O anúncio da oferta de ações de pelo menos R$ 1 bilhão pela Via (VIIA3) passou longe de surpreender o mercado, diante da situação financeira da dona das Casas Bahia e Ponto.
Agora, a dúvida que corre entre gestores de fundos com os quais eu conversei nos últimos dias é: quem estaria disposto a investir em ações da Via neste momento? E, mais importante, a que preço?
No atual cenário, a Via corre o risco de ter de aceitar um desconto muito grande para levar a oferta de ações adiante se não encontrar demanda do mercado, de acordo com um profissional. E quanto menor o preço por ação, maior a diluição dos acionistas que não participarem da operação.
Nesse caso, a varejista enfrentaria um dilema semelhante ao do IRB (IRBR3). Com a necessidade de levantar R$ 1,2 bilhão para reequilibrar o balanço, o IRB acabou captando os recursos a um preço por ação 50% menor do que as cotações anteriores ao anúncio da oferta.
No pregão desta sexta-feira, as ações da Via (VIIA3) fecharam em alta de 1,58% na B3, a R$ 1,29. Mas no acumulado do ano os papéis acumulam queda de 46%. Em dois anos, a companhia perdeu quase 90% do valor de mercado na bolsa.
Com base nas cotações atuais, a oferta pode diluir a participação dos acionistas da Via que não colocarem dinheiro novo em quase 50%.
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Via (VIIA3): oferta e reestruturação
A Via anunciou na quinta-feira a contratação de bancos para avaliar a possibilidade de fazer uma oferta de ações. Ou seja, a operação ainda não está confirmada e pode não ir para frente se as condições não forem adequadas.
O problema é que o simples fato de confirmar a necessidade de capital coloca a Via em uma situação mais vulnerável. “Agora a empresa estampou para o mercado que precisa desse dinheiro”, me disse uma fonte.
Pelo menos uma parte da demanda pelas novas ações está garantida. Isso porque a família Klein manifestou a intenção de exercer o direito de preferência na oferta. Aliás, a família fundadora das Casas Bahia possui hoje uma participação conjunta de quase 18% na Via.
O anúncio da possível oferta acontece um mês depois do anúncio de um amplo plano de reestruturação, que envolve corte de custos e monetização de ativos.