“O mercado internacional sabe avaliar muito bem os países emergentes”, afirmou Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, em evento do BNDES nesta quarta-feira (24). Diferentemente do que acontece no mercado interno, para Ceron, as últimas emissões de dívida do Brasil no exterior mostram que o prêmio de risco do país, exigido pelos investidores globais, está na mínima de anos.
No início deste mês, o Brasil foi a mercado com uma emissão de títulos soberanos de prazos de cinco e 30 anos, com vencimentos em 2030 e 2056, respectivamente. Ao todo, a operação captou US$ 3,25 bilhões — cerca de R$ 17,30 bilhões.
Nesta emissão, o título GLOBAL 2030, de cinco anos, fechou a uma taxa final de retorno de 5,2% ao ano.
Segundo Ceron, esta é a menor diferença em relação aos juros dos títulos de mesmo vencimento dos EUA, os Treasurys. Esta diferença é denominada spread, no jargão financeiro.
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“O papel de cinco anos saiu com o menor spread da história do Brasil. Mais do que olhar as discussões no mercado local, tem que olhar para o preço”, afirmou o secretário.
O título de 30 anos também surpreendeu. A taxa de 7,5% ao ano para o GLOBAL 2056 foi a menor em uma década para um papel com esse vencimento.
“Desde 2014 não vemos um spread tão baixo para um horizonte de 30 anos. E conseguimos isso em um momento de incerteza global muito significativa”, afirmou Ceron
Apetite internacional por ativos do Brasil
O secretário do Tesouro Nacional acredita que essa precificação prova como o Basil está bem posicionado em relação aos seus pares globais. Embora as taxas nominais sejam altas, Ceron ponderou que este valor não poderia ser menor devido às altas taxas dos EUA, que ainda estão na faixa de 4% a 4,25%.
“Para entender o prêmio de risco tem que olhar para o spread. E conseguimos spreads históricos em relação ao título mais seguro do mundo. Temos que reconhecer isso e olhar como uma oportunidade. O apetite externo pelo Brasil é muito grande”, disse.
Entretanto, Ceron não se esquivou dos problemas. Na opinião do secretário, os problemas que vivenciamos no Brasil são semelhantes ou piores do que outras economias vivem atualmente.
“Temos, sim, desafios. Temos que reconhecê-los e enfrentá-los, mas também temos que falar daquilo que é positivo no país e fazer um bom debate. Debater em cima de números, não de opiniões genéricas”, afirmou.