Quem precisa mudar? O que a Geração Z está expondo sobre educação e trabalho
Será que a Gen Z, com suas novas demandas, está mais alinhada com o futuro, ou as gerações anteriores estão certas ao apontar o dedo e acusá-los de ‘mimimi’?

Eu não sabia que o último texto aqui na coluna ia dar tanto pano pra manga. Foram dezenas de reações e, no geral, muita gente parece estar 'pistola' com a Geração Z.
Com tudo o que foi dito, decidi reunir algumas dessas opiniões para debater quem, afinal, tem razão nessa história: será que a Gen Z, com suas novas demandas, está mais alinhada com o futuro, ou as gerações anteriores estão certas ao apontar o dedo e acusá-los de 'mimimi'?
"A pior geração"
A Cida defende que "adulto bom é adulto que teve pais que deram uma educação mais ríspida, com intervenções um tanto calorosas" — incluindo aí o famoso “gritão” e a temida havaiana. Ao que parece, a nossa leitora não se sente traumatizada pela educação que recebeu, pelo menos não de forma consciente.
Sou da mesma geração da Cida, fruto de uma educação em que, vez ou outra, os pais recorriam a esse tipo de 'artifício'.
Mas existem temas que, independentemente das nossas opiniões, devem ser deixados para a ciência. E, neste caso, ela indica que o uso de punições físicas, como bater, pode trazer efeitos negativos ao desenvolvimento emocional e psicológico das crianças.
Hoje, o consenso científico e as recomendações de associações como a American Academy of Pediatrics e a Sociedade Brasileira de Pediatria sugerem uma abordagem de disciplina mais positiva, com foco em diálogo, limites claros e consistentes, além de ensinar formas construtivas de resolver conflitos.
Leia Também
Existe idade ideal para virar gestor de equipe?
Que lado bom?
Aqui, a crítica é para todos — geração Z e Millennials. Segundo o Marcos, o problema é o mau uso da tecnologia. E confesso que tendo a concordar com o nosso leitor.
Eu mesmo me vejo muito impactado pelas redes sociais, com comportamentos típicos dos nossos tempos: do scroll infinito, que me faz perder um tempo precioso, até a leve ansiedade causada pelo consumo de conteúdos que desencadeiam comparações e desejos.
E claro, o FOMO (fear of missing out, ou medo de perder algo) está sempre presente. Quando converso com amigos, escuto relatos parecidos.
Mas, como toda ação gera uma reação oposta, o lado positivo desse excesso de tempo nas telas é que as instituições de ensino estão se tornando mais criativas no planejamento de atividades offline e lúdicas. Um convite para resgatarmos o exercício da presença e da troca social.
Frágeis?
Eu mesmo custei a acreditar nessa história, até que foi amplamente divulgada por vários veículos. A partir daí, fica quase impossível defender qualquer ponto de vista favorável.
Na verdade, isso só reforça um ponto que abordei na última coluna: a grande lacuna na educação de habilidades socioemocionais que atravessa gerações.
Enquanto os baby boomers e a geração X sequer discutiam o tema, os millennials — predecessores da Gen Z — começaram a puxar essa conversa e tinham fé de que os 'zoomers' dominariam esse quesito.
Mas parece que, na tentativa de prover os mais jovens com recursos prontos e disponíveis a todo momento, acabamos exagerando. Hoje, fenômenos como levar os pais a entrevistas de trabalho denunciam um protecionismo extremo às adversidades e um jeito de educar que, talvez, tenha ido longe demais.
Todo mundo é um pouco responsável
Anj fez uma análise mais sistêmica da questão, e, cá entre nós, gosto muito dessa abordagem. No geral, todo mundo parece querer mandar a conta para a geração Z, mas falta olharmos para nossos próprios umbigos também. Se não estamos curtindo certos comportamentos dos mais jovens, o que faltou nas gerações anteriores para orientá-los melhor?
Seja como líder, pai ou mãe, colega de trabalho ou governante, o que você tem a ensinar e a aprender com nossos queridos geração Z?
Algumas dessas queixas talvez sejam mais fáceis de resolver do que você imagina. Muitas vezes, uma boa e velha conversa é capaz de provocar mudanças profundas.
O espírito do tempo nos convida a olhar as coisas sob novas perspectivas. E talvez a maior contribuição desses jovens seja justamente expor as formas não saudáveis como nos relacionamos com o trabalho, revelando práticas e modelos que já não fazem sentido na nossa época.
Até a próxima,
Thiago Veras
P.S.: Estive no Talent Connect na semana passada, o maior evento de RH organizado pelo LinkedIn, onde foram apresentadas as principais tendências e insights sobre o mundo do trabalho no próximo ano. Fiz uma cobertura dos principais destaques, que está disponível no perfil do Seu Dinheiro no LinkedIn. Confira lá!
O choque da Geração Z no mercado de trabalho: por que eles estão sendo demitidos em massa?
Se a pergunta que define minha geração é: “quem sou eu sem minha profissão?”, arrisco dizer que, para a Geração Z, será: “quem sou eu sem a tecnologia?”
São tempos estranhos: tem muito líder coach solto por aí
Para quem conhece os conceitos de complexidade e interdependência, sabe que o discurso coach é recheado de lacunas e falta de profundidade
Post acalorado no LinkedIn: será que vale a pena desabafar sobre sua demissão?
Antes de partir para uma análise, quero compartilhar meu mapa mental, que pode guiar sua decisão de postar (ou não) o seu “textão”
Quando a desculpa é evitar dor: o alto custo emocional do ghosting
A prática parece estar generalizada, inclusive no ambiente corporativo. A quantidade de pessoas que me procuram para falar sobre o ghosting no ecossistema de RH é assustadora
Liberdade de expressão nas redes sociais: até onde você pode ir sem perder o emprego?
Do Show da Madonna, a tragédia no Rio Grande do Sul, basta uma zapeada rápida pelas redes sociais para encontrar centenas de “especialistas” nesses temas
O dilema do home office: você prefere trabalhar na Sincerolândia ou na Papinholândia?
Dell expôs que os funcionários que optarem pelo home office não poderão disputar promoções, enquanto outras empresas deixam essa posição velada. O que você prefere?
Metas de ano novo: um guia de resolução de conflitos para resolver pendências na carreira e entrar em 2024 com o pé direito
Neste ano que se aproxima, desafio você a estabelecer em seu planejamento pelo menos uma meta de resolução de conflito
Está na hora de mudar de emprego? Uma entrevista para saber se você está pronto para um novo desafio
Qual o mínimo e máximo de tempo uma pessoa deveria ficar em um mesmo emprego? E qual a mensagem que o currículo irá comunicar com uma mudança?
Autenticidade: qual o preço na carreira de ser você mesmo?
Há momentos, contextos e espaços que nos possibilitam ter mais ou menos autenticidade, e isso se aplica à carreira e ao mercado de trabalho
O poder oculto da fofoca: como ela pode alavancar ou destruir sua carreira
A fofoca é uma prática comum em qualquer ambiente. Mas é preciso ter cuidado com os comentários, especialmente no meio profissional
4 verdades sobre transição de carreira que você não vai ler em posts no LinkedIn
O primeiro grande mito da transição de carreira é que não é preciso estar insatisfeito com o trabalho, a ponto de querer sair somente por isso
Os testes de personalidade de carreira são uma grande furada?
O MBTI, um dos mais tradicionais testes de personalidade usados por equipes de RH no mundo, está no centro de um debate: ele segue válido?
Talvez você não seja tão especial assim. Melhor já avisar o RH também
Olhar somente para a dimensão da performance individual e excluir vários outros aspectos, que influenciam no desempenho de uma pessoa, podem nos levar a escolhas potencialmente desastrosas por pessoas ou empresas
Reter os melhores talentos ou virar uma “fábrica de CEOs”? O que o RH está discutindo sobre tendências de carreira para 2023
Mudar é parte fundamental para crescer na carreira. A cada passo, novas necessidades de aprendizagem surgem.
Por que saber demais pode tornar você um péssimo chefe
Apesar de desenvolvermos uma compreensão mais sofisticada da realidade como adultos, tendemos a cair em armadilhas com muito mais frequência do que gostaríamos de admitir
Por que o seu chefe quer que você volte para o escritório de vez
São vários pronunciamentos de grandes players do mercado pedindo que as pessoas voltem 100% ao presencial ou passem a ir mais vezes ao escritório. Será o fim do trabalho flexível que ganhou força na pandemia?
Orgulho LGBTQIAP+ e carreira: três passos para a sua afirmação profissional
Sendo parte da comunidade LGBTQIAP+, sinto o dever de falar sobre carreira para todos os que, de alguma forma, não conseguem se ver representados no ambiente de trabalho
O nome da faculdade realmente importa na hora de conseguir um emprego?
Conheço muita gente feliz e realizada sem ter feito graduação em uma grande universidade, então tudo depende do modelo de sucesso para você
Pensamentos que te impedem de crescer na carreira — e como combatê-los
Estar aberto ao aprendizado e não temer coisas novas são habilidades importantes — e que podem te ajudar a progredir na carreira
3 respostas para quem terminou a faculdade e agora está em dúvida sobre o que fazer da carreira
Extraí algumas perguntas, costumeiras e recorrentes sobre carreira, que respondo a seguir. Usarei como parâmetro o mundo corporativo, a realidade profissional na qual estou inserido há tantos anos