Os bancos regionais dos EUA voltaram ao olho do furacão — se é que haviam saído. Nesta segunda-feira (21), a S&P Global rebaixou o rating de quatros instituições financeiras norte-americanas de menor porte, em uma ação que mostra que os problemas bancários do país podem estar longe do fim.
A agência de classificação de risco rebaixou o KeyCorp, Comerica e três outros bancos dos EUA como parte de uma análise mais ampla sobre o impacto da taxa de juros mais alta e movimentações de depósitos no financiamento dos credores.
Todos os cinco — incluindo também Valley National Bancorp, UMB Financial e Associated Banc-Corp — foram rebaixados em um degrau.
A S&P também reduziu a perspectiva para o River City Bank e para o S&T Bank para negativa e disse que sua visão do Zions Bancorp permanece negativa após a revisão.
Juros altos e liquidez baixa
O juro mais alto anos EUA é um dos vilões para o rebaixamento promovido hoje pela S&P.
Segundo a agência, muitos depositantes “transferiram seus fundos para contas com juros mais altos, aumentando os custos de financiamento dos bancos”.
“O declínio nos depósitos espremeu a liquidez de muitos bancos, enquanto o valor de seus títulos — que compõem grande parte de sua liquidez — caiu”, diz a agência em nota.
A DINHEIRISTA — Pensão alimentícia: valor estabelecido é injusto! O que preciso para provar isso na justiça?
Moody´s e Fitch de olho nos bancos
Há duas semanas, outra agência de classificação de risco, a Moody's Investors Service cortou a nota de crédito de 10 bancos norte-americanos regionais e alertou que poderia rebaixar outros como parte de uma análise abrangente das crescentes pressões sobre o setor.
Mais recentemente, um analista da Fitch, Chris Wolfe, afirmou em entrevista para a CNBC que a agência pode rebaixar dezenas de bancos dos EUA.
A Fitch piorou sua avaliação sobre a saúde do setor em junho, uma notícia que foi pouco divulgada pois não levou a rebaixamentos.
"Mas um eventual corte de mais um grau nesse score do setor, de AA- a A+, forçaria a Fitch a reavaliar os ratings de cada um dos mais de 70 bancos americanos que ela cobre", disse Wolfe.
Segundo ele, essa mudança "provavelmente se traduziria em ações negativas de ratings".
Fed e os bancos
Os bancos regionais norte-americanos emitiram os primeiros sinais de alerta em março deste ano, com o Silicon Valley Bank (SVB). Depois dele, outras instituições de menor porte nos EUA começaram a enfrentar problemas e precisaram ser socorridas.
Os eventos levaram os investidores a temer um revival da crise financeira de 2008. Analistas, no entanto, afirmaram na ocasião, que diferente daquele momento, o Federal Reserve (Fed) foi rápido e agiu para garantir liquidez e a solidez do sistema bancário dos EUA.
Questionado diversas vezes sobre esses casos, o presidente do Fed, Jerome Powell, garantiu que o sistema bancário norte-americano é sólido e que o banco central estava pronto para agir em caso de necessidade.
Ainda que esse seja o caso, os reguladores do país estão reunidos para endurecer as regras para os bancos dos EUA. Você pode ler mais sobre esse assunto aqui no Seu Dinheiro.
*Com informações da Bloomberg e da CNBC