Quando falamos em disrupção provocada pela tecnologia, uma das primeiras coisas que vêm à cabeça é o Uber.
A plataforma trouxe mudanças aceleradas nas relações de consumo e também de trabalho.
O que talvez poucos tenham se dado conta é que o Uber não dava lucro — pelo menos até 2023.
Pela primeira vez em 15 anos de existência, a companhia fechou um ano no azul.
Segundo o balanço do quarto trimestre de 2023, o Uber teve lucro operacional de US$ 1,1 bilhão (R$ 5,4 bilhões), ante prejuízo de US$ 1,8 bilhão (R$ 8,9 bilhões) em 2023.
Já no quarto trimestre, a companhia apresentou lucro operacional de US$ 652 milhões (R$ 3,2 bilhões). Nos últimos três meses de 2022, registrou perda de US$ 142 milhões (R$ 707 milhões).
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Por que demorou tanto para dar lucro
Fundado em 2009, o Uber começou a mostrar os primeiros sinais de se aproximar de um resultado positivo somente em 2020. Contudo, o ano foi marcado pela pandemia, que afetou o segmento de viagens da empresa.
Mesmo que as entregas tenham disparado na época, não foi o suficiente para impulsionar a empresa.
Com o fim da crise sanitária, o Uber passou a investir em anúncios e cupons para atrair os passageiros de volta para a plataforma.
Os esforços pesaram nos balanços de 2022, que registraram mais quedas trimestrais.
Foi então que o CEO Dara Khosrowshahi anunciou uma política de redução de custos, que incluía corte de gastos em marketing e em contratações.
Os resultados foram sentidos já em agosto de 2022, quando o Uber registrou lucro no trimestre pela primeira vez.
Além do impulso na demanda das viagens e entregas, a companhia também passou a desenvolver um importante setor: o da publicidade.
O Uber passou a abrir espaço em sua plataforma para a divulgação de outras marcas, o que colaborou com o aumento dos ganhos da companhia.
Até quando? As ações contra a Uber
Apesar do resultado positivo do último balanço, o Uber acumula um prejuízo de US$ 30 bilhões (R$ 149 bilhões) de 2016 até 2023.
E o caminho à frente pode ser tortuoso. Isso porque a companhia vem enfrentando uma série de ações judiciais por todo o mundo, que podem pesar mais adiante.
Nos EUA, a Justiça de Nova York determinou que a companhia pague salário mínimo para os motoristas, estabelecendo vínculo empregatício.
A empresa também teve que pagar US$ 290 milhões (R$ 1,44 bilhão) para resolver questões de pagamentos atrasados para os trabalhadores.
No Brasil, a Justiça trabalhista condenou a Uber a pagar R$ 1 bilhão em danos morais coletivos.
Além disso, também determinou que a empresa deve contratar todos os motoristas e entregadores cadastrados no aplicativo dentro das normas da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
*Com informações do The Verge e Folha de S. Paulo