.
A função do Ibovespa futuro
Uma forma de ler as posições no Ibovespa futuro é como uma proteção (hedge) às oscilações no mercado à vista. Por exemplo. O investidor está comprado em bolsa no mercado à vista e vai proteger essa exposição no mercado futuro vendendo contratos de Ibovespa.
No entanto, o mercado também opera o Ibovespa futuro com um ativo em si. Podendo montar apostas de alta (comprado) ou de queda (vendido) no Ibovespa.
Olhando o fluxo de estrangeiros no mercado à vista, com dados até o dia 10, o resultado era positivo em R$ 1,9 bilhão na Bovespa. O institucional também tinha saldo positivo de R$ 1,277 bilhão no mesmo período. Vale lembrar que o não residente responde por mais de 48% do movimento da bolsa brasileira.
Posição no mercado de câmbio
No mercado de dólar futuro e cupom cambial (DDI, juro em dólar), o não residente seguiu comprando moeda americana na semana passada. O estoque de posição é de US$ 38,643 bilhões.
Na ponta de venda, estão os bancos, vendidos em US$ 18,3 bilhões, e os fundos de investimentos, também vendidos em US$ 22,7 bilhões.
A avaliação sobre possíveis perdas e ganhos com as posições é sempre feita em tese, pois não sabemos a que preço a compra ou venda foi feita. Além disso, esses agentes podem ter posições em moeda estrangeira no mercado à vista e em derivativos de balcão. Bancos, por regra, não podem ter exposição cambial direcional. É uma medida prudencial.