‘A política monetária é a maior responsável por altas na bolsa’, diz William Dominice, durante o Empiricus Asset Day

William Dominice, portfolio manager do BTG Pactual Synergy, explicou a relação entre corte dos juros e alta da bolsa no Brasil. A conversa aconteceu durante o Empiricus Asset Day, na última segunda-feira (15). 

O especialista explicou que ciclos de afrouxamento monetário são os principais responsáveis por impactos de alta no mercado acionário do país, pois as dívidas das empresas são afetadas pela Selic e, consequentemente, os resultados também. 

“Os juros são muito altos e impactam o resultado das companhias. Além disso, elas são muito alavancadas, então, os cortes na taxa básica têm um impacto direto nos ganhos”, completou. 

Cenários possíveis

Dominice participou de um bate-papo com George Chen, head de estratégias da Empiricus Asset, mediado por Rodolfo Amstalden, sócio-fundador da Empiricus Research, durante o painel “Ciclo Brasil: cenários possíveis”, que ocorreu no Empiricus Asset Day. 

Os participantes também falaram sobre o próximo período eleitoral, que já está no radar do mercado. 

“As eleições são sempre complicadas no Brasil, e eu acho que essa vai ser bem acirrada até o final. Então, o que você pode fazer é já se posicionar”, explicou Chen. 

Para isso, o head de estratégias prefere escolher empresas fortes, capazes de entregar retornos interessantes mesmo quando a renda fixa paga juros tão altos como agora. 

Ele citou o setor de utilidade pública (energia elétrica, saneamento e gás, por exemplo) e grandes bancos. 

William Dominice também falou sobre sua estratégia e revelou já estar posicionado para o início da queda dos juros. “Estatisticamente, o melhor momento para comprar ações no Brasil é 3 meses antes do início do ciclo de cortes da taxa Selic”, completa. 

O portfolio manager do BTG Pactual Synergy também gosta de empresas de utilidade pública (utilities), além do setor financeiro e de companhias ligadas ao consumo doméstico. Em sua visão, essas áreas são as mais sujeitas aos impactos positivos do afrouxamento monetário. 

Ao longo do painel, os especialistas deram mais detalhes sobre suas estratégias de alocação para 2026. Para conferir essa conversa na íntegra, acesse a gravação aqui.

Os painéis do Empiricus Asset Day

Além de Dominice, Chen e Amstalden, outros especialistas estiveram no palco do Empiricus Asset Day, em mais três painéis, onde discutiram temas importantes para os investimentos no ano que está prestes a começar. 

Perspectivas para 2026: A caminho do Hexa

A primeira apresentação do dia foi feita por Felipe Miranda, co-CEO e sócio-fundador da Empiricus Research. De forma clara, ele explicou os diferentes acontecimentos políticos e econômicos que se acumulam no cenário para os investimentos de 2026. 

As mudanças na política monetária também foram abordadas por ele, que se direcionou a quem ainda discute se o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) cortará ou não mais 25 pontos percentuais (p.p.) em sua próxima reunião. 

“Esquece, isso é ajuste fino. Quem tem um elefante voando na sala é o Brasil”, disse em referência à possibilidade de o novo ciclo de cortes reduzir em até 400 p.p. a taxa Selic.

A conjuntura política e o cenário eleitoral de 2026

Já é inevitável, a política foi assunto de todas as apresentações e conversas do Empiricus Asset Day, mas no terceiro painel o tema ganhou centralidade. O convidado foi o cientista político Cláudio Couto, professor da FGV EAESP, que analisou as transformações no poder no Brasil. 

Segundo Couto, desde 2015 o Congresso Nacional vem ampliando sua influência de forma consistente, movimento que enfraqueceu o presidencialismo de coalizão e abriu espaço para o que ele define como “governo congressual”. 

O controle crescente sobre recursos da União foi decisivo nesse processo. Paralelamente, o judiciário também passou a exercer papel mais ativo, em uma trajetória iniciada ainda no julgamento do mensalão. 

Na visão do professor, esse novo arranjo entre os poderes será determinante para o ambiente das eleições de 2026. Couto ainda explicou que a possível candidatura de Flávio Bolsonaro pode servir principalmente para preservar o projeto político da família. 

Para entender como tudo isso afetará as próximas eleições, confira a gravação do painel aqui.

O futuro do investidor pessoa física

O encerramento do evento reuniu Felipe Miranda e Marcelo Flora, managing partner do BTG Pactual. Flora apresentou a estratégia de expansão internacional do banco e ressaltou os benefícios para os clientes, que passam a acessar mais mercados e moedas. 

O executivo comentou ainda a expectativa de queda da taxa Selic em 2026, apontando o tema como um dos raros consensos em um ambiente tão polarizado como o atual. 

Ele também comentou o desempenho de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central (BC), uma posição que foi assumida sob preocupações do mercado financeiro, e compartilhou suas visões sobre o desempenho atual do governo federal.

A conversa completa pode ser assistida aqui.

Empiricus Asset Day 

A Empiricus Asset, gestora do mesmo grupo da Empiricus Research, realizou o Empiricus Asset Day no dia 15 de dezembro. 

O evento reuniu investidores e grandes profissionais para falar sobre temas como o cenário econômico local, a dinâmica das moedas fiduciárias e perspectivas para o investidor pessoa física em 2026, ano de eleições presidenciais no país. 

Afinal, antecipação, preparo e informações compartilhadas por especialistas de renome são fatores fundamentais para o sucesso nos investimentos. 

Os participantes ainda tiveram diferentes oportunidades de networking entre si e com os profissionais que estavam presentes. 

Se você perdeu o encontro, pode conferir a gravação dos painéis abaixo. O vídeo te leva para a playlist com os outros três. Aproveite.