A Argentina iniciou 2024 com novo recorde que o presidente Javier Milei dificilmente vai esquecer: a maior inflação mensal do mundo.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), o índice de preços ao consumidor argentino subiu 20,6% em janeiro na comparação com dezembro e disparou 254,2% em base anual.
Embora a taxa represente uma desaceleração na comparação mensal, ainda é um percentual que contrasta com o resto do mundo.
A Argentina fechou 2023 com a inflação mais alta do mundo, a 211,4%, seguida pela Venezuela (193%), Líbano (192,26%) e Turquia (64,8%).
Em janeiro, nossos hermanos continuam a liderar esse ranking. Confira o índice de preços ao consumidor desses países em janeiro, segundo dados oficiais. A exceção é o Líbano, que ainda não divulgou oficialmente os dados:
- Venezuela: 4,2% em base mensal; 121% em termos anuais
- Turquia: 6,7% em base mensal; 64,86% em termos anuais
- Zimbabué: 6,6% em base mensal; 34% em termos anuais
Por que a inflação na Argentina veio tão alta?
Este é o primeiro índice de preços sob gestão de Janier Milei — o pico de preços de dezembro de 25,5% foi compartilhado por ambas as administrações.
A taxa foi afetada pela política de desvalorização e liberalização de preços do mês passado promovida pelo novo governo da Argentina.
Vale lembrar também que o dado dezembro carregou as distorções das políticas de congelamento de preços e da injeção de milhares de pesos no mercado na tentativa do governista Sergio Massa conseguir um bom desempenho eleitoral.
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O entusiasmo de Milei na Argentina
O novo governo da Argentina completou dois meses de mandato na semana passada. Mais cedo, o porta-voz presidencial Manuel Adorni disse que a administração está “muito entusiasmada” com o trabalho que tem feito para combater a inflação.
Adorni, no entanto, reforçou que “claramente ainda há um longo caminho a percorrer para sentir alguma satisfação com os números”.
Os argentinos, por sua vez, enfrentam preços em disparada com o poder de compra em queda.
Segundo o índice que mede os salários dos trabalhadores formais — pouco mais da metade dos argentinos em idade produtiva — o poder de compra na Argentina caiu 13% só em dezembro, o pior número desde 2002.
O índice já está há seis anos em baixa, enquanto o salário mínimo na Argentina equivale hoje a cerca de US$ 150 (R$ 746 no câmbio atual) é o pior da região, maior apenas do que o da Venezuela.
*Com informações do La Nación e do El País