O Ibovespa acaba de renovar seu recorde de fechamento pela primeira vez em dois anos e meio.
Na visão do Bank of America (BofA), porém, o principal índice de ações da B3 tem grande chances de emplacar uma sucessão de novos recordes no decorrer dos próximos meses.
Em meio à queda dos juros e à percepção de melhora nos indicadores macroeconômicos brasileiros, o bancão norte-americano prevê que o Ibovespa sairá dos atuais 130 mil pontos para chegar ao fim de 2024 na faixa de 145 mil pontos.
A afirmação foi feita nesta sexta-feira (15) por David Beker, chefe de economia do BofA para o Brasil, em um café da manhã com jornalistas.
Caso a projeção do BofA se confirme, o Ibovespa vai fechar 2024 com uma valorização de 11% em relação ao fechamento de ontem.
A aposta do BofA no varejo
Exposto principalmente ao setor de commodities e a bancos no Brasil, o BofA acaba de acrescentar a suas apostas uma classe de ações que vem passando perrengue na bolsa: varejo e comércio eletrônico.
Beker admite que se trata de aposta arriscada, mas que pode gerar lucros por ir na contramão da percepção geral do mercado.
Afinal, o setor sofreu muito com a rápida e acentuada escalada dos juros.
“A vida é sempre mais difícil com os juros em alta”, disse Beker.
No entanto, os números dessas empresas já estiveram piores e suas ações, mais caras, afirmou.
Hoje, o setor como um todo estaria barato e com métricas melhores do que em um passado recente.
Além disso, o Bank of America prevê um aumento da participação do consumo no PIB brasileiro em 2024.
Beker não revelou em quais empresas do setor de varejo o BofA está apostando, mas um relatório recente contém a resposta.
E ela passa longe de empresas como Americanas (AMER3), Casas Bahia (BHIA3) e Magazine Luiza (MGLU3), que viveram um ano difícil no Ibovespa e fora dele.
Analistas do Bank of America recomendam a compra de ações do Mercado Livre (MELI34), da Vivara (VIVA3) e da Smartfit (SMFT3) quando o assunto é investir em varejo e comércio eletrônico em 2024.
O trio tem se destacado com indicações recentes por outras instituições financeiras.
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Projeções macroeconômicas
Além de antever o Ibovespa a 145 mil pontos no fim do ano que vem, Beker apresentou as projeções macroeconômicas do BofA para 2023, 2024 e 2025.
O banco estima que o PIB vai fechar este ano com expansão de 3,0%, desacelerando a 2,2% em 2024 e reacelerando a 2,5% em 2025.
Beker admitiu que os economistas em geral têm subestimado o PIB brasileiro há anos e afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está entregando mais do que se esperava inicialmente.
O principal desafio visto por ele para a economia brasileira no ano que vem refere-se à busca pelo cumprimento da meta fiscal e o andamento da outra parte da reforma tributária, referente à renda.
Na avaliação dele, tão importante quanto qualquer eventual resultado é a percepção de que o governo está comprometido com a responsabilidade fiscal.
Voltando às projeções, a inflação oficial deve seguir perdendo força, fechando 2023 em 4,8%, caindo para 3,7% no ano que vem e chegando a 3,5% no ano seguinte.
Já o dólar deve encerrar o ano por volta de R$ 4,95 e chegar ao fim de 2024 perto de R$ 4,75.
A taxa Selic, por sua vez, deve cair dos atuais 11,75% para 9,5% no decorrer do ano que vem e assim permanecer pelo menos até o fim de 2025.
Uma janela de IPOs para o Ibovespa
David Beker acredita que a bolsa brasileira voltará a ter IPOs em 2024.
A B3 não tem um IPO desde agosto de 2021, quando a Oncoclínicas (ONCO3) abriu seu capital.
Mesmo sem dispor de uma estimativa, Beker afirma que as condições macroeconômicas mostram-se cada vez mais propícias para a abertura de uma nova janela para os IPOs.
Bofa recomenda Ibovespa contra bolsa mexicana
Dado este cenário, Beker, que também cuida da estratégia do BofA para a América Latina, disse que o banco tem recomendado a seus clientes que comprem Ibovespa e vendam bolsa mexicana.
Em relação ao mercado de câmbio, ele disse que o BofA também aposta no real contra o peso do México.
De acordo com Beker, isso se deve principalmente ao fato de o mercado financeiro mexicano ter cumprido um certo potencial e de o país ter eleições gerais previstas para o ano que vem.