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Por que tiramos as ações da Petrobras (PETR4) da nossa carteira de dividendos?

petrobras ações no retrovisor

Montagem com logo da Petrobras no retrovisor

Nos últimos dias, tomamos uma decisão difícil na série Vacas Leiteiras da Empiricus, focada em ações pagadoras de dividendos: vendemos as ações da Petrobras.

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Depois de um ano e meio na nossa carteira e quase 100% de valorização, decidimos vender PETR4 na última semana.

Mas o que de tão ruim aconteceu para tomarmos essa decisão? Será que o cenário para a Petrobras piorou tanto assim?

Não, nenhum evento verdadeiramente ruim aconteceu. Na verdade, temos visto justamente o contrário: os últimos meses têm ajudado a reduzir os receios do mercado com relação às possíveis interferências do governo.

Para começar, a nova política de precificação de combustíveis não trouxe nenhuma mudança drástica, o que afastou os riscos de venda de combustíveis abaixo do preço de custo.

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Além disso, a redução estabelecida pela nova política de dividendos foi menor do que o mercado temia, o que inclusive gerou uma reação positiva no pregão seguinte ao anúncio.

Tanto é que, mesmo com todos os receios de possíveis interferências políticas desastrosas, PETR4 valorizou quase 50% em 2023.

Mas, se as notícias foram boas para os acionistas, por que vender os papéis então?

Basicamente, porque as ações já subiram demais!

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Abril de 2022: risco razoável, mas muita margem de segurança

Em abril de 2022, quando inserimos as ações da Petrobras na série Vacas Leiteiras, PETR4 negociava por menos de 2 vezes os seus lucros – um patamar que raramente conseguimos encontrar em um mercado razoavelmente desenvolvido, como é o nosso.

Mas naquela época existia um outro dado ainda mais absurdo: o dividend yield superava os 40%!!!

Ou seja, a ação estava tão barata e distribuía tantos proventos que em apenas um ano o investidor receberia de volta 40% do valor investido na ação na forma de dividendos.

Essa combinação de preços baixos e dividendos elevados representava o que Warren Buffett costuma chamar de "margem de segurança".

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É óbvio que coisas ruins poderiam acontecer com a Petrobras naquela época. Lembre-se que, mesmo durante o governo Bolsonaro, a estatal sofreu diversas ameaças e mudanças em sua presidência.

Mas com múltiplos tão baixos e yields tão elevados, mesmo notícias muito ruins teriam um impacto limitado sobre os preços, dado o desconto já bastante excessivo de PETR4.

Agosto de 2023: mais risco, com menos margem de segurança

Depois de praticamente um ano e meio, o cenário ficou muito diferente. Depois da alta de quase 100% das ações, uma queda nos preços do petróleo e uma redução na proporção do Fluxo de Caixa distribuído aos acionistas, as ações da Petrobras neste momento negociam por 3,5 preço/lucros e um dividend yield esperado de menos de 20%.

Fonte: Bloomberg. Elaboração: Seu Dinheiro

Eu sei que esses números estão longe de serem considerados ruins, mas já não nos parecem suficientemente atrativos para proteger os acionistas caso alguma interferência mais séria aconteça.

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Uma coisa é você receber uma notícia ruim, sabendo que no fim do ano ainda terá direito a receber 50% de dividendo da empresa – você vai pensar bastante antes de decidir se vale a pena vender.

Outra coisa, bem diferente, é querer continuar com a ação no meio do tiroteio em troca de um dividendo de "apenas" 20%. Os acionistas simplesmente não têm mais tanto incentivo para querer continuar com a ação, o que abre espaço para quedas bem mais drásticas se alguma notícia ruim realmente aparecer.

Ações mais caras, risco maior

Por esses motivos, nós preferimos tirar PETR4 da série Vacas Leiteiras nos últimos dias.

Mas entenda que isso não significa que nós achamos que PETR4 vai cair. Pode ser que o governo continue não interferindo muito no dia a dia da companhia. Pode ser que, apesar da influência do governo, a estatal não consiga investir tanto em outros segmentos, e resolva retomar a distribuição expressiva de dividendos dos anos anteriores. Se isso acontecer, é provável que as ações da Petrobras continuem se valorizando.

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Mas além dos ruídos políticos terem aumentado recentemente, os múltiplos menos atrativos e a menor margem de segurança do que tínhamos um ano e meio atrás não nos deixam mais tão confortáveis como antes.

É claro que seguiremos acompanhando de perto essa história, mas só voltaremos a ser acionistas quando a margem de segurança voltar a ser suficientemente atrativa. Obrigado e, quem sabe, até logo, Petrobras.

Um grande abraço e até a semana que vem!

Ruy

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