Os sommeliers do Seu Dinheiro já haviam provado o balanço mais amargo da Heineken, que veio pior do que o esperado, o que abriu espaço para grandes expectativas envolvendo os resultados da Ambev (ABEV3).
As margens da cervejaria da empresa se mantiveram boas, mas o fundinho amargo dos lucros mais baixos talvez afete a nota dos investidores nesta quinta-feira (1º).
Na publicação dos resultados, o lucro líquido ajustado da Ambev caiu 8,3% na comparação com o segundo trimestre de 2023, atingindo os R$ 2,459 bilhões no mesmo período deste ano.
Segundo o comentário da administração da empresa, essa queda se deve “principalmente à menor dedutibilidade do imposto de renda no Brasil”. Assim, a Ambev repete o argumento do primeiro trimestre deste ano para explicar a ausência de lucros mais robustos.
Mas vale destacar que algumas projeções mais pessimistas para o trimestre encerrado em junho não se confirmaram. Entre elas, a expectativa de commodities mais caras, o que tenderia a pressionar as margens da empresa, que não se confirmou.
Os investidores, no entanto, não são conhecidos por sua paciência e vem penalizando as ações ABEV3, que registram queda de 15,6% no acumulado do ano até agora, sendo negociadas a R$ 11,58 no fechamento do último pregão.
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A parte boa da Ambev (ABEV3)
Mais uma vez, a Ambev apresentou um crescimento do Ebitda ajustado, de 15,9% em relação ao segundo trimestre de 2023. Vale relembrar que o Ebitda é uma medida utilizada pelo mercado para avaliar a geração de caixa de uma empresa.
Do mesmo modo, a receita líquida orgânica da empresa avançou 4,8% na comparação com o mesmo período do ano passado, atingindo os R$ 20 bilhões no período entre abril e junho deste ano.
Esse crescimento foi puxado pelo Brasil, onde os volumes cresceram 4,1% no trimestre, na comparação anual, e de 3,9% na receita líquida por hectolitro (hl).
Vale ressaltar ainda que no segmento da América Latina Sul — que engloba a Argentina, Paraguai, Bolívia e Chile — a Ambev viu os volumes caírem em 13,7%, mas as receitas/hl avançaram 28%.
Isso porque a cervejaria brasileira conseguiu reduzir os hedges (proteções) cambiais na Argentina, que vinha pressionando os resultados com o efeito da maxidesvalorização do peso, além de ganhar participação do mercado, segundo a Ambev.