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Membros da ‘Faria Lima ESG’ fazem parceria para financiar soluções que combatam mudanças climáticas

Imagem mostrando pilhas de moedas sobre o solo, com pequenas mudas brotando do topo. Uma ilustração para temas ESG e ligados à sustentabilidade

Dois membros do mercado financeiro brasileiro que se destacam por buscar investimentos ESG decidiram se juntar para financiar soluções que ajudem a combater as mudanças climáticas. 

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A FAMA Investimentos, de Fábio Alperowitch, e o Grupo Gaia, de João Paulo Pacífico, lançaram nesta quinta-feira (20) o Movimento Clima 2030 com a meta de conectar investidores a projetos de impacto que o mercado financeiro tradicional tem dificuldade em alcançar.

Pacífico, inclusive, tem experiência nesta área, já que a Gaia foi responsável por estruturar certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs) para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em 2021.

De acordo com Alperowitch, a parceria com a Gaia surgiu da necessidade de pensar em iniciativas em diferentes vertentes que unam a expertise das duas empresas.

“A Gaia está no mercado de crédito na parte de originação, eu estou no mercado de ações e na parte de gestão. Existe complementaridade”, disse o cofundador da FAMA.

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O objetivo do Movimento Clima 2030 é criar uma mobilização que desloque progressivamente o capital dos chamados “ofensores do clima” para soluções que promovam a sustentabilidade, como agricultura regenerativa e economia circular.

Por enquanto, nenhum produto ou fundo foi lançado, mas os gestores estão trabalhando intensamente nesse sentido.

Mudanças na FAMA

A parceria com a Gaia marca uma mudança dentro da FAMA, que completa 30 anos de vida em 2023. Na semana passada, Alperowitch escreveu uma carta informando que a gestora passaria a ser uma plataforma de “investimentos responsáveis”.

Em entrevista ao Seu Dinheiro, o gestor disse que o aniversário da empresa estimulou uma provocação intelectual.

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“A gente transita tão bem no mundo do terceiro setor, de empresas responsáveis, mas nosso escopo de atuação é tão limitante, com poucas empresas listadas”, disse Alperowitch.

O único fundo da casa, o FAMA FIC FIA, opera alocado em empresas conhecidas por boas práticas no âmbito ESG. As principais posições do produto são Localiza (RENT3), com 9,72% do patrimônio líquido do fundo, e Lojas Renner (LREN3), com 9,44%. 

O resultado, no entanto, não está vindo. O fundo acumula queda de 27,53% em 12 meses e de 44,63% em 24 meses.

Novas iniciativas ESG

A intenção de Alperowitch agora é criar uma iniciativa para atuar em parceria com as empresas “sujas” e suas cadeias de fornecimento, de modo a torná-las mais ESG.

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“Queremos pegar o que existe de solução científica e traduzir em argumento financeiro para provar para as empresas que é bom que ela faça mudanças”, afirmou o gestor da FAMA.

Um exemplo que ele dá é o da cadeia de alimentos, na qual uma rede de supermercados pode ter uma política de compras que leve em consideração, por exemplo, se o fornecedor é responsável por desmatar o meio ambiente. Mas as oportunidades se estendem também a setores como siderurgia, óleo e gás, termelétricas, etc.

Novo governo é “alinhamento dos astros”

Questionado sobre se a troca do governo de Jair Bolsonaro para o de Luiz Inácio Lula da Silva criava um ambiente mais favorável para projetos ESG, Alperowitch disse que tudo tem mais a ver com os 30 anos da gestora. 

“Mas às vezes os astros se alinham (risos)”, disse.

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Alperowitch sempre fez críticas às políticas ambientais e sociais do governo passado, além de reprovar a condução da pandemia. 

Agora sob Lula, Alperowitch considera que a agenda do clima tomou um espaço transversal entre os vários ministérios, indo do Meio Ambiente até o da Indústria e Comércio, o que ele vê como um enorme avanço. 

Mais do que isso, as pastas são encabeçadas por “pessoas extremamente qualificadas”, afirmou o gestor, citando nominalmente as ministras Marina Silva (Meio Ambiente), Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Anielle Franco (Igualdade Racial), além do ministro Silvio Almeida (Direitos Humanos).

Mas seus colegas da Faria Lima não passam muito tempo olhando por esse prisma.

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“Os investidores pessoa física e institucionais formam suas percepções sobre o que eles temem. É de se esperar que essa comunidade esteja pessimista. As expectativas ainda estão muito ancoradas para o lado negativo sobre o crescimento do PIB, da renda…”, aponta.

Assim, ele avalia que qualquer encaminhamento da gestão do país que não for um caos total já é boa notícia para o mercado.

Tropeços na comunicação

A avaliação de Alperowitch sobre o governo como um todo até o momento é de que não dá para esperar muita coisa em tão pouco tempo. Ele frisa o caos desde o começo do ano, que se iniciou com a invasão das sedes dos Três Poderes, com o massacre Yanomami, a crise na Americanas e o desastre no litoral norte de São Paulo. 

“Independentemente se goste ou não goste do governo, é preciso reconhecer que houve dificuldade de gestão de impacto que não estava previsto”, disse.

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Ele destaca, ainda, que o governo deveria cuidar melhor da comunicação, uma vez que com as redes sociais e a polarização política, os adversários ficam esperando ou criando uma casca de banana.

“E o governo às vezes cai, de uma forma quase infantil. Isso acaba acirrando bastante os ânimos”.

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