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Light (LIGT3) é rebaixada novamente e fica mais perto do “apagão” da dívida após prejuízo bilionário que derrubou ações na B3

Funcionário da Light

Funcionário da Light

Pouca gente no mercado nutria grandes expectativas para o resultado da Light (LIGT3). Mas o prejuízo de quase R$ 5,7 bilhões em 2022 do grupo que detém a concessão de energia elétrica no Rio de Janeiro surpreendeu até mesmo os mais pessimistas.

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Foi o caso da Fitch, que vê a Light à beira do "apagão" da dívida. A agência de risco decidiu rebaixar a classificação da companhia novamente, de 'CCC+' para 'CC', ou seja, ainda mais próximo do nível considerado como calote.

As ações da Light (LIGT3) desabaram 16% no pregão de quarta-feira em reação ao balanço no quarto trimestre. Nos últimos 12 meses, a empresa acumula uma perda de 80% do valor na B3. Na sessão desta sexta-feira (31), os papéis dispararam no fechamento, encerrando o dia com alta de 19,02%, a R$ 2,44.

“O rebaixamento reflete a visão da Fitch de que há elevada probabilidade de que o grupo Light entre em processo de reestruturação de dívida”, escreveu a agência, em relatório.

Ainda não está claro se os acionistas da Light estão dispostos a colocar mais dinheiro na companhia como parte do processo de renegociação com os credores. Dinheiro inclusive é o que não falta para alguns deles.

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É o caso do empresário Ronaldo Cesar Coelho, irmão do ex-árbitro de futebol e ex-comentarista da TV Globo Arnaldo Cesar Coelho. Além de Carlos Alberto Sicupira, sócio de Jorge Paulo Lemann na 3G Capital e em empresas como Ambev e Americanas.

Light: queimando caixa

Vale dizer que boa parte do prejuízo da Light veio de efeitos extraordinários. É o caso, por exemplo, de uma provisão de R$ 1,1 bilhão para a devolução de créditos de PIS/Cofins aos consumidores.

Mas os analistas também apontaram problemas operacionais, como o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) negativo de R$ 139 milhões no negócio de distribuição no quarto trimestre. A expectativa do BTG Pactual era de um número positivo de R$ 350 milhões.

A Light encerrou o ano com uma dívida bruta de R$ 11,1 bilhões e quase R$ 2,1 bilhões em caixa. O problema é que a companhia queimou metade desse dinheiro em apenas um trimestre, de acordo com o BTG.

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“A posição de caixa da Light preocupa, já que a empresa tem R$ 819 milhões em dívidas vencendo este ano, além de investimentos recorrentes e o fato de que o desempenho operacional deve permanecer fraco”, escreveram os analistas, em relatório.

Nas contas da Fitch, o grupo precisa captar R$ 1,8 bilhão neste ano e pelo menos R$ 1,5 bilhão em 2024. Mas a agência de risco considera improvável que a empresa tenha acesso a financiamentos em termos adequados.

O dilema da concessão

A Light já reconheceu que pretende apresentar um plano para renegociar a dívida e inclusive contratou a consultoria Laplace no início do ano para avaliar as alternativas.

Além da queda de braço tradicional nesse tipo de negociação, a Light esbarra em outro problema. Isso porque a concessão da companhia termina em 2026 e o contrato atual oferece condições que são consideradas desfavoráveis para a companhia.

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A Light sinalizou a intenção de renovar a concessão mesmo assim, mas caso isso não aconteça a empresa terá direito a receber um valor estimado em R$ 10,1 bilhões. A dúvida é se esse valor será suficiente para cobrir a dívida do grupo.

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