O governo de Luiz Inácio Lula da Silva voltou a pressionar a Petrobras (PETR4) sobre o pagamento de dividendos aos acionistas. Dessa vez, o porta-voz do recado foi o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Segundo Costa, a orientação do governo para a Petrobras mudou de forma a evitar a distribuição de recursos "como se fosse o Papai Noel". A ordem agora, disse o ministro, é reinvestir.
"Nenhuma empresa privada do mundo, de setor nenhum, distribui um montante desse de dividendos. Em geral, boa parte do resultado é reinvestido para que a empresa continue referência no setor que atua", declarou em almoço organizado pela Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE).
"Forma de distribuição de dividendos é um desserviço à Petrobras, à nação", afirmou.
E completou: "A orientação mudou. A Petrobras vai investir para gerar empregos, se fortalecer e continuar sendo empresa de energia."
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A história dos dividendos da Petrobras
A Petrobras estabeleceu a atual política de pagamento de dividendos no fim de 2011. Mas logo em fevereiro teve início a guerra entre Rússia e Ucrânia, que fez a cotação internacional do petróleo disparar.
Com o resultado turbinado, a Petrobras anunciou três pagamentos de dividendos ao longo do ano passado. O retorno apenas com dividendos para quem virou e permaneceu acionista da estatal em 2022 alcançou impressionantes 67,7%, de acordo com cálculos da Empiricus Research.
Na prática, isso significa que a Petrobras depositou R$ 677,70 na conta de quem investiu R$ 1.000 em ações no último pregão da B3 de 2021.
A distribuição dos dividendos recebeu críticas de quem entende que a estatal deveria ter absorvido uma parte do choque das cotações do petróleo, em vez de repassar para os preços dos combustíveis que saem das refinarias.
Para segurar os preços na bomba na época, o governo resolveu cortar impostos federais e estaduais sobre a gasolina e outros derivados de petróleo, mas não mexeu nos dividendos da estatal.
Após a vitória de Lula nas eleições, a estatal manteve a prática e anunciou o pagamento de R$ 24,7 bilhões em proventos referentes ao primeiro trimestre. De todo modo, a companhia já anunciou que pretende "aperfeiçoar" a política, o que deve acontecer antes do próximo balanço.
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Ainda tem a Braskem (BRKM5)
Enquanto a Petrobras lida com a pressão do governo sobre o pagamento de dividendos, em outra frente, a estatal ainda precisa decidir o que fazer em relação à Braskem (BRKM5).
Na segunda-feira (19), circulou no mercado a noticia de que a Petrobras já teria avaliado que não pretende aumentar sua participação na petroquímica, como estava sendo especulado, mas que deverá ficar no capital da empresa, em acordo com o futuro controlador.
Nesta terça-feira (2), a estatal disse em nota ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que ainda está desenvolvendo análises para definição da melhor alternativa de execução de sua estratégia no setor petroquímico e que não há "qualquer decisão da Diretoria Executiva ou do Conselho de Administração em relação ao processo de desinvestimento ou de aumento de participação na Braskem."
"Nesse sentido, a companhia esclarece que decisões sobre investimentos e desinvestimentos são pautadas em análises criteriosas e estudos técnicos, em observância às práticas de governança e os procedimentos internos aplicáveis", afirmou.
A Novonor recebeu duas propostas até o momento para a venda da sua participação de 50,1% no capital ordinário da Braskem. A Petrobras é a segunda maior acionistas e considerada cocontroladora da empresa, com 47% das ações votantes, e por isso tem uma participação fundamental na efetivação da venda, segundo fontes.
A primeira proposta feita este ano veio de um consórcio formado pelo fundo norte-americano Apollo e a petroleira de Abu Dhabi Adnoc. A segunda foi apresentada pela Unipar.
O Broadcast apurou que uma terceira oferta seria feita pela J&F, holding dos irmãos Batista, dona da JBS, que estaria em conversas com bancos para articular a oferta.
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*Com informações do Estadão Conteúdo