Do varejo à nuvem: como o Magazine Luiza (MGLU3) quer diversificar seus negócios e crescer em um mercado dominado por big techs
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Christian “Kiko” Reis, diretor do Magalu Cloud, afirma que a empresa quer capturar oportunidades no setor em expansão com serviços mais baratos que os das empresas tradicionais
Quando o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumenta a Selic, as varejistas já sabem que vem dificuldade por aí. É que, com o crédito mais caro, muita gente acaba adiando a compra da tão sonhada geladeira nova ou daquela TV de 75 polegadas.
Com a inflação em alta, juros elevados, endividamento das empresas, queda no consumo da população, concorrência forte no e-commerce nacional e internacional e mais clientes inadimplentes, ter dinheiro em caixa virou uma questão de sobrevivência para as varejistas.
No sobe e desce dos juros, os móveis e eletrodomésticos vêm aos poucos deixando de ser o único “ganha-pão” destas empresas, que hoje apostam nos mais variados negócios.
Magalu Cloud: a aposta do Magazine Luiza no setor de computação em nuvem
O ano era 2021 quando o Magazine Luiza (MGLU3), por exemplo, deu os primeiros passos no mercado de computação em nuvem. Primeiro, a empresa testou seus novos serviços com clientes do próprio marketplace e depois abriu para o restante do mercado em 2023.
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Christian “Kiko” Reis, diretor da Magalu Cloud, afirma que a oportunidade de criar um novo negócio em tecnologia surgiu a partir das dificuldades enfrentadas na própria operação do grupo Magazine Luiza — a empresa da família Trajano foi uma das primeiras a adotar a nuvem pública no Brasil, há mais de 15 anos.
“Como usuário, o Magalu sempre utilizou muita cloud pública, sendo um dos nossos maiores custos operacionais. Percebemos que essa também era uma dor do mercado: infraestrutura digital cara, poucas opções de fornecedores e dificuldade em quebrar a barreira econômica do alto custo”, disse o executivo, que atua no grupo desde 2020.
Leia Também
BRK Ambiental: quem é a empresa que pode quebrar jejum de IPO após 4 anos sem ofertas de ações na bolsa brasileira
A cloud pública, ou nuvem pública — como a oferecida pelo Magalu Cloud, AWS, Azure ou Google Cloud, entre outras —, é um tipo de computação em nuvem onde empresas e pessoas podem usar serviços de tecnologia sem precisar ter servidores próprios.
Toda a infraestrutura é gerenciada por esses provedores e compartilhada entre vários clientes pela internet, permitindo acesso a servidores, armazenamento e bancos de dados.
VEJA MAIS: 3 categorias de ações para buscar proteção e retorno no atual cenário econômico
Geração de receita além das lojas de varejo
Sem revelar valores, Christian Reis afirma que os gastos do grupo com nuvem pública são uma parte significativa do custo operacional da varejista brasileira. Hoje, no entanto, 30% da operação digital do grupo Magalu já está na própria nuvem do Magalu Cloud.
Além da redução de custos, a nova empresa se tornou uma fonte alternativa de receita, hoje algo essencial para as varejistas que querem sobreviver aos desafios macroeconômicos.
“O Magalu é novo nesse negócio, mas vemos um grande potencial de geração de receita. Essa iniciativa faz parte da estratégia de diversificação do grupo e está alinhada ao histórico do Magalu, que sempre esteve na vanguarda da inovação em infraestrutura”, disse o diretor.
“Fomos os primeiros usuários de cloud no Brasil e já realizamos diversos projetos nessa área. Então tomamos a decisão de lançar uma cloud pública acessível e competitiva.”

O mercado de nuvem: oportunidade de expansão
O mercado de computação em nuvem não para de crescer, puxado principalmente pelo avanço de tecnologias como a Inteligência Artificial (IA). De acordo com a última projeção do Gartner, os investimentos em nuvem pública devem bater US$ 723,4 bilhões em 2025, um aumento considerável em relação aos US$ 595,7 bilhões esperados para 2024.
Outro relatório da Mordor Intelligence indica que esse mercado deve movimentar US$ 1,44 trilhão globalmente até 2029. Já o Brasil está entre os cinco países com maior crescimento no consumo de computação em nuvem, ao lado de nações como Índia, Japão e Itália.
Concorrência com gigantes?
De acordo com estimativas do Synergy Research Group para o terceiro trimestre de 2024, a Amazon Web Services (AWS) lidera o mercado global de infraestrutura em nuvem, com 31% de participação. Em seguida, vem a Azure, da Microsoft, com 20%, e o Google Cloud, com 11%. Juntas, essas três gigantes controlam mais de 60% do setor no mundo.
Apesar de ser novata no setor, o Magalu Cloud quer se posicionar como uma alternativa nacional e mais acessível em um mercado dominado por gigantes como Amazon e Microsoft.
No entanto, a ideia não é competir diretamente com essas big techs, mas sim aproveitar o espaço para crescer no país, especialmente entre pequenos e médios negócios que vendem no marketplace da varejista — embora seu público não se limite a eles.
“Nossa visão não é disputar uma fatia de um mercado fixo. Queremos ser uma alternativa relevante com diferencial na entrega e na proximidade com o cliente final”, diz Reis.
“Em mercados em expansão, como a nuvem pública, não enxergamos os grandes players apenas como concorrência difícil, onde seria preciso ‘roubar’ espaço deles. O verdadeiro desafio é capturar as novas oportunidades que surgem com essa expansão.”
Com um ano de operação pública, o Magalu Cloud já tem mais de 2.500 clientes, tanto pessoas físicas quanto jurídicas, e 400 colaboradores, que atuam a partir de sete países.
O portfólio de clientes da empresa é diversificado, atendendo desde startups do setor de varejo digital até empresas de call center, seguradoras e pessoas físicas. A operação é suportada por data centers situados em São Paulo e Fortaleza, no Ceará.
LEIA MAIS: Guia gratuito do BTG sobre a temporada de balanços – saiba os destaques das maiores empresas da bolsa no 4º tri de 2024
Os próximos passos do Magalu Cloud
Nos últimos meses, o Magalu Cloud tem trabalhado em novos serviços. Em abril de 2024, foram lançados produtos nas áreas de armazenamento, como o Object Storage (armazenamento de dados escalável), o Turia IAM (gerenciamento de contas corporativas e de terceiros), e o ID Magalu (autenticação única para acessar diversos serviços online).
No ano passado, a empresa fechou uma parceria estratégica com a Dell para o serviço de Object Storage da companhia, permitindo que seus clientes realizem backups e transferências de grandes volumes de dados no Magalu Cloud, otimizando tempo e custos.
No segundo semestre, a empresa também lançou o Block Storage, de eficiência e segurança dos dados, e as Virtual Machines, de poder computacional sob demanda.
Para 2025, segundo Kiko Reis, o objetivo é seguir expandindo o portfólio e buscar novas oportunidades de clientes. Kognita, Unite e iCasei estão entre os clientes atuais.
“Hoje, o Magalu gera dezenas de bilhões em GMV (Volume Bruto de Mercadoria), e a ideia é que a nuvem seja um negócio que atinja essa mesma escala. Além disso, tem a redução de custos do grupo e contribui para uma margem maior”, diz o diretor da empresa.
“Como é um modelo mais focado em tecnologia, a margem de um negócio de infraestrutura digital é muito mais alta do que no varejo, onde o foco está na entrega de produtos para o cliente final. É um investimento estratégico de longo prazo”.
De sucos naturais a patrocínio ao campeão da Fórmula 1: quem colocou R$ 10 mil na ação desta empresa hoje é milionário
A história da Monster Beverage, a empresa que começou vendendo sucos e se tornou uma potência mundial de energéticos, multiplicando fortunas pelo caminho
Oi (OIBR3) ganha mais fôlego para pagamentos, mas continua sob controle da Justiça, diz nova decisão
Esse é mais um capítulo envolvendo a Justiça, os grandes bancos credores e a empresa, que já está em sua segunda recuperação judicial
Larry Ellison, cofundador da Oracle, perdeu R$ 167 bilhões em um só dia: veja o que isso significa para as ações de empresas ligadas à IA
A perda vem da queda do valor da empresa de tecnologia que oferece softwares e infraestrutura de nuvem e da qual Ellison é o maior acionista
Opportunity acusa Ambipar (AMBP3) de drenar recursos nos EUA com recuperação judicial — e a gestora não está sozinha
A gestora de recursos a acusa a Ambipar de continuar retirando recursos de uma subsidiária nos EUA mesmo após o início da RJ
Vivara (VIVA3) inicia novo ciclo de expansão com troca de CEO e diretor de operações; veja quem assume o comando
De olho no plano sucessório para acelerar o crescmento, a rede de joalherias anunciou a substituição de sua dupla de comando; confira as mudanças
Neoenergia (NEOE3), Copasa (CSMG3), Bmg (BMGB4) e Hypera (HYPE3) pagam juntas quase R$ 1,7 bilhão em dividendos e JCP
Neoenergia distribui R$ 1,084 bilhões, Copasa soma R$ 338 milhões, Bmg paga R$ 87,7 milhões em proventos e Hypera libera R$ 185 milhões; confira os prazos
A fome pela Petrobras (PETR4) acabou? Pré-sal é o diferencial, mas dividendos menores reduzem apetite, segundo o Itaú BBA
Segundo o banco, a expectativa de que o petróleo possa cair abaixo de US$ 60 por barril no curto prazo, somada à menor flexibilidade da estatal para cortar capex, aumentou preocupações sobre avanço da dívida bruta
Elon Musk trilionário? IPO da SpaceX pode dobrar o patrimônio do dono da Tesla
Com avaliação de US$ 1,5 trilhão, IPO da SpaceX, de Elon Musk, pode marcar a maior estreia da história
Inter mira voo mais alto nos EUA e pede aval do Fed para ampliar operações; entenda a estratégia
O Banco Inter pediu ao Fed autorização para ampliar operações nos EUA. Entenda o que o pedido representa
As 8 ações brasileiras para ficar de olho em 2026, segundo o JP Morgan — e 3 que ficaram para escanteio
O banco entende como positivo o corte na taxa de juros por aqui já no primeiro trimestre de 2026, o que historicamente tende a impulsionar as ações brasileiras
Falta de luz causa prejuízo de R$ 1,54 bilhão às empresas de comércio e serviços em São Paulo; veja o que fazer caso tenha sido lesado
O cálculo da FecomercioSP leva em conta a queda do faturamento na quarta (10) e quinta (11)
Nubank busca licença bancária, mas sem “virar banco” — e ainda pode seguir com imposto menor; entenda o que está em jogo
A corrida do Nubank por uma licença bancária expõe a disputa regulatória e tributária que divide fintechs e bancões
Petrobras (PETR4) detalha pagamento de R$ 12,16 bilhões em dividendos e JCP e empolga acionistas
De acordo com a estatal, a distribuição será feita em fevereiro e março do ano que vem, com correção pela Selic
Quem é o brasileiro que será CEO global da Coca-Cola a partir de 2026
Henrique Braun ocupou cargos supervisionando a cadeia de suprimentos da Coca-Cola, desenvolvimento de novos negócios, marketing, inovação, gestão geral e operações de engarrafamento
Suzano (SUZB3) vai depositar mais de R$ 1 bilhão em dividendos, anuncia injeção de capital bilionária e projeções para 2027
Além dos proventos, a Suzano aprovou aumento de capital e revisou estimativas para os próximos anos. Confira
Quase R$ 3 bilhões em dividendos: Copel (CPLE5), Direcional (DIRR3), Minerva (BEEF3) e mais; confira quem paga e os prazos
A maior fatia dessa distribuição é da elétrica, que vai pagar R$ 1,35 bilhão em proventos aos acionistas
Cade aprova fusão entre Petz (PETZ3) e Cobasi com exigência de venda de lojas em SP
A união das operações cria a maior rede pet do Brasil. Entenda os impactos, os “remédios” exigidos e a reação da concorrente Petlove
Crise nos Correios: Governo Lula publica decreto que abre espaço para recuperação financeira da estatal
Novo decreto permite que estatais como os Correios apresentem planos de ajuste e recebam apoio pontual do Tesouro
Cyrela (CYRE3) propõe aumento e capital e distribuição bilionária de dividendos, mas ações caem na bolsa: o que aconteceu?
A ideia é distribuir esses dividendos sem comprometer o caixa da empresa, assim como fizeram a Axia Energia (AXIA3), ex-Eletrobras, e a Localiza, locadora de carros (RENT3)
Telefônica Brasil (VIVT3) aprova devolução de R$ 4 bilhões aos acionistas e anuncia compra estratégica em cibersegurança
A Telefônica, dona da Vivo, vai devolver R$ 4 bilhões aos acionistas e ainda reforça sua presença em cibersegurança com a compra da CyberCo Brasil
