Microsoft: Entenda como a big tech superou caso antitruste e arquitetou império da nuvem e da IA
Quem acompanhou o surgimento meteórico da Microsoft na década de 1970 dificilmente poderia prever os altos e baixos que a empresa enfrentaria até se consolidar como uma das maiores gigantes da tecnologia na atualidade.
Antes de alcançar o posto de segunda empresa mais valiosa do mundo — segundo o Companies Market Cap — a Microsoft precisou reinventar por completo o modelo de negócios que marcou os seus primeiros passos.
Quando os amigos e sócios Bill Gates e Paul Allen decidiram fundar a Microsoft, em 1975, os computadores ainda eram uma realidade distante para a maioria das pessoas. E isso só foi mudar quando um computador pessoal chegou à indústria, o Altair 8800.
Na época, Gates e Allen tinham acesso ao que havia de mais avançado em tecnologia e perceberam que o computador, por si só, não tinha relevância sem um software que o tornasse funcional.
No terceiro episódio da temporada do Tech Riders – dedicada à história das 5 principais big techs: Alphabet, Apple, Microsoft, Meta e Amazon –, o especialista em tecnologia da Empiricus Asset, Pedro Carvalho, conta em detalhes a história da big tech.
“Nesse momento, eles decidem criar um interpretador BASIC para a nova máquina, com uma linguagem de programação mais acessível e democrática”, explica o especialista.
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Microsoft e IBM: a parceria histórica que tornou a big tech o pedágio obrigatório da era PC
Não demorou até a Microsoft receber uma proposta da IBM, uma das maiores empresas de tecnologia dos Estados Unidos. O pedido? Um novo sistema operacional para o seu novo computador pessoal, o famoso “PC”.
“Como eles não tinham um sistema próprio para vender, eles compraram um sistema chamado 86-DOS de uma pequena empresa por cerca de US$ 100 mil e depois licenciaram para a IBM como PC-DOS”, conta o especialista no programa Tech Riders (assista aqui na íntegra).
Na época, Bill Gates convenceu a IBM a permitir que eles pudessem vender sua própria versão, o MS-DOS, para outros fabricantes.
“A IBM não imaginou que outras empresas iriam clonar o seu PC, e quando isso aconteceu todos precisavam do MS-DOS. Foi assim que a Microsoft se tornou o pedágio obrigatório de toda a era do PC”, afirma o especialista em tecnologia.
Sem nenhum concorrente no desktop, a mudança de mentalidade da companhia foi natural, passou de conquistar para defender um império.
TECH RIDERS: CONHEÇA A HISTÓRIA DA MICROSOFT
‘Década perdida’: o processo da Netscape que tirou a Microsoft do jogo da inovação
A primeira ameaça real enfrentada pela companhia foi a internet, especificamente um navegador chamado Netscape.
O surgimento de um navegador que permitia acessar esses mesmos programas diretamente pela internet poderia tornar o sistema operacional um elemento secundário. Para enfrentar essa ameaça, a Microsoft usou o monopólio do Windows como uma arma.
Segundo Pedro, a empresa fechou acordos de exclusividade com fabricantes de PC e incluiu o Internet Explorer de graça ao sistema do Windows. Na prática, todo o PC vendido no mundo vinha com o programa.
A tática de sufocamento chamou a atenção do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que abriu um processo antitruste (investigação que visa combater práticas que prejudicam a concorrência de mercado) contra a Microsoft.
A partir dos anos 2000, a empresa viveu uma década perdida, assistiu praticamente da “arquibancada” o Google dominar a busca, a Apple reinventar o celular com o iPhone e o Facebook criar as redes sociais.
“As consequências do processo antitruste para a cultura corporativa da Microsoft foram devastadoras e traumatizantes. A empresa passou a ter uma cultura do medo que paralisou sua principal arma: a capacidade de reagir à concorrência”, complementa o especialista.
TECH RIDERS: CONHEÇA A HISTÓRIA DA MICROSOFT
Do processo antitruste à criação da Nuvem: entenda paradoxo que colocou a Microsoft de volta no jogo
A década perdida foi um verdadeiro paradoxo na história da Microsoft, isso porque, enquanto o mundo assistia aos fracassos do Windows Vista e do Windows Phone, estava acontecendo uma mudança radical na empresa.
“Steve Ballmer estava silenciosamente transformando a Microsoft em uma fortaleza corporativa. Ele criou uma máquina de fazer dinheiro com produtos de servidores, como o Exchange e o SQL, que gerava uma receita previsível de milhões”, explica o especialista.
Nessa época, o executivo Satya Nadella começou a gestar um projeto que mudaria a história da Microsoft: a plataforma de nuvem Azure.
Indo contra a lógica dominante da companhia, o CEO financiou uma nova era da Microsoft ao apostar no projeto de Nadella, investindo bilhões de dólares de lucro do Windows e do Office no financiamento de data centers globais.
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O arquiteto da nuvem e da IA: descubra a história completa da Microsoft no novo episódio do Tech Riders
Apesar da força tecnológica, a Microsoft continuava presa à mentalidade de que tudo precisava gerar em torno do Windows, cujas receitas entraram em declínio. Mas o cenário estava prestes a mudar.
Em 2014, Satya Nadella assumiu o cargo de CEO da companhia e passou a redesenhar o modelo de negócios da empresa. Nadella reconheceu que o Windows estava se tornando obsoleto e mudou o foco da empresa para a nuvem.
“A percepção foi radical: parar de lutar para que todos usassem Windows e, em vez disso, focar em prover a infraestrutura de nuvem para todos, independentemente do sistema operacional”, conta o especialista em tecnologia.
O que ninguém estava esperando é que esse passo foi decisivo para que a Microsoft assumisse a liderança da computação em nuvem e o futuro da inteligência artificial.
E, acredite, essa história não acaba aqui.
Para entender como a Microsoft se tornou a segunda empresa mais valiosa do mundo e está hoje ao lado de outras gigantes da tecnologia – como Alphabet, Amazon, Meta e Apple –, assista ao novo episódio completo do Tech Riders: