O raio-x da Moody’s para quem investe em empresas brasileiras: quais devem sofrer o maior e o menor impacto dos juros altos
Aumento da Selic, inflação persistente e depreciação cambial devem pressionar a rentabilidade das companhias nacionais em diferentes graus, segundo a agência de classificação de risco
Marília Mendonça já dizia em uma música famosa que “ninguém vai sofrer sozinho, todo mundo vai sofrer” – e isso pode ser, de certa forma, aplicado ao mercado brasileiro em 2025. O aumento das taxas de juros, a inflação persistente e a depreciação cambial formam a receita para pressionar a rentabilidade das empresas nacionais.
É por isso que o investidor de ações precisa saber onde essa “tempestade perfeita” deve chegar com mais ou menos força – ou seja, quais empresas sofrerão de forma maior ou menor o impacto do cenário macroeconômico. E a Moody’s tem seus palpites.
Em relatório divulgado nesta quinta-feira (6), a agência de classificação de riscos revelou que, entre as empresas não financeiras com rating de crédito, o aumento do câmbio terá implicações maiores para aquelas que dependem de um real forte para manter o fluxo de caixa, além de terem grande parte da dívida em dólares.
VEJA MAIS: Onde investir em fevereiro? Analistas revelaram gratuitamente as principais recomendações de ações, FIIs, BDRs e criptomoedas para buscar lucros
“Os setores com alta alavancagem, como o imobiliário, serviços públicos e telecomunicações, são particularmente vulneráveis, porque geralmente dependem de financiamento baseado em dívida local significativa para manter suas operações e gastos de capital”, afirmam os analistas.
Dentre as empresas avaliadas pela Moody’s e listadas na B3, a que tem maior risco de crédito neste cenário é a Azul (AZUL4).
Leia Também
“A companhia aérea corre o risco de sofrer um duplo impacto em sua já apertada liquidez, devido ao efeito da depreciação do real sobre os custos e sua dívida denominada em dólares”, dizem os analistas.
A agência também destaca que a Azul tem exposição alta à depreciação cambial, mas sua exposição à dívida com taxa flutuante – aquela variável e que conta com a taxa interbancária mais um spread – é baixa, de um modo geral.
Vale lembrar que a Azul enfrenta um processo de reestruturação financeira e, nesta semana, anunciou o aumento de capital de até R$ 6,1 bilhões.
Além disso, ela também está prestes a apresentar documentação para um processo de fusão com a Gol (GOLL4), controlada pela Abra.
Em entrevista nesta manhã, o ministro de Porto e Aeroporto, Silvio Costa Filho, disse que o processo de fusão entre as empresas deve ser concluído em um prazo de 12 meses, segundo cálculo do governo. As ações AZUL4 fecharam o dia cotadas a R$ 3,93, numa alta de 3,93%.
As companhias com médio grau de risco, segundo a Moody’s
Outras companhias listadas na B3 e avaliadas pela agência têm um grau médio de risco de impacto do crédito.
É o caso da Raízen (RAIZ4), que tem um risco relativamente alto em consequência de um enfraquecimento do real ou de taxas mais elevadas, mas ainda conta com uma ampla liquidez para suportar esse período.
“Além disso, as vendas dos produtores de commodities e dos exportadores são precificadas em dólar dos EUA, e serão beneficiadas por receitas futuras mais altas em reais”, explicam.
VEJA TAMBÉM: SLC Agrícola (SLCE3) e +2 ações brasileiras são as favoritas dessa analista para buscar lucros em fevereiro; confira gratuitamente
Outras empresas que têm risco médio de crédito, protegidas por “colchões” sobre suas métricas ou por uma boa liquidez, segundo a Moody’s, são: Cosan (CSAN3), Movida (MOVI3), Simpar (SIMH3) e Hidrovias do Brasil (HBSA3).
“Por outro lado, Marfrig (MRFG3) [excluindo BRF] e CSN (CSNA3) enfrentam desempenho operacional mais difícil e apresentam métricas de crédito mais fracas, apesar da baixa exposição às taxas de juros e de câmbio”, destaca a agência.
Risco de crédito baixo
A Moody’s ainda revela, em seu relatório, outras companhias avaliadas que podem sofrer um impacto de crédito de grau baixo no cenário macroeconômico desenhado.
Vale ressaltar, aqui, que todo o estudo realizado pela agência considera o cenário-base de Selic a 15% ao ano e taxa de câmbio a US$ 6,20.
Algumas das empresas citadas no relatório são: Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4), Suzano (SUZB3), Braskem (BRKM5) e JBS (JBSS3).
A agência ainda faz menção a companhias como a locadora de veículos Localiza (RENT3), a empresa de logística RUMO (RAIL3), a Ambev (ABEV3) e a fabricante de aviões Embraer (EMBR3).
‘Protegidas’ pelo hedge cambial
A agência de classificação de risco esclarece que as empresas brasileiras de infraestrutura têm risco limitado em meio a um enfraquecimento do real.
Isso acontece em consequência de seus hedges naturais, uma vez que sua receita e dívida são denominadas em dólares ou elas usam mecanismos de hedge para aliviar o risco cambial.
E MAIS: Os melhores ativos para investir com a alta da Selic – analistas explicam como capturar lucros na renda variável em meio à taxa básica de juros em 13,25%
“A maior parte delas tem alguma exposição ao aumento das taxas de juros, mas vários fatores mantêm o risco de crédito baixo de um modo geral”, destaca.
Exemplos dessas companhias são duas elétricas “famosas” da bolsa: a Eletrobras (ELET6) e Cemig (CMIG4).
Por fim, os bancos
É claro que os bancos constituem outra parcela profundamente afetada no setor empresarial pelo aperto monetário.
Segundo os analistas, as taxas de juros mais altas afetam as margens líquidas de juros de forma diferente entre essas instituições, de acordo com a carteira de empréstimos de cada um e sua capacidade de reavaliar tais empréstimos em resposta ao aumento dos custos de captação.
Os bancos com exposição significativa a empréstimos de taxa fixa de longa duração enfrentam dificuldades para se ajustar a um aumento dos custos de captação durante um ciclo de aperto monetário, de acordo com a agência.
“Um limite regulatório para empréstimos consignados para aposentados e pensionistas manterá as margens dos bancos reduzidas, uma vez que eles dependem mais desses empréstimos. Isso provavelmente forçará alguns a reduzir a originação de empréstimos, reduzindo seus volumes de negócios e, finalmente, seus resultados financeiros.”
Diante disso, algumas das instituições bancárias avaliadas que possuem uma dependência relativamente alta desses empréstimos consignados, segundo a Moody’s, são: Banco BMG (BMGB4), Banco Mercantil (BMEB4), Banco do Estado do Rio Grande do Sul (BRSR6) e Banco de Brasília (BSLI4).
Nvidia (NVDC34) tem resultados acima do esperado no 3T25 e surpreende em guidance; ações sobem no after market
Ações sobem quase 4% no after market; bons resultados vêm em meio a uma onda de temor com uma possível sobrevalorização ou até bolha das ações ligadas à IA
Hora de vender MOTV3? Motiva fecha venda de 20 aeroportos por R$ 11,5 bilhões, mas ação não decola
O valor da operação representa quase um terço dos R$ 32 bilhões de valor de mercado da empresa na bolsa. Analistas do BTG e Safra avaliam a transação
Nem o drible de Vini Jr ajudaria: WePink de Virginia fecha acordo de R$ 5 milhões após denúncias e fica proibida de vender sem estoque
Marca da influenciadora terá que mudar modelo de vendas, reforçar atendimento e adotar controles rígidos após TAC com o MP-GO
Patria dá mais um passo em direção à porta: gestora vende novo bloco de ações da Smart Fit (SMFT3), que entram em leilão na B3
Conforme adiantado pelo Seu Dinheiro em reportagem exclusiva, o Patria está se preparando para zerar sua posição na rede de academias
BRB contratará auditoria externa para apurar fatos da operação Compliance da PF, que investiga o Banco Master
Em comunicado, o banco reafirma seu compromisso com as melhores práticas de governança, transparência e prestação de informações ao mercado
O futuro da Petrobras (PETR4): Margem Equatorial, dividendos e um dilema bilionário
Adriano Pires, sócio-fundador do CBIE e um dos maiores especialistas em energia do país, foi o convidado desta semana do Touros e Ursos para falar de Petrobras
ChatGPT vs. Gemini vs. Llama: qual IA vale mais a pena no seu dia a dia?
A atualização recoloca o Google na disputa com o ChatGPT e o Llama, da Meta; veja o que muda e qual é a melhor IA para cada tipo de tarefa
Magazine Luiza (MGLU3) e Americanas (AMER3) fecham parceria para o e-commerce; veja
Aliança cria uma nova frente no e-commerce e intensifica a competição com Mercado Livre e Casas Bahia
Governador do DF indica Celso Eloi para comandar o BRB; escolha ainda depende da Câmara Legislativa
A nomeação acontece após o afastamento judicial de Paulo Henrique Costa, em meio à operação da PF que mira irregularidades envolvendo o Banco Master
Ele foi o segundo maior banco privado do Brasil e seu jingle resistiu ao tempo, mas não acabou numa boa
Do auge ao colapso: o caso Bamerindus marcou o FGC por décadas como um dos maiores resgates do FGC da história — até o Banco Master
Cedae informa suspensão do pagamento do resgate de CDBs do Banco Master presentes na sua carteira de aplicações
Companhia de saneamento do Rio de Janeiro não informou montante aplicado nos papéis, mas tinha R$ 248 milhões em CDBs do Master ao final do primeiro semestre
A história do banco que patrocinou o boné azul de Ayrton Senna e protagonizou uma das maiores fraudes do mercado financeiro
Banco Nacional: a ascensão, a fraude contábil e a liquidação do banco que virou sinônimo de solidez nos anos 80 e que acabou exposto como protagonista de uma das maiores fraudes da história bancária do país
Oncoclínicas (ONCO3) confirma vencimento antecipado de R$ 433 milhões em CDBs do Banco Master
Ações caem forte no pregão desta terça após liquidação extrajudicial do banco, ao qual o caixa da empresa está exposto
Por que Vorcaro foi preso: PF investiga fraude de R$ 12 bilhões do Banco Master para tentar driblar o BC e emplacar venda ao BRB
De acordo com informações da Polícia Federal, o fundador do Master vendeu mais de R$ 12 bilhões em carteiras de crédito inexistentes ao BRB e entregou documentos falsos ao Banco Central para tentar justificar o negócio com o banco estatal de Brasília
Banco Central nomeia liquidante do Banco Master e bloqueia bens de executivos, inclusive do dono, Daniel Vorcaro
O BC também determinou a liquidação extrajudicial de outras empresas do grupo, como a corretora, o Letsbank e o Banco Master de Investimento
Cloudflare cai e arrasta X, ChatGPT e outros serviços nesta terça-feira (18)
Falha em um dos principais provedores de infraestrutura digital deixou diversos sites instáveis e fora do ar
Liquidado: de crescimento acelerado à crise e prisão do dono, relembre como o Banco Master chegou até aqui
A Polícia Federal prendeu o dono da empresa, Daniel Vorcaro, em operação para apurar suspeitas de crimes envolvendo a venda do banco para o BRB, Banco de Brasília.
BTG Pactual (BPAC11) quer transformar o Banco Pan (BPAN4) em sua subsidiária; confira proposta
Segundo fato relevante publicado, cada acionista do Pan receberá 0,2128 unit do BTG para cada ação, exceto o Banco Sistema, que já integra a estrutura de controle. A troca representa um prêmio de 30% sobre o preço das ações preferenciais do Pan no fechamento de 13 de outubro de 2025
Polícia Federal prende Daniel Vorcaro, dono do Banco Master; BC decreta liquidação extrajudicial da instituição
O Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial do Master, que vinha enfrentando dificuldades nos últimos meses
Azzas 2154 (AZZA3) e Marcopolo (POMO4) anunciam mais de R$ 300 milhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP)
Dona da Arezzo pagará R$ 180 milhões, e fabricante de ônibus, R$ 169 milhões, fora os JCP; veja quem tem direito aos proventos
