A Prio (PRIO3) anunciou na noite de quinta-feira (11) uma nova vitória em uma disputa que se arrasta há anos — e que deve impulsionar a produção de petróleo da companhia daqui para frente.
A petroleira junior informou que recebeu uma decisão favorável da Câmara de Comércio Internacional (ICC) no processo arbitral com a IBV Brasil relacionado à concessão BM-C-30, no campo de Wahoo.
Localizado na Bacia de Campos, o campo é considerado fundamental para o crescimento da produção da empresa — com previsão de adicionar 40 mil barris de petróleo à produção diária da Prio — e também um dos principais riscos para a companhia em 2024.
“A ICC decidiu em favor da PRIO, não reconhecendo violações contratuais da companhia ou suas subsidiárias, em decorrência da declaração de operação exclusiva de Wahoo”, escreveu a petroleira.
Com a decisão, a Prio vai continuar a executar o projeto de Wahoo totalmente sozinha e terá direito a 100% do óleo produzido no campo.
Além disso, a ICCl rejeitou todos os pedidos feitos pelos autores do processo arbitral — e ainda determinou que esses reembolsem a Prio de todos os custos relacionados à arbitragem e honorários do processo.
Vale lembrar que a disputa entre as empresas se arrastava desde o fim de 2021, quando a Prio declarou a comercialidade do campo e a IBV Brasil — que também operava em Wahoo — questionou na Justiça, pedindo que a Prio fosse impedida de avançar na exploração das reservas sozinha.
A IBV, controlada pela indiana Videocon, entende que possui direito de 35% sobre a operação de Wahoo.
As ações da Prio (PRIO3) reagem em alta na bolsa brasileira hoje, acompanhando o tom positivo da notícia e o avanço nos preços do petróleo nos mercados internacionais. Por volta das 12h45, os papéis subiam 3,94%, a R$ 51,76. Em 2024, os ativos acumulam alta da ordem de 11%.
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Oportunidades e riscos de Wahoo
Na visão do Citi, a decisão favorável deve impulsionar a produção de petróleo e implicar em menor custo operacional da empresa, devido ao fim da taxa de movimentação da Wahoo com o FPSO Frade.
Nas contas do banco, a expectativa é que a produção média de petróleo da Prio chegue a 105 mil barris por dia (boepd) em 2024 e a 168 mil boepd em 2025, considerando o direito a 100% do óleo produzido por lá.
O número representa um aumento robusto em relação à produção da companhia considerando a participação em torno de 64% no campo, de cerca de 102 mil barris por dia neste ano e 151 mil boepd em 2025.
"Contudo, continuamos vendo a greve no Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] como um risco negativo para o projeto, que depende da aprovação de duas licenças ambientais", avaliaram os analistas.
Isso porque o projeto de Wahoo ainda depende de licenças de perfuração e interligação de Frade a Wahoo pelo Ibama. Além disso, será necessária uma permissão para a perfuração de novos poços em Albacora.
O aval garantirá o primeiro óleo no campo — e conta com um prazo apertado para sair. Isso porque a petroleira já possui embarcações contratadas para trabalhar na área, com dias contados para perfuração e conclusão de cada um dos três a quatro poços no campo após a licença de perfuração.
Mas o diretor de operações (COO) da empresa, Francisco Fernandes, tranquilizou os investidores em março com a notícia de que já existe uma estratégia alternativa negociada para caso o “plano A” falhe e a questão do Ibama se arraste.
Fernandes afirmou que negociou com o navio contratado, o Amazon, a possibilidade de inverter a ordem do projeto da Prio com um processo de outra empresa, que viria em sequência à exploração de Wahoo. “Parado a gente não fica. Temos planos A, B e C.”
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A visão dos analistas sobre a Prio (PRIO3)
Para o Citi, a vitória da Prio no processo arbitral foi “positiva”. O banco tem recomendação de compra para as ações PRIO3 e preço-alvo de R$ 64, o que implica em um potencial de valorização de 28,5% em relação ao último fechamento do pregão.
Já a XP Investimentos manteve a recomendação de “compra” e elevou o preço-alvo para as ações para R$ 67,20 — equivalente a uma alta potencial de 24,9% — após a vitória da Prio no processo arbitral.
“A resolução dessa disputa arbitral era uma das opcionalidade da tese da PRIO”, afirmaram os analistas, em relatório.
Na avaliação da XP, considerando o novo cenário, há um impacto no fluxo de caixa livre da Prio de 2024, enquanto os investimentos (capex) de Wahoo estão sendo feitos.
Segundo os analistas, esse investimento será “mais do que compensado a partir de 2025, com a participação adicional refletida nos fluxos de caixa operacionais”.