O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, voltou nesta quarta-feira (4) ao tribunal para o terceiro dia de julgamento por uma fraude corporativa de US$ 250 milhões, depois que sua conduta no dia anterior levou o juiz a emitir uma ordem de silêncio.
Trump, seus dois filhos adultos, a Organização Trump e seus membros de alto escalão são acusados pela procuradora-geral de Nova York, Letitia James, de sobrevalorizar falsamente propriedades imobiliárias e outros ativos nas demonstrações financeiras a fim de obter melhores condições de empréstimo e benefícios fiscais.
Antes do julgamento sem juri, o juiz da Suprema Corte, Arthur Engoron, já havia concluído que Trump e os outros réus eram responsáveis pela fraude. Na ocasião, Engoron cancelou as autorizações comerciais de Trump em Nova York e ordenou que as entidades relacionadas a essas autorizações fossem dissolvidas.
No processo, além de pedir US$ 250 milhões em indenização, a procuradora quer que o tribunal proíba permanentemente Trump, Donald Trump Jr. e Eric Trump de atuarem como diretores de qualquer empresa em Nova York.
O Seu Dinheiro listou os principais eventos relacionados aos três dias de julgamento de Trump.
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Notificação de recurso
Os advogados de Trump apresentaram nesta quarta-feira uma notificação de recurso a um tribunal de recurso de Nova York, depois de o juiz Engoron ter decidido na semana passada que o ex-presidente e os seus co-réus eram responsáveis por fraude “persistente e repetida”.
Trump perdeu a fortuna?
Enquanto Trump luta para defender o seu império empresarial em tribunal, o ex-presidente sofreu outro golpe: abandonou a lista da Forbes dos 400 norte-americanos mais ricos.
O patrimônio líquido de Trump caiu 19%, ou US$ 600 milhões, para um total estimado de US$ 2,6 bilhões. Isso o deixou com US$ 300 milhões abaixo do limite da Forbes quando a revista divulgou a lista na terça-feira (3).
A queda no patrimônio líquido de Trump foi impulsionada por dois fatores centrais: a plataforma de redes sociais e os edifícios de escritórios que perderam valor, segundo a Forbes.
Os ataques e Trump
Nos três dias de julgamento, Trump se concentrou em atacar a procuradora de Nova York, Letitia James, e o estatuto usado para processá-lo — o que rendeu uma ordem de silêncio do juiz na terça-feira (3).
O ex-presidente chamou James de “incompetente” e disse que ela estava indo atrás dele depois de “uma candidatura fracassada a governador”.
Ele ainda usou suas redes sociais para criticar funcionários do tribunal bem como potenciais testemunhas do caso.
Trump nega acusações
Na segunda-feira (2), Trump negou qualquer irregularidade e compareceu voluntariamente ao julgamento que chamou de “farsa”, “fraude”, uma perda de tempo do Estado e “uma continuação da maior caça às bruxas de todos os tempos”.
Atualmente o favorito republicano na corrida presidencial de 2024, ele reiterou as afirmações de que a procuradora está tentando frustrar sua tentativa de retornar à Casa Branca.
Ele saiu do primeiro dia de julgamento alegando que havia obtido uma vitória, apontando para sinais de que o juiz Engoron teria concordado com a opinião da defesa de que a maioria das alegações do processo são muito antigas.
Os próximos passos
Ainda deve demorar algumas semanas para que Trump seja ouvido formalmente no processo — sua ida ao tribunal marca uma estratégia bem diferente da usada até então pelo ex-presidente.
Trump não foi ao tribunal como testemunha nem como espectador quando a sua empresa e um dos seus principais executivos foram condenados por fraude fiscal no ano passado.
Ele também não compareceu a um julgamento civil no início deste ano, no qual um júri o considerou responsável por agredir sexualmente a escritora E. Jean Carroll.
Desta vez, “eu mesmo queria assistir a essa caça às bruxas”, disse Trump do lado de fora do tribunal.