É inegável que o e-commerce dominou as discussões sobre o varejo nos últimos anos. Mas, na visão de Luiza Trajano, não é hora de abandonar a insistência com as lojas físicas. Na realidade, para a executiva, é a operação presencial que pode ajudar o Magazine Luiza (MGLU3) na briga por clientes.
Se antigamente a disputa entre as varejistas era sobre preço e qualidade, hoje existe um novo fator de competição para o setor: o tempo.
“Hoje, é preço, qualidade e velocidade de entrega. Todo mundo aposta se você vai conseguir entregar o produto de uma a duas horas”, afirma Trajano, durante o evento “CEO Conference 2024”, do banco BTG Pactual.
Para a presidente do conselho de administração do Magalu, as lojas físicas precisam continuar, mas com uma “nova roupagem”.
“A loja precisa se reformular e se adaptar cada vez mais para ser uma operação multicanal. Ela não pode brigar com o meio digital, mas sim ser parceira dele, com total integração para o cliente.”
Na visão de “dona Luiza”, a integração entre o comércio eletrônico e as lojas físicas do Magalu proporciona uma redução de tempo para o consumidor, que pode adquirir o produto no digital e retirar em uma loja presencialmente em poucas horas.
Essa necessidade ainda impulsionou uma transformação para o Magazine Luiza em relação a operações e logística. “Antes, quanto menos centros de distribuição a empresa tivesse, era melhor. Mas hoje a necessidade é estar mais perto do consumidor.”
Segundo Trajano, a rede de varejo teve que adaptar as lojas para incluir mini centros de distribuição em todas as unidades físicas. “A velocidade é importante. Em duas horas, você vai na loja, retira o produto e não paga frete.”
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De olho nas finanças do Magazine Luiza (MGLU3)
Vale lembrar que, no fim do mês passado, a família Trajano e o Banco BTG Pactual (BPAC11) se comprometeram a injetar R$ 1,25 bilhão no caixa do Magazine Luiza (MGLU3) através de um aumento de capital privado.
Segundo a empresa, o objetivo do aumento de capital é acelerar os investimentos do Magazine Luiza em tecnologia — incluindo a expansão do Luizalabs e o aperfeiçoamento da plataforma de marketplace, da experiência do usuário e de serviços financeiros, publicitários e de armazenamento em nuvem.
O anúncio veio na esteira da revelação de um ajuste contábil de R$ 829,5 milhões no patrimônio líquido da varejista no balanço do terceiro trimestre de 2023.
Foi nesse mesmo resultado trimestral, aliás, que a varejista reportou seu primeiro lucro líquido desde o fim de 2021.
Ainda entre julho e setembro do ano passado, as vendas totais do Magazine Luiza — que incluem as lojas físicas, o e-commerce com estoque próprio e o marketplace — cresceram 4,8% na comparação com o terceiro trimestre de 2022 e atingiram R$ 15 bilhões.
Esse desempenho foi patrocinado pela expansão de 5,7% do e-commerce total, de 2,3% nas lojas físicas, além do marketplace, que cresceu 24,8%.