Que o Itaú Unibanco mostraria resultados positivos no segundo trimestre, não havia dúvida: as casas de análise eram unânimes em apontar que o banco continuaria num patamar mais alto que os rivais privados. E, de fato, não houve decepção — exceto pelo comportamento das ações ITUB4 na bolsa.
Indo aos números: o Itaú reportou um lucro líquido de R$ 8,742 bilhões, alta de 13,9% em relação ao segundo trimestre de 2022; a cifra ficou acima da média das projeções de seis analistas consultados pelo Seu Dinheiro, que apontava para um ganho de R$ 8,62 bilhões.
E a surpresa positiva não veio só da última linha do balanço: a rentabilidade (ROE) do Itaú ficou em 20,9%, mais uma vez superando as expectativas de 20,4%. Vale lembrar que Santander Brasil e Bradesco apresentam índices bem menores, na casa dos 10%.
Apesar de os dois principais dados do balanço ficarem ligeiramente acima das previsões do mercado, as ações ITUB4 têm um desempenho apenas tímido nesta terça-feira (8): por volta de 13h, subiam 0,76%, a R$ 27,87; logo após a abertura, chegaram a tocar os R$ 27,11, em baixa de 2%. O que explica?
Há todo um contexto macroeconômico influenciando os papéis — o dia é negativo nos mercados globais, em meio à fraqueza da balança econômica da China; além disso, o rebaixamento, pela Moody's, da nota de crédito de vários bancos regionais dos EUA joga uma sombra de dúvida sobre o setor.
Dito isso, nem tudo foram flores no balanço do Itaú: algumas informações quanto à dinâmica dos resultados foram vistas com certa ressalva pelos analistas, ainda que, como um todo, os resultados trimestrais do banco tenham sido elogiados.
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Itaú (ITUB4): (quase) tudo vai bem
Como um todo, o diagnóstico dos analistas para o resultado trimestral do Itaú foi o de que a falta de notícias é um bom sinal. Tudo correu conforme o previsto — e as previsões eram de um resultado forte.
Em relatório, a XP diz que o balanço veio "sem surpresas"; a Empiricus Research afirma que o trimestre veio "em linha com o esperado — ainda bem"; O BTG ressalta que o banco superou os rivais, mas que os números ficaram em linha com o consenso.
Dito isso, uma das chaves para explicar o desempenho não muito empolgante das ações ITUB4 está resumida na primeira linha do relatório do JP Morgan: a primeira leitura dos resultados é, em grande parte, "neutra".
Sim, o lucro veio forte e a rentabilidade permaneceu acima dos 20%, mas essas duas informações já eram amplamente esperadas. No mais, a dinâmica interna do balanço não trouxe uma grande surpresa positiva, algo que saltasse aos olhos do mercado.
Por outro lado, há um ponto negativo que foi destacado por diversos analistas: a área de serviços.
"A receita de serviços decepcionou, fazendo com que a companhia revisasse para baixo a previsão de crescimento para essa linha no ano", escreve Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research; o Itaú diminuiu sua expectativa de expansão nessa área, passando para 5% a 7% (antes, era de 7,5% a 10%).
E o que exatamente aconteceu com a receita de serviços? Ao todo, a linha somou R$ 12,4 bilhões; as verticais de seguros e cartões cresceram dois dígitos, mas as unidades de tarifas de conta corrente, administração de recursos e investment banking recuaram dois dígitos.
"Enquanto a queda em conta corrente parece mais estrutural, devido à maior concorrência, as partes de gestão de recursos e investment banking deveriam se recuperar gradualmente, com a queda da Selic", diz Quaresma.
ITUB4: dia difícil na bolsa
Novamente, vale ressaltar que a visão dos analistas para o balanço não foi negativa: como um todo, o banco correspondeu às altas expectativas, com apenas um ou outro ponto de desconforto — tanto é que, apesar do corte nas projeções para serviços, o guidance para as principais linhas não foi alterado
Mas, como um todo, há uma influência negativa para as ações ITUB4 vinda do contexto dos mercados acionários nesta terça. O próprio Ibovespa opera no negativo desde a abertura, chegando a cair mais de 1% mais cedo; o IFNC, índice da B3 que acompanha o setor financeiro, fica praticamente estável.
No exterior, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caem perto de 1%, mostrando a maior aversão ao risco por parte dos investidores globais — os sinais de fraqueza vindos da economia chinesa e as incertezas quanto à saúde do setor bancário americano, após posicionamento da Moody's, ditam o dia.
Veja abaixo como estão alguns dos principais bancos americanos em Wall Street hoje:
- Goldman Sachs: -2,74%
- Bank of America: -2,74%
- Citigroup: -2,38%
- JP Morgan: -1,32%
- Wells Fargo: -1,90%
- Morgan Stanley: -1,93%
E, por aqui, as ações dos outros grandes bancos também têm um dia fraco: Santander Brasil (SANB11) cai 0,75% e Banco do Brasil (BBAS3) recua 0,30%; o Bradesco (BBDC4), por outro lado, sobe 1,17%.
Itaú: visão ainda positiva
Entre os pontos elogiados do balanço do Itaú, destaque para a inadimplência sob controle mostrada pelo banco, o que manteve a rentabilidade acima dos 20%. A carteira de crédito teve leve alta na base trimestral, mais uma vez apoiada por um perfil de risco mais baixo.
"Como um todo, o segundo trimestre foi fraco para o setor, e as coisas não foram diferentes com o Itaú. Dito isso, o banco ainda conseguiu expandir sua carteira de crédito em 1,3% em relação aos três primeiros meses do ano, o que permitiu que a projeção de crescimento de 6% a 9% na carteira em 2023 fosse reafirmada — o que vemos como boas notícias", escreve o BTG.
A visão otimista das principais casas de análise em relação ao Itaú continua intocada após os resultados do segundo trimestre. Veja abaixo um resumo das recomendações:
Recomendações e preços-alvo para Itaú Unibanco PN (ITUB4)
Instituição | Recomendação | Preço-alvo (R$) | Potencial de alta |
BTG Pactual | Compra | 35,00 | +26,5% |
Inter | Compra | 34,00 | +22,9% |
JP Morgan | Compra | 31,00 | +12,1% |
XP | Compra (top pick) | 34,00 | +22,9% |