É um excelente momento para ser brasileiro — pelo menos, na visão de Thomas Wu, economista-chefe da Itaú Asset. Para o especialista, a atual postura de Donald Trump e as turbulências nas relações dos Estados Unidos com parceiros econômicos criam uma janela de oportunidades para o Brasil.
“Tudo o que está acontecendo é excepcional para o Brasil. É um excelente momento para ser brasileiro. Eu sei que pode não parecer assim, mas o mundo está muito a favor da gente”, afirmou Wu, durante o Inter Invest Summit 2025.
A análise de Wu se baseia nas relações amigáveis que o Brasil mantém com países fora dos Estados Unidos. À medida que as tensões aumentam no solo norte-americano e os parceiros comerciais buscam alternativas, o Brasil se coloca como uma opção atrativa.
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“Todo mundo quer fazer negócios com o Brasil por causa dessas tarifas. A China está cortejando a gente. A Europa quer negociar com a gente porque somos uma região politicamente neutra. Tomara que a gente continue assim, porque, se tomarmos partido, é como rasgar dinheiro”, disse o economista.
Os juros no Brasil
Quando o assunto é a política monetária, porém, a visão de Wu é mais cautelosa. “O Banco Central está com essa taxa de juros de 15%. É ridículo termos um nível de 15%. Mas por que os juros estão em 15%? Porque a inflação está alta. A inflação é um imposto extremamente injusto. Quanto menor sua renda, maior o imposto que você paga”, avaliou.
Segundo ele, para que a inflação deixe de ser um problema, ela precisa ser baixa o suficiente para que as pessoas deixem de pensar nela — e ele acredita que 3% é o limite.
O Banco Central, por sua vez, já adotou uma postura mais hawkish em relação à política monetária, com uma linguagem mais dura quanto às sinalizações futuras de juros, deixando claro que não se deve esperar um corte imediato.
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Para Ian Lima, gestor de renda fixa da Inter Asset, inclusive seria prematuro o Banco Central abandonar o tom duro que tem usado.
Ele acredita que a postura mais restritiva tem o objetivo de reduzir ainda mais as expectativas de inflação e permitir cortes mais profundos no futuro.
Na leitura do especialista, a primeira milha da melhora desinflacionária já começou. “Esse aperto já vem começando a impactar as expectativas futuras em relação à meta de inflação. Isso começou a acontecer de uma forma muito lenta e só recentemente. Acho que o Banco Central ainda quer curtir um pouco desse efeito restritivo, para não ter que arremeter. Porque o que todo mundo quer no final do dia é um juro terminal mais baixo.”