A disparidade salarial entre homens e mulheres diminuiu ao longo dos últimos dez anos no Brasil. No mesmo intervalo, a presença feminina em cargos de liderança aumentou. Estes são os principais avanços percebidos em um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre desigualdade de gênero no Brasil.
No entanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido em um momento no qual o Banco Mundial calcula que a igualdade salarial entre homens e mulheres tem potencial para aumentar o PIB global em cerca de 20%.
De acordo com o levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), as mulheres alcançaram, progressivamente, salários mais próximos aos dos homens nos últimos 10 anos.
Para a análise, o estudo Mulheres no Mercado de Trabalho utilizou uma escala de 0 a 100, na qual quanto mais próximo de 100, maior a equidade. Desde 2013, houve um aumento da paridade salarial em 6,7 pontos, saindo de 72 para 78,7 em 2023.
O Brasil também teve aumento de 9,5% na presença feminina em cargos de liderança, chegando a quase 40% das posições. A participação das mulheres em funções de tomada de decisão passou de 35,7% para 39,1%.
Além disso, o índice de empregabilidade, ou seja, o nível de contratação de mulheres, também aumentou nos últimos dez anos. O indicador foi de 62,6 para 66,6, o que representa um crescimento de 6,4%.
O levantamento do Observatório Nacional da Indústria da CNI foi realizado a partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A divulgação coincide com a aproximação do Dia Internacional da Mulher.
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Nem tudo são flores: um longo caminho para igualdade de gênero
O cenário ainda não é tão promissor para as mulheres no mercado de trabalho. Apesar do Brasil estar se aproximando da taxa de 50% de presença feminina em funções de liderança, as mulheres ainda desprendem mais anos de estudo que os homens para chegar às posições.
Enquanto as mulheres possuem uma média de 12 anos de estudo, os homens desprendem em torno de 10,7 anos.
As tarefas domésticas também seguem pesando mais para as figuras femininas. Segundo o relatório, elas ainda gastam muitas horas a mais do seu dia com atividades domésticas do que os homens.
O tempo dedicado à chamada jornada de trabalho reprodutiva, entre as pessoas empregadas, foi de 17,8 horas semanais para mulheres e de 11 horas para homens em 2022.
Já entre os desocupados, o tempo gasto é quase o dobro para mulheres, que exercem 24,5 horas semanais de trabalho e os homens, 13,4 horas.
O que o Brasil tem feito para diminuir desigualdade salarial?
O relatório “Mulheres, Negócios e a Lei 2024” do Banco Mundial avaliou 190 economias e, entre elas, menos de 40% possuem medidas para igualdade de gênero. O documento também revela que apenas 98 países têm leis que exijam salários iguais entre homens e mulheres.
Apenas recentemente o Brasil entrou para as poucas nações que protegem a paridade de gênero no mercado de trabalho. Em julho de 2023, o governo federal sancionou uma lei que visa a garantir igualdade salarial entre homens e mulheres.
O texto estabelece medidas para tornar os salários mais justos e também aumenta a fiscalização contra a discriminação.
Com a criação da nova lei, empresas com 100 ou mais funcionários passaram a ter que fornecer relatórios semestrais sobre transparência salarial e os critérios de remuneração.
A legislação também prevê punições administrativas em caso de irregularidades e criou canais de denúncias, por meio do telefone disque 100, Disque 180 ou Disque 158.
Além disso, o atual governo também estabeleceu, na última segunda-feira (04), metas para aumentar a taxa de formalização das mulheres no mercado de trabalho até 2027.
De acordo com a agenda transversal de mulheres no PPA (Plano Plurianual) de 2024 a 2027, o objetivo é ter uma taxa de 45,2% de mulheres até o fim do período.
Em 2022, o índice foi de 41%, segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua do 4º trimestre de 2022.
* Com informações da Agência Brasil.