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Brasil na mira de Trump: o que o tarifaço de 50% revela sobre a relação com os EUA

João Piccioni, CIO da Empiricus Asset, em participação no podcast Touros e Ursos

Dias antes de 1º agosto, data em que o famigerado tarifaço de 50% de Donald Trump contra o Brasil entraria em vigor, o governo dos Estados Unidos divulgou o decreto com uma extensa lista de isenções — e adiou a data de início

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Se, por um lado, a medida ficou mais frouxa do lado econômico, a corda esticou mais do lado político. No mesmo dia, os EUA anunciaram sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. 

Toda a situação é inédita — no Brasil e no mundo.  Afinal, quais os impactos para a economia? Como o discurso de soberania nacional influencia o cenário? 

O podcast Touros e Ursos desta semana recebeu João Piccioni, CIO da Empiricus Asset, para debater o assunto e a melhor forma de investir diante de tanta incerteza.

Impactos econômicos e setores mais afetados 

Piccioni afirma que não está claro se as isenções à tarifa de importação adicional de 40% é um cenário tão melhor assim para o Brasil. 

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Para ele, algumas empresas, como Suzano (SUZB3) e Embraer (EMBR3), de fato, ficaram melhores na foto. Entretanto, a própria Suzano, e outros nomes, como Gerdau (GGBR4), consideram intensificar suas operações externas. 

Em certa medida, esse é um impacto indireto relevante para o país. 

Piccioni acredita que os efeitos reais só poderão ser observados mais para o final do ano, depois de as tarifas terem efeitos práticos e algum tempo de maturação. 

“O efeito de segunda ordem passa naturalmente pelas relações de outros países com o Brasil. Você não tem mais os Estados Unidos, então é óbvio que outros países vão pressionar os nossos produtores locais e a gente vai sentir isso na margem. Todo mundo vai tentar ganhar um precinho com o Brasil”, diz o CIO da Empiricus. 

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A bolsa do Brasil ficou para trás?  

O Brasil foi um "grande trade" no primeiro semestre do ano, mas Piccioni prevê uma deterioração na tese no segundo semestre. Preços menores de commodities e desvalorização do real tornam os ativos locais menos atrativos para investidores estrangeiros.

O diretor de investimentos avalia que os investidores gringos já pararam de trazer dólares para o Brasil nos últimos dias. Pode ser um período de avaliação para entender o que irá acontecer com as tarifas de importação. Mas também pode ser uma mudança no fluxo de investimento. 

“O investidor é pragmático. Ele está em busca dos retornos atrativos. Se ele olhar para a bolsa americana e ver uma Nvidia entregando 42% de ROI, um JP Morgan 16% acima da média dos bancos globais, ele vai acabar devolvendo dinheiro para os EUA”, diz. 

Piccioni ainda alerta: “Esquece o que foi o primeiro semestre, eu não acho que vamos repetir a dose no segundo”. 

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Mercado Livre e Embraer foram as escolhas do diretor para mercados emergentes, mas o foco está nos países desenvolvidos: EUA e Europa. Veja a análise completa aqui. 

Touros e Ursos da Semana 

No quadro que dá nome ao programa, o maior Urso da semana ficou com o Banco do Brasil (BBAS3). Piccioni destacou os resultados ruins da estatal e o balanço se deteriorando. Segundo o diretor, são números semelhantes aos da crise de 2013-2014. 

Outros dois Ursos foram atribuídos à Ambev (ABEV3) e aos dados de empregos dos EUA. 

Já nos Touros, Piccioni exaltou a Microsoft (MSFT34). A empresa entregou resultados que reforçam sua liderança em inteligência artificial no setor corporativo. 

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A postura técnica e rigorosa de Jerome Powell frente às ameaças de Donald Trump, e o protagonismo e serenidade de Geraldo Alckmin à frente das negociações com os EUA também receberam destaque.

Veja todos os Touros e Ursos e os detalhes da análise de João Piccioni sobre as tarifas de Trump no episódio completo:

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