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Enquanto Trump impõe tarifa de 50% ao café brasileiro, China abre as portas para quase 200 empresas do setor

Asiático tomando café um xícara branca.

China habilita novas empresas brasileiras para exportar café ao país

No tabuleiro da guerra comercial, o café virou peça estratégica. Na última semana, o governo dos Estados Unidos oficializou a tarifa de 50% sobre o café brasileiro, uma decisão que ameaça diretamente o principal mercado do produto.

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Entretanto, no mesmo dia em que Donald Trump assinava a ordem executiva com seu tarifaço, a China movia uma peça na direção oposta: habilitou 183 novas empresas brasileiras a exportar café ao país asiático, abrindo caminho para um redirecionamento das exportações e, quem sabe, um novo capítulo nas relações comerciais do setor.

O anúncio foi feito pela Embaixada da China no Brasil na rede X (antigo Twitter). “O café vem conquistando espaço no dia a dia dos chineses”, informa a postagem.

Segundo a publicação, a medida foi aprovada pela Administração-Geral das Alfândegas da China (GACC), entrou em vigor no dia 30 de julho e terá validade de cinco anos. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, endossou a iniciativa ao compartilhar a publicação em suas redes sociais.

Pequim esquenta a chaleira

Apesar de ainda representar um mercado incipiente, a China começa a dar sinais de que pode se tornar uma grande compradora de café brasileiro.

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Em 2024, o país foi apenas o 14º maior destino do produto, segundo o Agrostat — sistema oficial do governo federal que reúne estatísticas sobre o comércio exterior do agronegócio.

Ainda assim, os números já mostram um caminho de crescimento: foram 55,9 mil toneladas exportadas no ano passado, com receita de US$ 216,2 milhões.

Só no primeiro semestre de 2025, esse volume já alcançou 31,5 mil toneladas, movimentando quase US$ 197 milhões.

Já o Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), que adota outra metodologia, posiciona a China como o 10º principal destino no primeiro semestre deste ano, com 529.709 sacas de 60 kg.

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O número representa cerca de um sexto do volume exportado aos Estados Unidos, que lideram o ranking com 3,3 milhões de sacas no mesmo período.

De acordo com a embaixada chinesa, entre 2020 e 2024 as importações líquidas de café pela China cresceram 13,08 mil toneladas, o que representa uma alta de 6,5 vezes.

Ainda que o consumo interno siga modesto — apenas 16 xícaras per capita por ano, frente à média global de 240 —, o ritmo de crescimento sinaliza um mercado em transformação, com espaço de sobra para o café brasileiro ganhar terreno.

Enquanto isso, os Estados Unidos, o maior comprador do café brasileiro com 471,5 mil toneladas adquiridas em 2024, deram um recado amargo ao setor: a partir de 6 de agosto o grão será taxado em 50%.

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A sobretaxa consta da Ordem Executiva assinada por Donald Trump em 30 de julho, que exclui o café da lista de cerca de 700 exceções tarifárias, que contemplam produtos como suco de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis.

Redirecionamento à vista

A possível perda de acesso preferencial ao mercado norte-americano acendeu o alerta entre os exportadores. 

Segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil, os produtores brasileiros poderão ser forçados a redirecionar sua produção para outros mercados, exigindo “agilidade logística e estratégia comercial” para mitigar os prejuízos à cadeia produtiva nacional.

Vale lembrar que em 2024, a Luckin Coffee, maior rede de cafeterias da China — com mais de 22 mil lojas espalhadas pelo país — firmou um memorando de entendimento com a ApexBrasil para comprar 240 mil toneladas de café brasileiro entre 2025 e 2029. O acordo pode gerar uma receita estimada de US$ 2,5 bilhões.

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A empresa já é a principal importadora de café brasileiro no país, tanto de grãos verdes quanto especiais.

Diante das últimas movimentações, o setor pode começar a enxergar a xícara meio cheia. Com as portas se fechando em Washington, Pequim parece cada vez mais disposta a servir o próximo gole.

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