A Vulcabras (VULC3) tem conquistado cada vez mais espaço — e corações — na Faria Lima. Com resultados em alta há 20 trimestres consecutivos e o pagamento mensal de dividendos, a companhia não atrai apenas os “tubarões” do mercado, como também também busca fisgar as “sardinhas” da bolsa.
A dona das marcas Olympikus, Under Armour e Mizuno já colecionava algumas recomendações de compra por parte de bancões como o BTG Pactual, XP e Itaú BBA.
Agora foi a vez do UBS BB iniciar a cobertura dos papéis, com um buy bem grande na lateral do relatório divulgado na última quinta-feira (16).
Por trás desse sucesso, está a estratégia go-to-market (GTM), desenvolvida pela companhia para usar dados de mercado a fim de impulsionar as vendas, enquanto captura participação no setor de artigos esportivos e evita a canibalização entre as marcas.
Quem contou os detalhes da estratégia em uma entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro foi o CFO da Vulcabras, Wagner Dantas:
“A gente desenvolveu esse sistema dentro de casa. Com ele, eu capto os dados de sell-out [venda] da maioria dos meus clientes. Quando lançamos uma coleção, já conseguimos entender — por região, perfil de loja, modelo e até cor — o que está vendendo bem e qual produto não se encaixou. Essa retroalimentação traz inteligência de mercado”, conta Dantas.
Você pode conferir a reportagem completa neste link.
Além dos dividendos, por que o UBS acredita que é hora de comprar as ações da Vulcabras?
De acordo com o banco, a empresa atua em um setor avaliado em cerca de R$ 32 bilhões e que está em franca expansão. Dentro do mundo dos calçados, os esportivos estão na frente: crescem acima da média e representam 58% da categoria, apoiados pela expansão da comunidade de corredores no Brasil.
“A Olympikus se destacou como o calçado mais usado na Maratona Internacional de São Paulo, com 29% dos participantes usando a marca, impulsionada pelo sucesso do modelo de performance “Corre”, responsável por mais de 20% da receita da Olympikus e o mais usado entre corredores brasileiros no app Strava”, escrevem os analistas Vinicius Strano, Isabella Lamas e Luca Biasi.
Esse é o principal fator que deve sustentar uma projeção de crescimento anual (CAGR) de 11% em cinco anos. Aliás, na visão do banco, a companhia está sendo subestimada pelo mercado.
Além disso, o modelo verticalmente integrado da Vulcabras — que abrange desenvolvimento de produto, fabricação local e distribuição — oferece uma vantagem competitiva essencial, com um tempo entre o início do desenvolvimento e a chegada Às prateleiras (time-to-market) de cerca de quatro meses, aproximadamente um terço do tempo dos principais concorrentes.
“Essa agilidade permite que a empresa responda rapidamente às tendências de consumo, ajude varejistas a manter estoques mais enxutos e sustente ganhos contínuos de participação de mercado”, diz o relatório.
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Menos pressão
O banco também avalia que os investimentos em mão de obra, que vinham pressionando as margens da companhia nos últimos trimestres, já foram normalizados — e, por isso, não são esperados novos impactos relevantes nessa frente.
“Não esperamos novos aumentos relevantes no quadro de funcionários, o que deve permitir à VULC retomar a expansão de margem, apoiada por um mix de produtos mais premium, crescimento do canal direto ao consumidor e alavancagem operacional. As margens devem subir de 21,2% em até o fim de 2025 para cerca de 22% a 23% no longo prazo”, escreve o time de análise do UBS BB.
No lado das matérias-primas, os principais insumos — PVC, EVA e resinas de PU — são de origem local. Caso esses materiais tenham aumento no preço, on banco ressalta que a empresa tem historicamente repassado a inflação de custos aos consumidores.
As despesas operacionais (SG&A) também devem se normalizar após o pico de gastos com marketing em 2025, com a alavancagem operacional promovendo uma diluição gradual. Os investimentos (capex) devem seguir trajetória semelhante, atingindo o pico em 2025 antes de recuar.
Isso, na visão do banco, deve sustentar um crescimento de lucro de 10%, geração de fluxo de caixa livre (FCF) e um dividend yield de 8%.
O UBS BB também projeta que a margem Ebitda (lucro antes de impostos, depreciação e amortização) se expanda cerca de 22,4% até o final de 2029, versus os 21,2% esperados para o final deste ano.
Isso indica que o banco espera uma melhora na eficiência operacional da empresa, ou seja, ela deve conseguir lucrar mais com o mesmo volume de receita.
O preço-alvo para os papéis é de R$ 24, um potencial de quase 23% de alta em relação ao fechamento da última quinta-feira (16).